Marcas do Tempo: curta retrata a trajetória de Senador Canedo com olhar autêntico e necessário
Redação Diário da Manhã
Publicado em 4 de julho de 2025 às 14:41 | Atualizado há 7 horas
Dirigido por Gabriel Vilela e Sidney Vilela, filme estreia em agosto e resgata memórias reais para reforçar o sentimento de pertencimento entre os moradores
A produção revisita a história do município por meio de relatos de moradores e imagens de locais marcantes, destacando a importância da memória e a preservação do patrimônio cultural de Senador Canedo.
Uma casa de chão batido. Um trilho coberto pelo mato. O silêncio de quem lembra. É assim que começa Marcas do Tempo — curta-metragem de 15 minutos que propõe um reencontro visual e afetivo com a história de Senador Canedo. Sem pressa, sem fórmulas, e com uma escuta generosa aos que viveram as transformações do município de dentro para fora.
Dirigido por Gabriel Vilela e Sidney Vilela, o filme estreia no início de agosto com exibições públicas e distribuição digital. A proposta é simples: transformar lembrança em presença, sem pressa, sem excessos. Embora não seja a primeira obra a abordar a história canedense, Marcas do Tempo reafirma a importância de revisitá-la com escuta, sensibilidade e cuidado.
Sobre o Documentário – O documentário “Marcas do Tempo” narra a trajetória de Senador Canedo, desde seus primeiros assentamentos e a fundação da estação ferroviária, passando pelos ciclos de fé e trabalho, até sua emancipação política em 1989. A história é contada através de depoimentos de moradores reais e registros de cenários históricos, que rememoram a evolução da cidade de uma área rural e uma pousada de comitiva para a cidade em crescimento que é hoje.
Raízes Locais – Inspirado no livro Senador Canedo – Marcas do Tempo, de Bianca Nascimento e Sidney Vilela, o filme parte de uma base sólida de pesquisa histórica e cultural. O livro, por sua vez, dialoga com obras anteriores como Senador Canedo – Vida e Obra, de Coelho Vaz, e percorre desde os primeiros núcleos populacionais, o surgimento da estação ferroviária, os ciclos de fé e trabalho, até a emancipação política em 1989.
“O filme é breve, mas transborda vozes. Ele não busca apenas mostrar; ele quer resgatar, trazer à tona os rostos que moldaram a cidade e os espaços que o tempo quase apagou”, afirma Sidney Vilela, que assina o roteiro e a curadoria histórica do curta. Sidney atua como pesquisador, roteirista, designer editorial e articulador cultural. Em Marcas do Tempo, sua presença é determinante: da estrutura textual à condução narrativa, é ele quem costura a memória da cidade com a voz calma de quem conhece cada dobra do caminho.
Depoimentos – A narrativa do filme é construída por moradores reais, em registros que escapam da dramatização e se sustentam no testemunho. As vozes que preenchem o curta são de pessoas que viveram Senador Canedo antes do asfalto, antes da indústria, quando o som da cidade era o apito dos trens.
Os cenários reforçam esse vínculo: ruas de terra, igrejas fundadoras, praças antigas e os trilhos esquecidos da velha ferrovia — todos tratados com cuidado pela lente de Dheniffer Wagata, responsável pela direção de fotografia.
Gabriel é jornalista e cineasta, com obras premiadas em festivais como a Goiânia Mostra Curtas, Favera, FICA e Santos Film Festival. Dirigiu e assinou filmes como Entreposto, Raízes e Não Tem Arrego, todos marcados pela sensibilidade social e pela escuta como linguagem estética. Em Marcas do Tempo, sua câmera evita protagonismo: observa à distância, respeita o tempo dos gestos e acompanha com silêncio atento.
“Esse filme é uma ponte entre gerações. É para os jovens que desejam conhecer suas raízes e para os mais velhos que guardam lembranças que a cidade jamais deve esquecer”, diz Gabriel.
Estilo Visual – A montagem do curta rejeita o excesso explicativo e aposta em uma narrativa sensorial. A estética valoriza os detalhes que muitas vezes passam despercebidos: um portão enferrujado, um banco de praça, o vento atravessando uma janela aberta. Nada é exibido — tudo é compartilhado.
A direção de arte é assinada por Dheniffer Wagata, que é bacharel em Direção de Arte pela UFG, fotógrafa premiada, roteirista e diretora com mais de uma década de atuação no audiovisual. Acumula prêmios por obras como O Rei do Congo, Gigante Azul e o ensaio Isolamento Social, vencedor do Prêmio Dom Tomás Balduíno de Direitos Humanos. Sua marca está na junção entre beleza visual e compromisso com a escuta.
“Cada depoimento, cada locação, cada imagem precisava dialogar com o que está nas páginas do livro — e também com aquilo que não se escreve, mas se sente”, explica Dheniffer.
Além do Registro – Além da exibição pública prevista para agosto, Marcas do Tempo também será distribuído em escolas, bibliotecas e centros culturais como ferramenta pedagógica. A proposta é contribuir com a educação patrimonial e gerar identificação nos jovens com as histórias que moldaram seu lugar de origem.
Em tempos de excesso de informação e de apagamentos silenciosos, Marcas do Tempo aposta no gesto simples de lembrar. Não com nostalgia, mas com compromisso.
E se há algo que o filme consegue fazer com seus quinze minutos, é transformar memória em presença — e presença em pertencimento.