Médicos e psicólogos credenciados do Detran-GO suspendem atendimentos mesmo após acordo com o governo

Sem aviso prévio, médicos e psicólogos credenciados ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) iniciaram, nesta semana, uma paralisação parcial dos atendimentos, mesmo após terem concordado, em reunião recente com o governo estadual, em manter o diálogo e apresentar sugestões de reajuste no prazo de 30 dias.

A atitude, considerada uma forma de pressionar o governo, compromete temporariamente os exames médicos e psicológicos exigidos para a obtenção ou renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

O entendimento firmado no encontro com o governador em exercício, Daniel Vilela, e o presidente do Detran-GO, Waldir Soares, previa a suspensão de qualquer paralisação até que propostas concretas fossem apresentadas pelas categorias.

No entanto, no dia seguinte à reunião, os sindicatos anunciaram a interrupção dos atendimentos nos dias 15 e 16 de julho. A quebra do acordo gerou surpresa e preocupação no Executivo estadual. “Sempre mantivemos um canal aberto para negociações”, afirmou o delegado Waldir.

De acordo com o governo, existe disposição para rever os valores pagos aos profissionais, desde que as propostas sejam pautadas em critérios técnicos, transparência e responsabilidade fiscal.

Atualmente, os médicos recebem R$ 90 por consulta e os psicólogos, R$ 100 — valores pagos diretamente pelos cidadãos. Como a cobrança incide sobre o usuário final, qualquer reajuste afeta diretamente o custo do serviço para quem busca a CNH.

Mesmo com jornadas reduzidas — de até 6 horas diárias ou 4h30 em unidades do Vapt Vupt —, muitos profissionais têm rendimentos elevados. Dados do próprio Detran-GO apontam que um único médico faturou R$ 228 mil no primeiro semestre de 2025, com R$ 38 mil registrados apenas em um mês. Um psicólogo, por sua vez, chegou a receber R$ 19 mil em Aparecida de Goiânia. “Esses atendimentos duram menos de cinco minutos e geram remunerações mensais altas, sem exigência de dedicação exclusiva”, destacou o presidente do órgão.

O Detran-GO reforça que os profissionais em questão não são servidores, mas prestadores credenciados que definem livremente suas condições de trabalho. Nos postos públicos, os atendimentos são realizados em salas climatizadas e reservadas; nas clínicas particulares, cabe ao profissional garantir a estrutura adequada.

Apesar da paralisação parcial, os demais serviços oferecidos pelo Detran continuam em funcionamento, com readequação dos cronogramas para mitigar os impactos aos usuários.