Mesmo com protestos, passagem aumenta para R$ 4
Diário da Manhã
Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 01:19 | Atualizado há 4 meses
A tarifa do transporte público da Região Metropolitana de Goiânia vai custar R$ 4 a partir de amanhã. A decisão foi tomada pela Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), na tarde de ontem, no Paço Municipal. Dos 11 integrantes da Câmara, apenas dois votaram contra o aumento. A proposta de reajuste da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivo (CMTC), de acordo com estudo tarifário, era de R$ 4,05. O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, que votou a favor do aumento e se ausentou antes do fim, sugeriu a redução de 5 centavos, que foi acatada.
O representante da Câmara Municipal de Goiânia, Clécio Alves (MDB), que votou contra o aumento, sugeriu que os municípios administrarem os terminais e pontos de ônibus em cada cidade. Essa seria uma alternativa para que a tarifa não fosse aumentada, porém foi rejeitada. De acordo com o presidente da CDTC e prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), os municípios não possuem condições financeiras para gerir terminais e pontos. O representante da Assembleia Legislativa, deputado Marlúcio Pereira (PSB), também se posicionou contrário ao aumento.
Neste ano, o argumento das empresas do transporte coletivo para o reajuste foi a alta no preço dos combustíveis. As concessionárias possuem isenção de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no valor do combustível. Em dezembro, a média de valor pago pelo litro de diesel pelas empresas foi de R$ 2,45, enquanto o valor nos postos teve média de R$ 3,40.
Na última sexta-feira, 19, cerca de 200 pessoas protestaram pelas principais vias do Centro, contra o aumento da passagem. Além da revogação do reajuste, os manifestantes também reivindicam a volta do Ganha Tempo e a regularização do Programa Passe Livre (PLE). O Ganha Tempo é um benefício instituído em 2013 que permitia a utilização de uma única passagem por três vezes dentro de um intervalo de 2h30. O programa foi suspenso em 2014 por “falta de soluções para custeio das despesas por parte da prefeitura”, segundo nota publicada pela CMTC na época. Em 2016, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) suspendeu a liminar que interrompia o serviço e mandou o governo retornar com o Ganha Tempo. A medida, no entanto, não foi cumprida.
O maior questionamento na reunião da CDTC foi quanto ao não cumprimento das obrigações estabelecidas no contrato de concessão por parte das concessionárias. Os compromissos firmados no último reajuste, em 2016, estão relacionados à segurança nos ônibus, terminais e pontos de ônibus, bem como a revitalização de terminais e pontos de ônibus. Muitos abrigos não possuem cobertura ou estão em péssimas condições.
Vereador por Goiânia, Allyson Lima (PRB) protocolou, no início do mês, no Ministério Público de Goiás (MPGO), uma ação civil contra o reajuste na tarifa. No documento, o parlamentar argumenta que o aumento proposto corresponde a 9,5%, enquanto que o aumento no salário mínimo, de R$ 17,00, corresponde a 1,8%. “Como pode o trabalhador pagar um aumento de 9,5% na tarifa de transporte público enquanto seu salário teve reajuste de apenas 1,81%?”, questiona o texto do documento.
O cálculo do aumento no valor da tarifa, previsto no contrato de concessão da CMTC, considera quatro fatores: salário dos motoristas; preço do combustível; índice de manutenção da frota de veículos; e a inflação anual. Todos esses parâmetros são divididos pela quantidade média de passageiros por quilômetro. O recente cálculo apresentado pela CMTC considerou dados dos últimos 22 meses, de fevereiro de 2016 até outubro de 2017. Isso porque, em 2017, a tarifa não aumentou, após ser cogitada correção de até R$ 0,50, o que aumentaria a taxa para R$ 4,20.