Cotidiano

Ministério Público e Polícia Civil combatem organização criminosa

Diário da Manhã

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 01:09 | Atualizado há 7 anos

Foi deflagrada na madru­gada de ontem a Opera­ção Arapuca, que comba­teu uma organização criminosa na prática de crimes de extorsão, corrupção, concussão, pratica­das por alguns agentes da Polí­cia Civil associados com advoga­dos. Ao todo, foram expedidos 11 mandados de prisão e 15 manda­dos de busca e apreensão. A ope­ração envolveu 18 promotores de Justiça, 45 agentes e 9 delegados da Polícia Civil.

Na investigação, o Ministério Pú­blico, em parceria com a Polícia Ci­vil, constatou diversas situações em que policiais civis associados a ad­vogados exigiam e cobravam van­tagens indevidas para não efetuar prisões em flagrante ou proceder as devidas investigações.

Agentes de Polícia Civil, com a peculiaridade de se valerem de um indivíduo que se apresenta­va como sendo policial civil, mas que não fazia parte dos quadros da Polícia Civil, embora andasse armado e até conduzisse viatura pertencente à instituição.

Este indivíduo, juntamente com agentes da Polícia Civil, ia atrás de pessoas com envolvimen­to em práticas criminosas, como venda de diplomas falsos, ven­da de medicamentos de forma ilegal, em situação de flagrante e ao invés de conduzi-las até a de­legacia, agindo de acordo com a lei, que deveria ter sido a lavratura do auto da prisão em flagrante, os conduzia até a porta da delegacia e cobrava determinadas quantias de dinheiro para que eles não fos­sem presos. Os valores variavam de mil até 30 mil reais.

O falso policial no jargão poli­cial é chamado de ‘ganso’. No caso em pauta, ele se passava por poli­cial porque se valia da facilidades que tinha de ter contato com poli­ciais civis para levantar informa­ções, tendo acesso a armas, via­tura e ao Distrito Policial, e usava dessa condição para se aliar aos policiais para praticar os crimes de extorsão, corrupção, etc.,

CRIME

A investigação de controle ex­terno da atividade policial se ba­seou no fato de que havia uma quadrilha que mirava pessoas com envolvimento em crimes para ex­torqui-las, emitindo para isso in­clusive falsos mandados de prisão. Deste modo, qualquer tipo de ati­vidade ilícita que esse integrantes imaginavam que poderia ser uma situação para ganhar dinheiro de forma ilícita, eles atuavam.

A investigação durou 4 meses e foi constatado que esta ativida­de acontecia de forma muito in­tensa, verificando-se desses agen­tes atuarem em duas atividades ao mesmo tempo: enquanto um ex­torquia, o outro aliciava novas ví­timas concomitantemente.

O Ministério Público, através do GCEAP, atua no controle ex­terno da atividade policial jus­tamente para coibir desvios de conduta de agentes públicos, no caso da Polícia Civil.

A maioria dos policiais civis estava lotada no 4º Distrito Poli­cial e em mais dois distritos que não foram divulgados. Entretanto, como o 4º Distrito Policial foi alvo de mandado de busca e apreensão de documentos, tornando-se pú­blico o fato, não restou sigilo sobre o envolvimento do mesmo.

As vítimas foram assim deter­minadas porque neste fato espe­cífico elas eram extorquidas, lhes era exigido dinheiro sob a ameaça de serem presas. Não se tratava de mera solicitação ou um pedido de uma vantagem indevida. Havia uma exigência com grave ameaça e até agressões por parte da quadrilha.

Sobre a prejudicialidade das in­vestigações, algumas situações fi­caram comprovadas em que esses policiais desviados, além de pra­ticar extorsão, ao invés de apren­derem os objetos ilícitos e lavrar o flagrante, se apropriaram deles, pegaram o dinheiro das vítimas e depois revenderam essas merca­doria ilícitas. Assim a materiali­dade dos crimes originais restou prejudicada, haja vista que mui­tos produtos da ilicitude penal fo­ram desviados por esses policiais.

A busca e apreensão se deu principalmente de aparelhos ce­lulares dos envolvidos, vez que se utilizavam de aplicativos para or­ganizarem seus crimes.

 

 

 Prática ocorria há pelo menos dois anos

As investigações se iniciaram através de uma denúncia diri­gida ao Ministério Público por uma dessas vítimas de extorsão e culminou com a deflagração da Operação Arapuca, que visou combater organização crimino­sa na prática de extorsão, con­cussão e corrupção praticadas por policiais civis e advogados.

Foram expedidos 11 manda­dos de prisão e foram cumpri­dos 10 mandados, dentre eles de busca e apreensão. Até o fecha­mento desta edição, foram pre­sos dois advogados, seis policiais civis e um falso policial. Um po­licial está foragido.


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