Internacional

Morre Giorgio Armani, ícone da moda italiana e referência mundial de elegância

Redação Online

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 14:14 | Atualizado há 1 hora

Giorgio Armani, símbolo de elegância e referência da moda italiana no mundo, morreu nesta quinta-feira (4), aos 91 anos, em Milão. O anúncio foi feito pelo grupo Armani, que destacou o respeito e a admiração dos colaboradores ao longo de sua trajetória. Segundo comunicado, o estilista faleceu em paz, cercado por familiares, mantendo-se ativo e dedicado ao trabalho até os últimos dias.

A despedida pública acontecerá neste fim de semana em Roma, com cerimônias previstas para sábado e domingo. Já o funeral será restrito à família e amigos próximos, atendendo a um pedido do próprio estilista. Armani vinha enfrentando problemas de saúde e, em junho, pela primeira vez, não apareceu ao final de um desfile da sua marca na Semana de Moda Masculina de Milão. Mesmo debilitado, conduzia remotamente as celebrações pelos 50 anos de sua empresa, planejadas para os próximos desfiles de moda feminina.

Em entrevista recente ao jornal Financial Times, Armani reconheceu que o trabalho sempre ocupou papel central em sua vida. Apesar de rejeitar o rótulo de “workaholic”, admitiu que seu maior arrependimento foi ter dedicado pouco tempo à família e aos amigos.

Conhecido como Rei Giorgio, o estilista supervisionava pessoalmente cada detalhe das coleções, da publicidade ao penteado das modelos, mantendo o controle criativo da marca. Fundada por ele há cinco décadas, a grife Armani se consolidou como um dos maiores impérios da moda, com faturamento anual superior a R$ 14 bilhões.

Sua alfaiataria impecável e minimalista tornou-se sinônimo do “Made in Italy”, expressão que representa excelência no design e na qualidade. Armani revolucionou a moda ao criar paletós desconstruídos, leves e sem enchimentos, adotando linhas mais fluidas e simples. Entre os tecidos preferidos estavam seda, cetim e couro, e, em 2016, ele aboliu o uso de peles de animais em suas coleções. Para o estilista, elegância significava simplicidade.

O cinema foi uma das grandes influências de sua carreira. Armani vestiu celebridades de Hollywood e assinou figurinos de mais de 200 filmes, incluindo “Gigolô Americano”, que marcou sua estreia no segmento, além de títulos de Martin Scorsese como “Os Bons Companheiros” e “O Lobo de Wall Street”. Ele também criou os trajes de Bruce Wayne em “O Cavaleiro das Trevas”, dirigido por Christopher Nolan.

Nascido em 1934 em Piacenza, no norte da Itália, Armani era filho de Ugo Armani, contador, e Maria Raimondi, dona de casa. Desde cedo, observava a mãe costurar roupas elegantes para os filhos, experiência que moldou seu olhar estético. Durante a Segunda Guerra Mundial, ainda criança, viveu momentos dramáticos, como o bombardeio narrado em sua autobiografia “Per Amore”.

Após a guerra, a família mudou-se para Milão, onde Armani cultivou paixão pelo cinema. Antes de ingressar na moda, chegou a estudar medicina e a servir no exército. Seu primeiro contato profissional com o setor ocorreu na loja de departamentos La Rinascente, quando foi contratado para decorar vitrines. Mais tarde, trabalhou ao lado de Nino Cerruti, onde desenvolveu sua técnica de desconstrução da alfaiataria.

Armani afirmava que sua entrada na moda foi quase acidental, mas acabou se transformando em missão de vida. “Comecei esse ofício por acaso e, aos poucos, ele roubou completamente minha vida”, declarou em 2015 à Business of Fashion.

O estilista deixa a irmã Rosanna e Leo Dell’Orco, parceiro afetivo de longa data e braço-direito no setor de design masculino da empresa. Armani o considerava um de seus possíveis sucessores.


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