Morre Mário Ghannam
Redação DM
Publicado em 31 de março de 2017 às 03:08 | Atualizado há 8 meses
O ex-deputado estadual Mário Miguel Ghannam faleceu ontem, em Goiânia, após agonizar por 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral de Goiânia (HGG). Ele teve diversas complicações, como pneumonia, insuficiência renal, enfisema pulmonar e um enfarte coronariano que lhe minou as forças e o levaram para o leito até a agonia final.
Mário Ghannam tinha 67 anos e teve uma vida intensa em Goiânia, principalmente no bairro de Campinas, onde viveu a vida toda. Ele deixa a viúva, Ângela Ghannam e quatro filhos. Uma das filhas, Larissa está grávida e o sonho de Mário era conhecer o neto que está para nascer.
Nascido de uma família de imigrantes libaneses ele cresceu uma infância pobre em Campinas e frequentou os tradicionais redutos campineiros, como a Escola de Comércio, o Mercado de Campinas e a Matriz de Campinas. No mercado ele foi carregador de caixas e ajudante das bancas de verduras, meio onde trabalhou a vida toda.
Segundo Ângela Ghannam o marido sofreu muito nos últimos meses com a tristeza de ter sido abandonado por políticos que ele ajudou a vida toda. A viúva enalteceu o caráter bondoso de Mário e sua profunda afeição pela família e pelos amigos. “Esse é um homem que fará falta para todos e nós já estamos sentindo a falta dele”, lamentou.
Mário era amigo aguerrido e sempre atencioso com todos. Ele é lembrado como tendo sido amigo da família do prefeito Iris Rezende por muitos anos, inclusive sendo o fornecedor de verduras e frutas para os pais de Iris e dele próprio por muito tempo.
História
O menino pobre sempre muito esforçado conseguiu se formar em Letras e Direito e militou ativamente no retorno de Iris Rezende à política nas eleições de 1982. Com a posse do novo governo, em 1983, ele assumiu a presidência da Centrais de Abastecimento de Goiás S/A (Ceasa-GO) e revolucionou o tratamento entre atacadistas e produtores com o comércio de hortifrutigranjeiros que chegavam às mesas dos consumidores finais. Amigos dessa época lembram que ele humanizou o tratamento com todos os envolvidos naquela cadeia produtiva. Foi também presidente do Jóquei Clube de Goiânia.
Em 1991, no segundo governo de Iris Rezende, Mário Ghannam foi diretor-geral da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e se notabilizou pelo intenso trabalho de assistência social, o que lhe rendeu um amplo leque de apoio político que sustentou sua candidatura a vereador em Goiânia nas eleições de 1992. Eleito vereador com expressiva votação ele foi presidente da Câmara Municipal de Goiânia e despontou para a política com brilhantismo e honestidade. Nas eleições de 1994 Mário foi guindado a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás e se notabilizou como um dos líderes de expressão entre os deputados que deram a estabilidade necessária para o governador Maguito Vilela.
Os amigos estiveram presentes na tarde e noite de ontem para prestar suas últimas homenagens ao líder conhecido pela bondade, honestidade e retidão de caráter. O velório aconteceu na Igreja São Nicolau, no Setor Oeste.
“Ele veio menino pobre, passou pobre pelo poder e chegou velho e pobre ao túmulo”Diário da Manhã
“Mário Ghannam foi uma grande figura do mundo político e empresarial. Descendente de libaneses, muito querido e muito amado aqui em Goiânia e em Goiás. Muito conhecido por seu trabalho como gestor público na Ceasa, na OVG e na Câmara Municipal. Vai deixar uma lacuna que sem dúvida alguma será difícil de ser preenchida. Vamos sentir muito sua falta”
Maguito Vilela
“Meu pai foi um grande homem, sempre lutou pelo social. Um homem de caráter formidável, respeitável por todos e é uma grande perda por todos nós que o tínhamos sempre por perto e não esperávamos. Ele está em um lugar bem melhor”
Mário Ghannam Filho
“Mário foi um amigo de longa data, um irmão que eu perco. Nós fomos deputados estaduais juntos e tivemos sempre uma convivência muito harmônica. Foi um homem público muito atuante e honesto. Além disso era um indivíduo extremamente generoso, humilde, religioso e que tinha um trabalho muito notável com a camada mais sofrida e necessitada da população. A família perde um grande homem, a política perde uma das grandes e honestas figuras e eu perco um grande amigo. Certamente ele já está em um lugar muito bom, onde ele merece estar”
Humberto Aidar, deputado estadual (PT)
“Mário foi um membro de nossa comunidade que sempre foi conhecido como muito bom e humilde. Sempre serviu à política e não se serviu da política, foi um instrumento de Deus para a política e sempre esteve ligado ao que mais precisamos ajudar, que são os pobres. Estou certo que era um homem que tinha um coração divino e que o dom de Deus esteve sempre presente nele. Porque aquele que se faz instrumento de Deus pratica o bem. Para nós, os cristãos que acreditamos na ressurreição passamos por esta vida plantando o bem e esperamos colher o bom. E o bom para nós é a ressurreição e a vida eterna. Nós acreditamos que o Mário nesse momento está no melhor lugar, onde não existe dor, nem angústia nem sofrimento, apenas a vida eterna”
Padre Rafael Magul, pároco da Igreja São Nicolau, Igreja Ortodoxa