Morre o doutor das mentes doentes
Diário da Manhã
Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 01:13 | Atualizado há 7 anos
O médico psiquiatra Walter Massi, 89 anos, morreu na última quarta-feira, às 16h. Causa mortis: Acidente Vascular Cerebral, complicação renal, pneumonia pós-tratamento para câncer de próstata. Nascido em Rio Verde, Sudoeste do Estado de Goiás, em 30 de novembro de 1928, filho do italiano radicado no Brasil desde 1888, oriundo da Calábria, José Massi e de Brasiliana Maria da Silva. De uma cadeia de 14 filhos do casal, ele era o caçula. Com uma infância com indigência material, transferiu-se para Belo Horizonte. Estudioso, acabou aprovado para cursar Medicina. Na Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG].
– Até vendeu sabão para auxiliar no sustento da família.
É o que revela o advogado Adory Otoniel da Cunha Filho. A sua mãe, Maria Otoniel da Cunha, era irmã de Walter Massi e viúva de Adory Otoniel da Cunha, morto em acidente aéreo, em Taguatinga, no dia trágico de 8 de agosto de 1960, durante a campanha ao Governo do Estado de Goiás, do então coronel Mauro Borges Teixeira. Filho de Pedro Ludovico Teixeira e de Gercina Borges, um modernizante-conservador, ele ganhou a corrida eleitoral, criou as principais instituições estatais, e apoiou a Cadeia da Legalidade, ao lado de Leonel de Moura Brizola, pela posse do nacional-estatista, em sua versão trabalhista, João Belchior Marques Goulart.
– Mauro Borges acabou deposto em 26 de novembro de 1964. Jango, antes, em 31 de março.
Formado em Medicina, em 1958, retornou a Goiânia, embarcou para Londres, Inglaterra. No Velho Mundo, especializou-se em Psiquiatria. Contemporâneo da modernidade, aprendeu as técnicas mais avançadas para tratamento, controle e cura dos transtornos psiquiátricos. Dos males da alma. O médico virou, no Planalto Central, uma espécie de Nise da Silveira. A psiquiatra que revolucionou a área com a abolição de camisa-de-força, uso de choques, prisões, espancamentos, tratamentos cruéis ou que violavam a dignidade humana. Uma referência mundial. Empresário, criou, na década de 1960, a Clínica Isabela, Setor Marista.
– Um homem além do seu tempo.
Liberal, adorava Liev Tolstoi, lia Charles Baudelaire, tocava violão, gostava de cantar e adorava futebol. Workaholic, trabalhava em tempo integral. A sua maior paixão era o Vila Nova Futebol Clube. A agremiação esportiva foi fundada em 29 de julho de 1943. Walter Massi colaborou nas conquistas dos títulos estaduais de 1977, 1978, 1979, 1980, 1982, 1984, 1993, 1995, 2001 e 2005. Mais: no levantamento do troféu de campeão brasileiro em 1996 e no ano de 2015. Assim como na volta olímpica do Seletivo de 1977, na Taça Ruy Brasil Cavalcante, em 1979, no Quadrangular Adjair de Lima, 1980, na Divisão de Acesso, 2000 e 2015 e no vice estadual de 2017.
– O seu coração era vermelho.
É o que afirma, emocionado, Urildo Campos, professor do curso de Engenharia da Universidade Federal de Goiás [UFG], aposentado, e conselheiro benemérito do Tigrão da Vila Famosa. O Maior do Centro-Oeste chora, lamenta, a morte de Walter Massi, dispara, com lágrimas nos olhos Sebastião Ramos Geso de Oliveira, empresário e conselheiro grão-benemérito. Professor de Direito, Ozeas Porto, ex-vereador em Goiânia, e secretário sindical do Partido dos Trabalhadores, legenda fundada no Colégio Sion, São Paulo, em 10 de fevereiro de 1980, confidencia que cultivou, por exatos 50 anos, a amizade com o velho psiquiatra.
– Um romântico. Humanista.
Sempre elegante, o culto Walter Massi era casado com Dulce Fagundes Massi. Com ela, ele teve três filhos. Walter Massi Filho, empresário. Além de Isabela Fagundes Massi e Dulcineia Fagundes Massi. O médico psiquiatra escreveu ainda os livros ‘Outra vez eu te revejo’ e ‘O bê-á-bá da Saúde Mental de Seu Filho’, informa ao Diário da Manhã, o operador do Direito Adory Otoniel da Cunha Filho. Sob forte comoção, Walter Massi foi sepultado, ontem, no Cemitério Santana, tradicional de Goiânia, às 10h. Um homem que fez a opção preferencial pelos pobres, como o papa Francisco, um cristão que carregava as dores do mundo, diz Ozeas Porto.
– Goiânia e Goiás perdem com a sua partida.
Nota oficial do Vila Nova Futebol Clube
É com muito pesar que informamos sobre o falecimento do nosso grande amigo e conselheiro vilanovense Dr. Walter Massi. Neste momento de dor e consternação, só nos cabe pedir a Deus que dê conforto à sua família e amigos para que possam enfrentar esta imensurável dor com serenidade.
Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ele, que será lembrado pelo altruísmo, honestidade, lealdade, inteligência, competência e sensibilidade para lidar durante várias décadas com os interesses do Vila Nova Futebol Clube.
Sua postura em sempre ajudar o nosso amado clube, não olhando a quem, muito menos pensando em retorno, estará sempre marcada em nossa memória. Exemplo irreparável de vilanovense. Devemos lembrar que Deus quer ao seu lado os melhores, e com certeza o célebre Dr. Walter Massi está ao lado do Senhor cumprindo uma nova missão. Deixamos os nossos mais sinceros pêsames aos familiares e amigos!
Hugo Jorge Bravo, presidente do Conselho Deliberativo do Vila Nova Futebol Clube.
Um homem além do seu tempo”Adory Otoniel da Cunha Filho
Goiânia e Goiás perdem com a sua partida”
Ozeas Porto, professor de Direito
Um romântico. Humanista”
Geso de Oliveira