MPGO denuncia 10 pessoas por desvio de R$ 2 milhões dos parques Mutirama e Zoológico de Goiânia
Júlio Nasser
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 18:55 | Atualizado há 8 anos
Foto:Reprodução
O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) denunciou nesta sexta-feira, 25, 10 pessoas por suspeita de envolvimento no desvio de dinheiro dos ingressos dos parques Mutirama e Zoológico de Goiânia. Esta é a segunda denúncia apresentada pelos promotores que compõem o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e que atua na Operação Multigrana. Segundo as investigações, o grupo chegou a desviar pelo menos R$ 2 milhões, somente em 2016.
Entre os denunciados estão o vereador Zander Fábio (PEN), o ex-presidente da Agência Municipal de Turismo e Lazer (Agetul), Dário Paiva e o ex-diretor financeiro do Mutirama, Geraldo Magela. Segundo o MPGO, o trio é apontado como líder da quadrilha.
Esquema
Durante uma entrevista coletiva nesta manhã, o promotor de Justiça Ramiro Carpenedo, do Gaeco, disse que o esquema ocorria após o grupo fraudar os ingressos, duplicar os bilhetes que já tinham sido vendidos, utilizar tickets intactos e declarar apenas parte do que era arrecado nas bilheterias.
Segundo Carpeneto, os envolvidos se aproveitavam da falta de controle sobre a entrada de visitantes nos parques e o fato de que os ingressos são vendidos apenas no dinheiro, o que facilita os atos de corrupção.
Na denúncia, o MPGO aponta que Zander teria canalizado os desvios em proveito próprio e de candidatos aliados, sendo responsável pela indicação de Dário Paiva para assumir o cargo de presidente da Agetul, que é responsável pela administração dos parques.
Segundo o órgão, durante as investigações foi possível fazer um levantamento sobre o total de recursos desviados das bilheterias, através de comparações do faturamento diário mensal nas gestões de Sebastião Peixoto, Paiva e o atual presidente da Agetul, Alexandre Magalhães, nos meses de julho, quando há uma maior movimentação nos parques devido às férias escolares.
Os dados apontam que a média diária da arrecadação em julho de 2015 ficou em torno de R$ 33,9 mil e neste ano R$ 43,4 mil. Já no mesmo período de 2016, sob a gestão de Paiva, a média caiu bruscamente para pouco mais de R$ 8 mil. O órgão investiga se Paiva teria ficado com cerca de R$ 700 mil dos recursos desviados no período em que esteve como presidente da Agetul.
O MPGO apurou que Geraldo Magela é suspeito de liderar sozinho o esquema de desvio no Parque Mutirama, antes da chegada de Paiva à presidência da Agetul. A defesa dele negou as acusações e informou que na denúncia faltaram provas contundentes para incriminar o cliente. Além disso, destacou que Geraldo foi apontado como um dos chefes do grupo por exercer um cargo de confiança no parque.
O advogado de Zander, Tito Souza do Amaral, informou que ainda não foi informado sobre o teor da denúncia, e que, o MPGO ainda não mostrou todos os elementos da investigação. Já Dário Paiva informou que só vai se pronunciar após tomar conhecimento sobre a denúncia.
Envolvidos
Além de Zander, Magela e Paiva, também foram denunciados Clenilson Fraga da Silva, os irmãos, Davi Pereira da Costa e Deoclécio Pereira da Costa, Fabiana Narikawa Assunção, Larissa Carneiro de Oliveira, Leandro Rodrigues Domingues e Tânia Camila de Jesus Nascimento de Sousa. Todos suspeitos de terem se beneficiado com o esquema.
Entre eles, Larissa admitiu ter se apropriado de ao menos R$ 30 mil das verbas desviadas dos ingressos. Ela foi colocada como gerente financeira da Agetul em 2015, pelo então presidente do órgão, Sebastião Peixoto.
Clenilson, Leandro e Tânia são apontados como funcionários de confiança da “cúpula”. Eles operavam as catracas no Mutirama e também são suspeitos de se apropriar dos recursos desviados. Os irmãos Davi e Deoclécio são citados por facilitar o esquema de corrupção no parque e são “aliados fiéis” de Paiva. Já Fabiana, teria ajudado no esquema e era de confiança de Magela.
Multigrana
A denúncia corresponde à primeira fase da operação realizada no dia 23 de maio deste ano. Na época, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária, cinco de condução coercitiva e 12 de busca e apreensão em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Segundo o MPGO, os detidos saíram do presídio antes do fim do prazo dos mandados de prisão.
O órgão apura as administrações do período entre 2014 e 2017, mas a denúncia apresentada hoje se restringe a apenas o período de maio a dezembro de 2016.