Cotidiano

Mudanças na educação infantil e fundamental são criticadas por especialistas

Redação DM

Publicado em 13 de fevereiro de 2018 às 22:56 | Atualizado há 7 anos

No fim do ano passado, o governo federal homolo­gou a Base Nacional co­mum Curricular (BNCC) para os ensinos infantil e fundamental. A BNCC foi aprovada em votação no Conselho Nacional de Educa­ção (CNE) e se refere a educação infantil, creche e pré-escola e o en­sino fundamental, do 1º ao 9º ano.

A educadora e designer de ati­vidades pedagógicas, Janaína Spo­lidorio relata algumas falhas na BNCC. Para ela o mesmo erro ocorre no dia-a-dia em escolas que possuem os três níveis edu­cacionais, Educação Infantil, En­sino Fundamental e Ensino Mé­dio. Na Base, entre esses níveis, em especial, trabalha com Cam­pos de Experiências, que segun­do a educadora, é uma proposta enriquecedora, mas deixa muito a desejar na objetividade em rela­ção a como trabalhar desta forma.

Segundo Janaína, as falhas neste documento podem pro­mover uma má interpretação por parte de professores e escolas. Re­lata ainda, que a proposta desse nível não é direta, mas é ampla, o que causa a falta de interpre­tação. Nos documentos anterio­res também era amplo podendo trazer experiências negativas. “ A má interpretação é exatamente o maior perigo deste documen­to. Como temos um país exten­so, com experiências completa­mente diferentes de localidade para localidade, certamente ha­verá profissionais e escolas a fa­vor e contra, de acordo com seu paradigma de trabalho”, explica.

A especialista relata ainda que alguns conteúdos estão em deter­minada série e não aparecem nas séries seguintes. Com isso, a esco­la ou professores podem interpre­tar que não será necessário tra­balhar com aquele conteúdo por não ser da série em que está tra­balhando. Contudo, pode criar lacunas de aprendizagem, pois é preciso sempre revisar alguns te­mas, pois são importantes para a continuidade da matéria.

Se o aluno teve, por exemplo, no terceiro ano fundamental, um conteúdo e não aprendeu, a edu­cadora explica que se não revisar nas séries seguintes pode ter difi­culdade em outros temas estuda­dos, caso esse conteúdo que ele não aprendeu seja pré-requisito na série que estiver estudando. “Vira uma bola de neve de falha na aprendizagem do aluno”, diz.

MUDANÇAS

A educadora Janaina mencio­na que muitos conteúdos que an­tes estavam sendo negligencia­dos, fazem parte da BNCC.

A nova Base traz bem especifi­cadas as habilidades e competên­cias que cada série deve trabalhar, de modo objetivo, com exceção da Educação Infantil que traba­lha de forma lúdica.

Antes tinha diferenças maiores entre as escolas, pois o parâme­tro que era vigente abrangia mais ciclos de aprendizagem. A nova base tem como proposta prin­cipal uma aprendizagem essen­cial, o que facilita a proximidade das escolas. Se interpretadas com bom empenho da equipe escolar, o ensino pode se beneficiar. É ob­jetivo e traz habilidades que en­globam o ensino digital, no qual faz parte da sociedade e não teria dificuldades de adaptação.

De acordo com o Ministério da Educação, os currículos escolares terão de ser adaptados às novas diretrizes até o fim do ano. A im­plementação será feita até 2020 e os professores receberão forma­ção continuada para se adapta­rem ao novo plano de educação.

A Base Nacional Comum Cur­ricular é um documento de cará­ter normativo que define o con­junto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que to­dos os alunos devem desenvol­ver ao longo das etapas e mo­dalidades da Educação Básica. Conforme definido na Lei de Di­retrizes e Bases da Educação Na­cional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógi­cas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.

 

DESTAQUES DAS MUDANÇAS

 

Ensino religioso ganha diretrizes sobre o que deve ser ensinado do 1º ao 9º Ano

  • Alfabetização deve ser concluída até o segundo ano
  • Orientações sobre identidade de gênero devem ser discutidas por comissão do CNE
  • Redes municipais, estaduais e federal precisam reelaborar seus currículos segundo a BNCC
  • Material didático terá que ser produzido segundo as novas diretrizes
  • Implementação deve estar completa até início do ano letivo de 2020

 


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