Mulher sequestra crianças para enganar marido e não contar que sofreu aborto
Diário da Manhã
Publicado em 10 de novembro de 2017 às 18:47 | Atualizado há 5 mesesA pedagoga Mizia Pereira de Moraes, de 35 anos, é suspeita de sequestrar duas crianças para enganar o marido. A mulher estava grávida de gêmeos, mas acabou sofrendo um aborto espontâneo e perdeu os bebês. Para não decepcionar o marido a mulher resolveu alugar dois bebês de pessoas próximas, para enganar o marido.
O suposto pai das crianças, o soldador Ariciesney Amonra Araújo Rodrigues, acompanhou a gravidez até o “meio” da gestação. Foi nesse momento, por volta dos 4 meses de gestação que ela sofreu o aborto.
Para que o marido não descobrisse Mizia decidiu ir ficar na casa dos pais, em outra cidade e quando retornou não estava com as crianças. Disse que teve de deixa-las com a mãe por conta de problemas de saúde.
O marido decidiu então vir para Goiás, para trabalhar. O combinado é que a mulher viria morar com ele em Goiânia, assim que conseguisse dinheiro para pagar as passagens.
O homem enviou o dinheiro para que a mulher viesse para Goiânia, com as filhas, mas ela sempre inventava desculpas. Da primeira vez disse que o dinheiro não era o suficiente. Então ele juntou mais e mandou novamente, desta vez a mulher falou que não teve como ir buscar as filhas na casa da avó e que não teve tempo.
Aluguel de crianças
Mizia então convenceu duas colegas a emprestar suas filhas, para trazê-las a Goiânia e apresentá-las ao marido e disse que quando retornasse, devolveria as crianças. Uma mulher é do Pará e a outra de Aparecida de Goiânia.
“Eu ia vir, trazer a menina para ele ver e ia embora. Ela [verdadeira mãe da criança] pediu R$ 2 mil. Eu já tinha sacado R$ 500, saquei mais R$ 1,5 mil, deixei com ela e fiquei de voltar no domingo (12). Eu ia voltar no domingo”, contou a pedagoga.
Suposto sequestro
Tudo estava combinado, no entanto a mãe do bebê de Aparecida de Goiânia desistiu de participar da trama.
Diante da situação, a pedagoga resolveu levar apenas uma das crianças para o marido, que estava em Goiânia, quandp questionada sobre a ausência da outra criança, Mizia contou que ela havia sido sequestrada.
O Conselho Tutelar chegou a ser chamado por uma vizinha que viu a mulher chorando na porta de casa e dizendo que sua filha foi levada por uma amiga.
“Ela disse que essa amiga convidou ela para ir a um shopping. Elas arrumaram um carro e essa amiga da Mizia pediu para que ela fosse em casa pegar uma fralda porque o trajeto até o shopping era longo. A Mizia nos relatou que, quando ela saiu para fora, não encontrou mais nem o carro e nem a suposta amiga”, disse o conselheiro tutelar Wiliomar Francisco dos Santos.
Mizia foi pressionada a ir até uma delegacia registrar um boletim de ocorrências. A mulher então foi a delegacia e apresentou as certidões de nascimento falsas e uma foto da filha. Além disso, câmeras da vizinhança registraram o momento em que a mulher que desistiu da farsa busca a filha. As imagens batem com a história inventada pela pedagoga.
Imagens de uma casa em Aparecida de Goiânia, mostram duas mulheres, que seriam Mizia e uma das mães dos bebês, conversando na rua. Um carro estaciona na porta e Mízia entra na residência. Nesse momento, a outra mulher entra no veículo com a filha e sai.
A mulher estava conseguindo enganar a polícia. No entanto quando a delegada, Ilda Helbingen, entrou em contato com a Polícia Civil do Pará descobriu que havia um boletim de ocorrências registrando o sequestro de uma criança com as mesmas características da bebê que estava com Mizia.
Verdadeiro sequestro
O pai da criança que estava com a pedagoga, contou na delegacia, que sua mulher havia ido jantar na casa de Mizia, a convite dela. Mas quando voltou, ela já não se lembrava de nada e estava sem a criança. A esposa do homem contou que acordou sem a criança ao lado e que a casa estava vazia.
“Aparentemente a Mizia teria colocado alguma droga na bebida ou comida dela. Ela não lembrava de nada, mas percebeu que tinham R$ 1,7 mil ao lado dela”, contou a delegada.
Foi neste momento que a mulher que desistiu de participar da farsa procurou a delegacia e desmentiu a história da pedagoga. Após o ocorrido Mizia foi presa e pode responder pelos crimes de falsificação de documentos, falsa comunicação de crime e sequestro.
Marido
A polícia acredita que o marido realmente não sabia do ocorrido e foi enganado pela esposa. Ele chegou a tatuar o nome das filhas no braço, que seria Amarilis e Alice.
As crianças
As crianças envolvidas na farsa, agora estão em abrigos e aguardando a confirmação de quem são as verdadeiras mães.
“Não foi nos foi passado nenhum tipo de documentação das crianças. A mãe biológica não trouxe nenhum registro. Ela nos relatou que essa criança nem é registrada. Nos mostrou foto da Declaração de Nascido Vivo e a documentação apresentada foi só por foto”, disse o conselheiro tutelar.
As informações são do G1 local.