O bem que o trabalho faz
Diário da Manhã
Publicado em 17 de janeiro de 2016 às 21:29 | Atualizado há 4 meses
A parceria entre o Centro Técnico de Desenvolvimento de Pessoal e a Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás poderá ser o diferencial na vida de milhares de trabalhadores que aspiram emprego e melhoria de vida. A formação de eletricistas para suprir a necessidade de técnicos nessa área poderá ser ampliada até mesmo para reeducandos do regime aberto do complexo prisional de Aparecida de Goiânia e para cidades-polo espalhadas pelo interior de Goiás.
O diretor do Cetec, Walter Lopes Ferreira mantém as turmas destinadas a formação de técnicos em construção, operação e manutenção de redes elétricas e vê na parceria com a Grande Loja Maçônica o diferencial para facilitar a abertura de vagas e ampliação do trabalho para o interior. “Temos por princípio que é preciso ensinar o trabalho e de facilitar o acesso a esses cursos como forma de melhoria das pessoas”, explica.
Na estrutura montada na Vila São Pedro, em Aparecida de Goiânia, Walter possibilita até alojamento para alunos do interior que acorrem ao Cetec para aprenderem a ser eletricistas capacitados e não mais os “curiosos” de antigamente que sofriam muito com choques e provocavam inúmeros curto-circuitos para aprenderem. “Nossos técnicos saem capacitados e credenciados junto às concessionárias dentro de um rígido padrão de normas de segurança para operarem em qualquer sistema”, comenta.
Walter Lopes Ferreira traz na bagagem a experiência de mais de 30 anos como chefe de treinamento da Celg e tem no currículo a impressionante marca de mais de 15.000 eletricistas formados sob seu comando. As exigências técnicas de concessionárias de energia elétrica como a Celg hoje são muito superiores do que há duas décadas. Hoje até para financiar uma casa pelo Sistema Financeiro da Habitação a instalação elétrica precisa ter sido feita por técnico especializado. É onde entram os eletricistas formados por Walter.
Ampliação
Os aspirantes a eletricistas recebem aulas teóricas e práticas até a exaustão para não incorrerem em erros grosseiros com a eletricidade, porque corrente elétrica não perdoa quem a desafia. Segurança no trabalho, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), montagem correta de sistemas elétricos e outros quesitos fundamentais para a profissão de eletricista são ministrados no curso e cobrados no exame para concessão do registro.
Atualmente há um contingente de 33 alunos internos fazendo o curso de capacitação técnica que dura em média 45 dias, dependendo do aproveitamento dos alunos e da classificação deles no exame final. “A meta até o final de 2016 é formar 1.000 profissionais bem preparados e capacitados para suprir a falta que existe no mercado de trabalho”, comenta Walter Lopes. Ele tem uma meta mais ousada que acredita ser possível de atingir com a parceria com a Grande Loja Maçônica: transformar o curso técnico que existe hoje e toda a experiência na área para implantar um curso com certificação de ensino médio para diplomar os alunos e prepará-los para uma universidade.
No curso que atualmente é ministrado há até um estrangeiro dedicado e com vontade de superar desafios. O haitiano Milorge Mercredi tenta vencer a barreira da língua, os hábitos e costumes profissionais para se integrar à turma e se tornar eletricista capacitado. Os professores relatam sua disciplina e vontade em aprender com toda a dificuldade de idioma, práticas profissionais e outras dificuldades que ele tem de suplantar para aprender. Ele veio para o Brasil inspirado no Contingente de Paz que o Exército Brasileiro mantém no país caribenho.
Parceria que dá certo
Em uma preleção aos alunos o Grão Mestre da Grande Loja Maçônica de Goiás, Adolfo Ribeiro Valadares, exortou os candidatos a eletricista técnico capacitado que aproveitem ao máximo os ensinamentos e que se dediquem ao bom ofício. “Sendo um bom profissional nunca lhe faltará trabalho e portas abertas”, frisou. A tentativa será utilizar a estrutura que a Grande Loja Maçônica tem nas cidades do interior para encaminhar aspirantes a eletricistas capacitados para trabalharem nas várias funções.
“Poderemos nos valer dos nossos irmãos pelo interior de Goiás para organizar cidades-polo onde possam ser levados os cursos de formação e possibilitar aos trabalhadores uma formação técnica adequada, de excelência e que faça o papel de promoção humana desses indivíduos”, frisa.
O bancário aposentado Divino Freitas, assessor do Grão Mestre e um dos colaboradores nas ações de filantropia e formação profissional revelou a intenção de levar um curso como esse, de capacitação profissional, para reeducandos do regime semiaberto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. “Nossa meta é colaborar para a inserção social e profissional desses homens e mulheres que tentam voltar à vida com dignidade e precisam de apoio para não incorrerem no erro, nos vícios e no crime novamente”, finaliza.