“O Carnaval é a primeira etapa para a transcendência”, diz Padre Rafael Magul
Redação DM
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 01:57 | Atualizado há 8 anosÉ fevereiro e estamos às portas do Carnaval. Para alguns, a data é sinônimo de festa, samba, bebida e sexo. Para outros, um feriado para descansar ou para fazer algum retiro espiritual. Entretanto, a conhecida festa da carne surgiu com outro propósito, bem maior e transcendental. Conversamos com o Padre Rafael Javier Magul, pároco da Igreja São Nicolau, que explicou o verdadeiro sentido da data e sua relação com a quaresma e a Semana Santa.
O período é conhecido como festa da carne, sendo associado à prática de pecados. Entretanto, o Pe. Rafael conta que o Carnaval está relacionado ao consumo de carne antes da quaresma. “No sentido cristão, a festa da carne é o último dia para comer carne por que essa não há essa prática até a Páscoa” afirma. Ele explica que o Carnaval, a quaresma e a Semana Santa compõem um período cujo objetivo é preparar o corpo e o espirito para estar mais perto de Deus.
“Temos que imaginar que estamos numa viagem à Páscoa, viagem ao verdadeiro sentido da vida, viagem à transcendência, pois sem a ressureição vã é nossa fé. O que dá sentido e alimenta a nossa fé e a nossa esperança é acreditar que depois da morte existe vida, isso é a Páscoa. Mas para chegar a essa etapa da viagem nós temos que passar por etapas e a primeira delas é o Carnaval”, relata.
De acordo com o pároco, a quaresma é a segunda etapa dessa viagem. Ele ressalta que nesse período o corpo, a mente e o espírito devem receber seus respectivos cuidados. O corpo com a alimentação sem carne. “Os derivados da carne também, como leite e o ovo por que tudo isso deriva do animal”, destaca.
O objetivo dessa restrição alimentar é que o homem esteja em harmonia com todos os seres vivos da Terra. ”O objetivo final da quaresma é voltar ao paraíso, onde existe paz entre o homem e o animal. O homem não sacrifica, não mata o animal para comer. Ele vive na harmonia com o animal”.
O pároco diz que o espírito deve ser preparado com orações e com o exercício da solidariedade, mas destaca que a mente também com estudos e educação formal, pois sem ela não se pode ampliar o conhecimento do mundo para transformá-lo.
“Devemos ler livros que nos fazem pensar de outro jeito, livros que eduquem nossas mentes, por que a educação intelectual das pessoas é o que nos ajuda a transformar a nossa vida. Não se pode transformar a vida de ninguém se nós não estamos transformados primeiro. Não podemos transformar o mundo se nós não estamos transformados primeiro. Se nós não fizermos isso, simplesmente fazemos um regime de comida.”
O Pe. Rafael ressaltou a importância de resgatar a verdadeira razão dessas datas na atualidade que, segundo ele, está imersa numa crise de valores e princípios. “A humanidade está passando por uma cruz, mas se nós sabemos levar bem a cruz poderemos ver a luz da ressureição. Nós acreditamos que podemos fazer um mundo melhor, mas primeiro temos que fazer nossa parte”.
Por fim, o pároco defende que a data tão utilizada com propósitos comerciais deve ser vista como uma oportunidade de lembrar às pessoas a dimensão divina do Carnaval: lembrar que temos uma missão que não se limita em sermos boas pessoas ou bons profissionais, mas instrumentos de Deus.