Cotidiano

O que caiu no Enem

Redação DM

Publicado em 6 de novembro de 2016 às 03:30 | Atualizado há 9 anos

A prova do Exame Nacional do Ensino (Enem) aplicada ontem cobrou temas como a crise econômica do Brasil e o problema dos refugiados da Europa, afirmam estudantes que realizaram os testes. A representatividade da mulher, tão em voga no debate político municipal que se encerrou há uma semana, também entrou no rol dos temas da prova decisiva para os estudantes serem lecionados a uma vaga nas faculdades brasileiras.  

As mulheres apareceram como tema ainda em uma tirinha de  sobre a revolução islâmica, em que aparecem com burca.

Parte dos estudantes afirmou que o tema do machismo foi fundamental para agendar a questão da mulher no debate público. “Sabia que este assunto estaria em alguma das provas. Repare que o machismo é cada vez maior em vez de reduzir”, diz André Mota, 19, que realizou sua prova na Capital, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-GO), no setor Universitário, de olho em uma vaga de engenheiro civil.

André Mota disse que caprichou nas questões de “humanas”: “Do jeito que está, pode ser a última questão de sociologia e filosofia que você verá no Enem. Do jeito que o Brasil segue, conservador, vamos ter mudanças que eu, pessoalmente, não concordo. Cálculo é obrigação. Mas pensar a sociedade é algo que não fujo, pois sei que não é matemática, é a realidade e nossa vida”.

Temas relacionados ao Estado Islâmico também caíram e não pegaram de surpresa quem estava atento ao tema.  Outro tema padrão, as mudanças climáticas, apareceu novamente em Ciências Biológicas. O gabarito oficial do exame será divulgado na quarta-feira, 9.

Em 2016, 8.627.195 milhões de alunos se inscreveram para o Enem. No ano passado, foram 7,7 milhões de inscritos.

ESCOLAS SUSPENSAS

Ainda ontem, o Ministério da Educação atualizou para 405 a lista de escolas onde as provas foram suspensas. Com as novas informações, 271.033 estudantes só farão as provas nos dias 3 e 4 de dezembro.

Do total de inscritos no certame, 284.438 estudantes são goianos.  E deste grupo, 8.300 candidatos terão que realizar a prova no próximo mês. Em Goiás, as provas foram suspensas em Jataí, na Universidade Federal de Goiás (UFG), dentre outras unidades.  

Além da temida redação, que será aplicada hoje, o Enem terá no total 180 questões de múltipla escolha. Ontem, o exame durou 4h30. As questões de ciências humanas e ciências da natureza tomaram a agenda dos estudantes.

Hoje eles enfrentam testes de linguagens e códigos, inclusive língua estrangeira (inglês ou espanhol), matemática e português.  Os concorrentes têm uma hora a mais para participarem do certame.

 

Estudantes passam sufoco para chegarem  no local de provas

 

Os portões das escolas onde os 8,6 milhões de candidatos prestarão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram fechados às 13h. No Distrito Federal, onde dez locais tiveram o exame adiado para 3 e 4 de dezembro, os familiares dos estudantes tiveram de lidar com o trânsito nas regiões próximas às provas. A organização do Enem divulgou por mensagem de texto e email aos candidatos que quatro prédios da Universidade de Brasília (UnB) onde eles fariam prova estavam ocupados.

Graduando de Química Tecnológica, Décio Bottechia, 22 anos, foi informado do adiamento, mas mesmo assim foi até um bloco ocupado na UnB conferir se não haveria mesmo a prova. Ele disse acreditar que as mobilizações atrapalham a organização do evento, mas concorda com as críticas à proposta que limita os gastos públicos, desde que sejam mais bem planejadas.

Como sempre, alguns jovens deixaram para a última hora e passaram sufoco pouco antes do fechamento dos portões, às 13h. Próximo à Universidade Paulista, na Asa Sul, os estudantes que chegaram no horário formaram uma fila espontânea de mais de cem metros para organizar a entrada.

Nesse primeiro dia, os estudantes vão responder a 90 questões de ciências humanas e ciências da natureza. Os candidatos terão quatro horas e 30 minutos para concluir as provas.

A área de ciências da natureza e suas tecnologias abrange os conteúdos de química, física e biologia. Em ciências humanas e suas tecnologias, as provas são de geografia, história, filosofia, sociologia e conhecimentos gerais.

Água milagrosa

Charliane do Nascimento da Silva, 22 anos, que pretende ser enfermeira, chegou em cima da hora por causa do engarrafamento nas proximidades da União Pioneira da Integração Social – Faculdades Integradas (Upis), na Asa Sul.

Por ter esquecido o documento de identificação no carro e a caneta preta necessária para a prova, teve de retornar ao local onde deixou o veículo, a 150 metros do local. No retorno, não pode mais entrar. “Eu não atrasei. Acontece que engarrafou. Estacionei e como precisava da caneta preta e do documento fui buscar no carro”, disse ofegante.

Do lado de fora, ambulantes aproveitaram para ganhar um dinheiro extra. Uma caneta preta e uma garrafa de água pequena eram vendidas por R$ 3. Um dos vendedores anunciava que a água era milagrosa. “Água da sorte. Tomo passou. Se tomar e não passar, devolvo o dinheiro”, gritava um deles.

Emanuela Ribeiro Carvalho, 16 anos, disse que está fazendo a prova como “treineira”, pois não fez o 3º ano do segundo grau ainda. “É muito importante fazer para treinar o tempo de prova, a logística e verificar o quanto a gente sabe ou quanto precisa estudar ter sucesso no futuro”, destacou.

Adiamento

Ana Clara Dutra, 18 anos, pretende ser advogada e delegada. Ela reclamou da prova em duas datas por achar que pode ser mais vantajoso para quem fará em dezembro. Bernardo Torres, 18 anos, que quer ser geólogo, também reclamou. Segundo ele, “serão duas medidas com duas notas para o mesmo resultado. Acho que alguém vai ter vantagem e alguém desvantagem.”

O Ministério da Educação decidiu adiar as provas nos locais ocupados por estudantes. As novas datas são 3 e 4 de dezembro. Para o ministro Mendonça Filho, a decisão de adiar as provas nos locais ocupados foi a mais acertada.

“Mudança de local de prova não é tão simples como mudar uma urna de local para outro [como foi feito pelos tribunais regionais eleitorais no segundo turno das eleições]. Exige cálculo e avaliação de processos de segurança que são complexos”, argumentou o ministro.

“Uma mudança no local de prova poderia ensejar uma mudança da ocupação. Como ficaríamos nessa situação? Ficaríamos numa mudança quase que ilimitada e infindável”, finalizou Mendonça Filho (Agência Brasil)

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