Cotidiano

Os benefícios da maconha contra 18 doenças

Diário da Manhã

Publicado em 22 de março de 2018 às 01:50 | Atualizado há 4 meses

  •  Canabidiol gera efeitos benéficos ao cérebro e o tetrahidrocanabinol possui propriedades analgésicas. Pesquisadores já realizaram estudos prévios que atestam implicações médicas.
  •  Por conta da limitação às pesquisas, cientistas ainda não sabem exatamente todos seus efeitos positivos para a saúde. Por enquanto, o que se sabe é que existem mais de 400 compostos químicos na maconha que poderiam ter aplicação médica

 

A legalização da maconha já é uma realidade em diver­sos países, principalmen­te em razão dos usos medicinais que a ciência já mostrou que a erva pode ter. Embora alguns de seus benefícios médicos possam ser exagerados por defensores da le­galização, pesquisas recentes de­monstraram que há usos médicos legítimos para a maconha, e razões fortes para continuar estudando os usos medicinais da droga.

Existem pelo menos dois pro­dutos químicos ativos na maco­nha que os pesquisadores acre­ditam ter aplicações medicinais. O canabidiol (CBD), que provoca efeitos no cérebro, e o tetrahidro­canabinol (THC), que tem pro­priedades de alívio da dor.

A psiquiatra norte america­na, Suzanne Sisley, em entrevis­ta à Science, relatou que, em seu trabalho de auxílio a veteranos de guerra, ela percebeu um compor­tamento diferente entre um grupo específico de pacientes. De acordo com ela, o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) é a princi­pal ocorrência entre eles, e os me­dicamentos que precisam tomar (alguns veteranos chegam a tomar 12 tipos de remédios por dia) pro­vocam reações indesejadas. “Eles relatam que para não ter que lidar com ansiedade, insônia, depressão e os flashbacks do conflito precisam recorrer a um tratamento que os deixam com o aspecto de um zum­bi”, conta a pesquisadora.

Alguns destes pacientes, porém, estavam começando a se sentir me­lhor. Eles também pareciam mui­to mais presentes. Quando ela os questionou sobre isso, veio a res­posta: eles encontraram uma alter­nativa para todos os medicamen­tos e começaram a se automedicar com a maconha. “Eu estava real­mente surpresa, e mais e mais pa­cientes estavam saindo das som­bras e revelavam a mim que tinham experiências úteis com a planta da maconha”, disse Sisley.

Ainda que gostasse do progres­so apresentado por seus pacien­tes, ela deseja mais do que apenas algumas experiências bem-suce­didas. Ela ainda anseia por provas documentadas, ensaios clínicos de grandes populações de pacientes, e que sejam executados no padrão de ouro de um jornal revisado por pa­res, de que a maconha é a aborda­gem correta para o tratamento de TEPT – ou qualquer outra doença.

Com a legalidade da maconha medicinal em quase metade dos es­tados dos Estados Unidos e em ou­tros lugares do mundo, mais médi­cos se perguntam qual o impacto que essa droga realmente tem so­bre as pessoas. Eles querem infor­mações sobre a dosagem e o seu im­pacto a longo prazo em pacientes.

O fato de pesquisas sobre a ma­conha serem limitadas faz com que os cientistas ainda não saibam exa­tamente todos os efeitos positivos para a saúde que ela pode ter. Além do CBD e do THC, existem mais de 400 compostos químicos na maco­nha que poderiam ter usos médi­cos. Isso porque a maconha é uma das substâncias mais rigorosamen­te controladas nos termos da legis­lação federal dos Estados Unidos. O governo do país considera que é uma droga de Classe I, ou seja, a Divisão de Controle de Narcóti­cos considera que ela não tem ne­nhum valor medicinal. Na lista, ela figura na mesma posição que a he­roína e o LSD. Para fazer pesquisas sobre a maconha, os cientistas pre­cisam de aprovação de vários de­partamentos federais, o que acon­tece apenas raramente.

Aqui no Brasil, desde janeiro deste ano, está liberado o uso de um componente da maconha para uso medicinal, o canabidiol (CBD). Estudos apontam que o CBD aju­da pacientes com doenças neuro­lógicas, como epilepsia e esclerose múltipla. Ele pode ser útil até mes­mo em crianças, reduzindo a fre­quência de convulsões.

A maioria dos estudos sobre a maconha se concentram nos danos causados pela planta. Os estudos sobre suas qualidades medicinais são pequenos e ainda estão em es­tágios primários ou observacionais, na melhor das hipóteses. “Médicos tradicionais não vão chegar nem perto deste material, mesmo que tenham ouvido falar que funcio­na, porque sem a pesquisa, sem ele ser aprovado em orientações práti­cas legítimas, eles vão se preocupar com a sua licença e seu profissiona­lismo”, explica Sisley. “É por isso que é fundamental ter estudos controla­dos para que isso funcione”.

Um projeto de lei bipartidário chamado de Compassionate Ac­cess, Research Expansion, and Res­pect States Act (Ato Estatal para o Acesso Compassivo, Expansão de Pesquisa e Respeito, em tradução li­vre) foi introduzido no Senado nor­te-americano em março deste ano e deveria aliviar algumas dessas res­trições e tornar mais fácil os estu­dos da droga. Contudo, a legisla­ção está em comissão no momento. Se este ato for aprovado algum dia e os cientistas puderem começar a estudar a droga a sério, existem vá­rias áreas que podem ser alvo des­tas pesquisas, além do TEPT.

A seguir, serão apresentadas 18 doenças ou distúrbios que po­dem ser combatidos com o uso da maconha. Alguns efeitos são bem conhecidos, enquanto ou­tros precisam de mais pesquisas para ser comprovados.

1. Dor crônica e espasmos musculares

 

Um relatório recente das Aca­demias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA afirma que há evidências definiti­vas de que a Cannabis ou os cana­binóides (que são encontrados na planta da maconha) podem ser um tratamento eficaz para a dor crônica. O relatório diz que este é “de longe” o motivo mais comum pelo qual as pessoas solicitam a maconha medicinal.

Esse mesmo relatório afirma que há evidências igualmente for­tes de que a maconha pode ajudar com espasmos musculares relacio­nados à esclerose múltipla. Outros tipos de espasmos musculares tam­bém respondem ao tratamento. Es­pasmos de diafragma, por exemplo, que não são tratados por outros me­dicamentos prescritos, podem ser tratados com a Cannabis.

2. Melhora da capacidade pulmonar

 

Há uma quantidade razoável de evidências de que a maconha não prejudica os pulmões, exceto se o indivíduo também fuma tabaco. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Associa­tion descobriu que não só a maco­nha não prejudica a função pulmo­nar, mas também pode aumentar a capacidade dos pulmões.

Procurando fatores de risco de doença cardíaca, pesquisadores testaram a função pulmonar de 5.115 jovens adultos ao longo de 20 anos. Os fumantes de tabaco perderam a função pulmonar ao longo do tempo, mas os usuários de maconha mostraram um au­mento na capacidade pulmonar, mesmo que fumassem apenas al­gumas vezes por mês, como era o caso. É possível que o aumento da capacidade pulmonar seja devido a respirações profundas feitas du­rante o fumo, e não por causa de algum produto químico terapêu­tico na droga.

Os estudos apontam que mes­mo quem fuma maconha com fre­quência não tem problemas nos pulmões. Uma pesquisa mais re­cente de pessoas que fumavam dia­riamente por até 20 anos não en­controu nenhuma evidência de que fumar maconha também prejudi­casse seus pulmões. O relatório das Academias Nacionais diz que exis­tem bons estudos que mostram que os usuários de maconha não são mais propensos a ter tipos de cân­cer geralmente associados ao fumo.

3. Crises epiléticas

 

O primeiro teste clínico em grande escala de um derivado da cannabis, conhecido como canabi­diol, foi divulgado em maio do ano passado. O estudo mostrou ser ca­paz de reduzir a frequência das con­vulsões epilépticas graves em 39%, e o canabidiol (CBD) é o principal responsável por esses resultados.

“O canabidiol não deve ser visto como uma panaceia para a epilepsia. No entanto, para os pa­cientes com formas especialmen­te graves, que não responderam a inúmeros medicamentos, esses resultados dão a esperança de que logo poderemos ter outra opção de tratamento”, declara o pesqui­sador principal Orrin Devinsky, professor de Neurologia, Neuro­cirurgia e Psiquiatria no Lango­ne Medical Center, da Universi­dade de Nova York.

“Ainda precisamos de mais pesquisas, mas este novo teste dá mais provas do que jamais ti­vemos da efetividade do canabi­diol como medicamento para a epilepsia resistente ao tratamen­to” acrescenta Devinsky.

Os pesquisadores usaram uma forma líquida experimen­tal do CBD, chamada Epidiolex, que não foi aprovado pela Ad­ministração de Alimentos e Me­dicamentos (FDA) dos Estados Unidos. De acordo com o estu­do, no grupo tratado com CBD a frequência de convulsões di­minuiu em 39%, de uma média de quase 12 convulsões por mês para aproximadamente seis.

4. Síndrome de Dravet

 

Durante a pesquisa para seu do­cumentário “Weed”, o neurocirur­gião americano Sanjay Gupta entre­vistou a família Figi, que tratou sua filha de 5 anos usando uma cepa de maconha medicinal com altos índi­ces de canabidiol e baixos em THC.

A filha da família Figi, Charlot­te, tem síndrome de Dravet, uma doença que causa convulsões e atrasos de desenvolvimento seve­ros. De acordo com as gravações, a droga diminuiu suas convulsões de 300 por semana para apenas uma a cada sete dias. Quarenta outras crianças no estado usavam a mesma cepa de maconha para tratar suas convulsões quando o filme foi feito, e também apresen­tavam resultados positivos.

Os médicos que recomendaram este tratamento disseram que o ca­nabidiol na planta interage com cé­lulas cerebrais para silenciar a ati­vidade excessiva no cérebro que causa essas convulsões.

Gupta observa, no entanto, que um hospital da Flórida que se especializa na desordem, a Aca­demia Americana de Pediatria e a Agência de Controle de Dro­gas não endossam a maconha como um tratamento para Dra­vet ou outros distúrbios convul­sivos. Mais estudos precisam ser realizados para que conclusões oficiais sejam mais consistentes.

5. Câncer

 

O CDB pode ajudar a evitar que o câncer se espalhe, segundo um estudo feito por pesquisadores do California Pacific Medical Center, nos EUA, em 2007. Outros estu­dos muito preliminares sobre tu­mores cerebrais agressivos em ca­mundongos ou culturas de células mostraram que THC e CBD podem desacelerar ou diminuir os tumores.

Um estudo de 2014 descobriu que a maconha pode retardar significativamente o crescimen­to do tipo de tumor cerebral as­sociado a 80% do câncer cerebral maligno em pessoas. São neces­sárias mais pesquisas para des­cobrir se essas descobertas em culturas celulares e animais têm o mesmo efeito nas pessoas.

6. Glaucoma

 

Nos 29 estados americanos em que a maconha foi legalizada, uma das razões mais comuns para a per­missão é o uso da erva para o trata­mento e a prevenção do glaucoma, doença que aumenta a pressão no globo ocular, danificando o nervo óptico e causando perda de visão.

“Estudos no início da década de 1970 mostraram que a ma­conha, quando fumada, reduz a pressão intra-ocular (PIO) em pessoas com pressão normal e com glaucoma”, diz o National Eye Institute, nos EUA.

Por enquanto, o consenso mé­dico é que a maconha só diminui a PIO por algumas horas, o que signi­fica que não existem evidências de que ela pode funcionar como um tratamento a longo prazo agora. Os pesquisadores esperam que talvez um composto baseado em maco­nha que faça essa diminuição du­rar mais possa ser desenvolvido.

7. Ansiedade

 

Uma parte chave da ansiedade é o medo, e os poucos estudos que foram conduzidos com o uso do canabidiol sugeriram que o com­posto diminui o medo nas pes­soas, alterando a atividade em cer­tas regiões cerebrais. A afirmação vem de Carl Stevenson, co-autor da nova revisão de um estudo e Neurocientista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

De acordo com sua publicação na Live Science, os pesquisadores analisaram estudos anteriores que examinaram o uso de canabidiol em situações que provocam an­siedade. Em alguns dos estudos, os pesquisadores expuseram roedo­res a estímulos ameaçadores para induzir estresse nos animais e, ao dar canabidiol aos ratos, reduzia­-se o grau de ansiedade.

Efeitos semelhantes já foram mostrados em estudos envolven­do pessoas saudáveis e envolven­do pacientes com transtornos de ansiedade, de acordo com a revi­são publicada no British Journal of Pharmacology. Em um pequeno estudo realizado com 40 pessoas, publicado em 1993, os pesquisa­dores descobriram que o canabi­diol reduziu a ansiedade dos en­volvidos que foram submetidos a situações estressantes.

Em um outro estudo com 24 pessoas que tinham fobia social, os pesquisado­res descobri­ram que o CBD ajudou a reduzir a ansiedade desen­cadeada por uma tarefa de falar em públi­co, de acor­do com os resultados publi­cados em 2011 na re­vista Neuropsycho­pharmacology.

Mais pesquisas  são necessárias para analisar os mecanismos exatos pelos quais o canabidiol pode trabalhar no tratamento de pessoas com an­siedade. Mas alguns estudos de imagem cerebral em humanos sugeriram que o composto aju­da a regular a atividade de partes do cérebro que estão envolvidas em emoções negativas, incluindo o medo, disse Stevenson.

 

8. Mal de Alzheimer

 

A maconha pode diminuir a pro­gressão do mal de Alzheimer, suge­re um estudo de 2006, publicado na revista Molecular Pharmaceutics. A pesquisa descobriu que o THC re­tarda a formação de placas amilói­des, bloqueando a enzima no cé­rebro que as produz. Essas placas matam células cerebrais e estão as­sociadas ao Alzheimer.

Uma mistura sintética de CBD e THC também pareceu preser­var a memória em ratos com Al­zheimer. Outro estudo sugeriu que um medicamento baseado em THC chamado dronabinol foi capaz de reduzir os distúrbios comportamentais em pacientes com demência. Todos esses estu­dos estão em estágios muito pre­coces, porém, e mais pesquisas são necessárias.

9. Esclerose múltipla

 

A maconha pode aliviar os sintomas dolorosos da esclerose múltipla, de acordo com um es­tudo publicado no Canadian Me­dical Association Journal. Trinta pacientes com esclerose múlti­pla com contrações dolorosas em seus músculos participaram do teste. Esses pacientes não respon­diam a outros tratamentos, mas depois de fumar maconha du­rante alguns dias, eles relataram estar com menos dor.

Acredita-se que a cannabis pos­sa intervir nos espasmos causados pela EM pelo mesmo motivo que ela tem ajudado a tratar a epilepsia: seu efeito neuroprotetor. Diversas células humanas possuem recep­tores de canabinoides. Quando a maconha é consumida, certos ca­nabinoides, como o THC, se ligam a esses receptores. Quando essa co­nexão ocorre em células nervosas, o THC parece ter um efeito prote­tor, impedindo que as células inte­rajam demais entre si. Esse efeito é benéfico para células afetadas pela EM, já que a capa de mielina não está lá para aju­dar a proteger o neurônio. Pacientes relatam que os es­pasmos diminuem ou até desapa­recem quan­do eles conso­mem cannabis, seja o Sativex ou a ma­conha em sua for­ma natural.

10. Hepatite C

 

O tratamento para a hepatite C é difícil. Os efeitos colaterais incluem fadiga, náuseas, dores musculares, perda de apetite e depressão. Isso pode durar meses e acabar levan­do muitas pessoas a interromper o tratamento. Mas um estudo de 2006 no European Journal of Gas­troenterology and Hepatology des­cobriu que 86% dos pacientes que usavam maconha o completaram com sucesso. Apenas 29% dos não fumantes completaram, possivel­mente porque a maconha ajuda a diminuir os efeitos colaterais.

A maconha também parece melhorar a eficácia do tratamen­to: 54% dos pacientes com hepatite C, fumando maconha, reduziram seus níveis de vírus e os mantive­ram baixos, em comparação com apenas 8% dos não fumantes.

11. Doenças inflamatórias intestinais

 

Pacientes com doenças in­flamatórias intestinais como a doença de Crohn e colite ulcera­tiva podem se beneficiar do uso de maconha. Os pesquisadores da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, descobriram em 2010 que produtos químicos presentes na erva, incluindo THC e cana­bidiol, interagem com células do corpo que desempenham um pa­pel importante na função intesti­nal e nas respostas imunes.

O corpo faz compostos que au­mentam a permeabilidade dos in­testinos, permitindo que bactérias entrem. Mas os canabinoides na maconha bloqueiam esses com­postos, tornando as células intesti­nais mais unidas, deixando-as me­nos permeáveis. Novamente, mais estudos são necessários para com­provar a eficácia da erva no trata­mento destas doenças.

12. Estresse pós-traumático

 

Em 2014, o Departamento de Saúde Pública do Colorado, nos EUA, concedeu 2 milhões de dó­lares à Associação Multidiscipli­nar de Estudos Psicodélicos (um dos maiores defensores da pesqui­sa com maconha) para estudar o potencial da maconha para ajudar pessoas com transtorno de estres­se pós-traumático.

Os canabinoides de ocorrência natural, semelhantes ao THC, aju­dam a regular o sistema que causa medo e ansiedade no corpo e no cé­rebro. A maconha é aprovada para tratar esta condição em alguns esta­dos americanos, e no Novo México, por exemplo, o estresse pós-traumá­tico é o principal motivo para que as pessoas obtenham uma licença para a maconha medicinal.

Veteranos de guerra nos EUA são os que mais sofrem com o TEPT, mas o uso da maconha tem auxi­liado na superação dos traumas dos militares (Reprodução)

13. Obesidade

 

Um estudo publicado no Ame­rican Journal Of Medicine suge­riu que os fumantes de maconha são mais magros do que a média e têm um metabolismo e uma rea­ção mais saudáveis aos açúcares, mesmo que acabem comendo mais calorias.

O estudo analisou dados de mais de 4.500 adultos america­nos, 579 dos quais eram fumantes de maconha atuais, o que significa que eles haviam fumado no último mês. Cerca de 2.000 participantes haviam usado a droga no passado, enquanto outros 2.000 nunca ha­viam a ingerido.

Os pesquisadores estudaram como os corpos dos participan­tes responderam ao consumo de açúcares. Eles mediram os níveis de açúcar e de insulina no sangue depois que os participantes não haviam comido durante nove ho­ras e depois de terem comido açú­car. Os usuários de maconha eram mais magros e seus corpos apre­sentavam uma resposta mais sau­dável ao açúcar.

ff14. Mal de Parkinson

 

Uma pesquisa recente sobre o uso medicinal do canabidiol (CDB) mostrou que essa substân­cia extraída da maconha pode ser eficaz no tratamento de pacientes com mal de Parkinson. Segundo o professor José Alexandre Crip­pa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Uni­versidade de São Paulo (USP), um dos coordenadores do estu­do, pela primeira vez, o grupo de voluntários que ingeriu cápsulas contendo canabidiol apresentou melhoras na qualidade de vida e no bem-estar.

Durante seis semanas, a equi­pe monitorou 21 pacientes com Parkinson, divididos em três gru­pos: o primeiro recebeu 300 mg de canabidiol ao dia, o segundo 75 mg e o terceiro placebo (sem ne­nhum princípio ativo). Para que não houvesse influência psicoló­gica e sim um efeito farmacológi­co eficaz, nem os pacientes, nem mesmo os médicos tinham co­nhecimento sobre quem estava tomando qual cápsula.

Um terceiro integrante da pes­quisa numerou as substâncias e os dados foram cruzados apenas no final, quando foi constatada melhora no quadro dos pacientes que ingeriram canabidiol na dose de 75 mg, e ainda melhor na dose de 300 mg. “O mais importante é que o medicamento não apresenta efeito colateral, ao contrário dos já utilizados”, afirma Crippa.

Conforme o professor expli­ca, as drogas atualmente usadas no tratamento da doença causam efeitos colaterais negativos, como a chamada discinesia tardia, que são movimentos repetitivos invo­luntários de extremidades, e movi­mentos da língua e mordidas nos lábios, além de sintomas psicóti­cos, como escutar vozes, ter delí­rios e mania de perseguição.

Canabidiol pode ser a droga ideal para tratamentos neurológi­cos, explica o professor José Alexan­dre Crippa (Reprodução)

15. Acidente vascular cerebral

 

Pesquisas da Universidade de Nottingham mostram que a ma­conha pode ajudar a proteger o cérebro de danos causados por acidentes vasculares cerebrais, re­duzindo o tamanho da área afe­tada. Esta não é a única pesquisa que mostrou efeitos neuroproteti­vos da cannabis. Algumas pesqui­sas mostram que a planta pode ajudar a proteger o cérebro após outros tipos de trauma cerebral, e até mesmo proteger o cérebro de concussões e traumatismos.

Lester Grinspoon, professor de psiquiatria em Harvard e defen­sor da maconha, escreveu recen­temente uma carta aberta ao Co­missário Roger Goodell, da NFL. Nela, ele disse que a NFL deveria parar de testar o uso de maconha nos testes antidoping e que, em vez disso, a liga deveria começar a investigar a capacidade da planta para proteger o cérebro.

“Muitos médicos e pesquisa­dores acreditam que a maconha tem propriedades neuroproteto­ras incrivelmente poderosas, uma compreensão baseada em dados laboratoriais e clínicos”, escreveu Grinspoon. Goodell disse que con­sideraria permitir que os atletas usassem maconha se a pesquisa médica demonstrar que é um efe­tivo agente neuroprotetor.

Pelo menos um estudo recen­te sobre o tema descobriu que os pacientes que haviam usado a erva tinham menos chances de morrer por conta de lesões ce­rebrais traumáticas.

16. Artrite

 

Segundo uma pesquisa de 2011, a maconha alivia a dor, reduz a in­flamação e promove o sono, o que pode ajudar a aliviar a dor e o des­conforto para pessoas com artrite reumatóide. Pesquisadores de uni­dades de reumatologia em vários hospitais deram aos pacientes Sa­tivex, um medicamento para aliviar a dor baseado em canabinoides.

Após um período de duas sema­nas, estes pacientes tiveram uma redução significativa na dor e me­lhoraram a qualidade do sono, em comparação com outros usuários, que tomaram apenas um placebo. Outros estudos descobriram que os canabinoides derivados da planta e mesmo a maconha inalada podem diminuir a dor da artrite.

17. Quimioterapia

 

Um dos usos médicos mais co­nhecidos da maconha é para pes­soas que passam por quimiotera­pia. Pacientes com câncer tratados com quimioterapia sofrem de náu­seas dolorosas, vômitos e perda de apetite. Isso pode causar complica­ções de saúde adicionais.

A maconha pode ajudar a redu­zir esses efeitos colaterais, aliviar a dor, diminuir a náusea e estimular o apetite. Existem também vários fármacos canabinoides que utili­zam THC para o mesmo propósito.

A quimioterapia é um trata­mento que provoca um desgaste muito grande e seus efeitos cola­terais são muitos. O uso da maco­nha pode aliviar grande parte des­ses efeitos (Reprodução)

18. Alcoolismo

 

A maconha é mais segura do que o álcool. Isso não quer dizer que ela seja livre de riscos, mas a cannabis é muito menos viciante do que o álcool e não chega perto de causar tanto dano físico. Distúr­bios como o alcoolismo envolvem interrupções no sistema endoca­nabinoide. Por isso, algumas pes­soas acreditam que a cannabis pode ajudar os pacientes que es­tão lutando com esses distúrbios.

Pesquisas publicadas no Harm Reduction Journal descobriram que algumas pessoas usam a erva como um substituto menos nocivo para o álcool, medicamentos pres­critos e outras drogas ilegais. Algu­mas das razões mais comuns pelas quais os pacientes fazem essa subs­tituição são a de que a maconha tem menos efeitos colaterais nega­tivos e é menos provável que cause problemas de abstinência.

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