Cotidiano

Perda auditiva na infância

Diário da Manhã

Publicado em 17 de maio de 2018 às 01:12 | Atualizado há 7 anos

Atraso na fala de crianças de até dois anos de idade é um dos prin­cipais sintomas de perda auditiva, segundo a fonoaudióloga Marcella Viddal. Muitos pais só buscam tra­tamento para o problema de audi­ção dos filhos quando outros sinais começam a surgir. Diagnósticos equivocados e o costume de es­perar que a criança desenvolva o diálogo naturalmente podem cau­sar danos irreparáveis na infância e até na vida adulta.

“Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de desenvolvimento da criança, além de melhores resultados no proces­so de tratamento que possibilitam que o desempenho comunicativo seja alcançado mais rapidamente, muito próximo ao de crianças ou­vintes”, explica Marcella Vidal. De acordo com ela, a perda auditiva pode ser diagnosticada com uma audiometria, um exame que de­tecta a doença em até 90% dos ca­sos, dependendo da idade.

Com o passar do anos, por causa da falta de diálogo com outras pes­soas, a perda auditiva afeta a socia­lização e a autoestima das crianças e pode também prejudicar bastan­te seu desenvolvimento cognitivo e a alfabetização. De acordo com o Censo Escolar, entre 2011 e 2016 houve uma redução de 23% no uni­verso de estudantes surdos, o que dá a entender que esse público estaria deixando a escola. Não raro, há pes­soas que só identificam a perda au­ditiva na universidade e descobrem que a dificuldade de aprendizagem ou até mesmo o déficit de atenção diagnosticado na infância era, na verdade, uma perda auditiva.

Dados da OMS apontam que aproximadamente 32 milhões de crianças, no mundo inteiro, têm al­gum tipo de deficiência auditiva, sendo que 40% dos casos ocorrem devido problemas genéticos e 31% por infecções, como sarampo, ru­béola e meningite. No Brasil, segun­do dados do Censo de 2010 realiza­do pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um milhão dos 9,7 milhões de pessoas que têm deficiência auditiva são jovens de até 19 anos. Estima-se que três em cada 1.000 crianças sofrem com al­gum tipo de perda auditiva.

Mesmo que a criança, quan­do recém-nascida, tenha passado pelo Teste da Orelhinha sem apre­sentar alterações, ao menor sinal de atraso na fala é importante que ela faça exames regulares. A perda auditiva pode ser genética ou pro­gressiva, ou mesmo ser causada por medicamentos ototóxicos, se manifestando, portanto, ao longo da infância. Exames como o PEA­TE (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico) e o EOA (Emis­são Otoacústica) podem detectar o grau de perda auditiva, servindo como ponto de partida para que o médico otorrinolaringologista in­dique o tratamento mais adequa­do para cada caso.

“O processo de maturação do sistema auditivo central ocorre du­rante os primeiros anos de vida. Por isso, a estimulação sonora neste período de maior plasticidade ce­rebral é imprescindível, já que para o aprendizado da linguagem oral e, consequentemente, o desenvolvi­mento intelectual, emocional e de habilidades, é preciso que as crian­ças interajam com seus interlocu­tores e, assim, estabeleçam novas conexões neurais. É importante en­fatizar também que há diferenças entre ouvir e escutar. Os sons que entram pelos ouvidos precisam fa­zer sentido, ter significado”, pontua a fonoaudióloga que é também es­pecialista em audiologia.

 

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