PF desmascara esquema de venda ilegal de carnes em Goiás, DF e em mais cinco estados
Júlio Nasser
Publicado em 17 de março de 2017 às 18:57 | Atualizado há 4 meses
Foto:Divulgação/PF
Após quase dois anos de investigação, a Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta sexta-feira, 17, a Operação “Carne Fraca” que apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Ao todo, são cumpridos 309 mandados judiciais em Goiás, Distrito Federal e em mais cinco estados.
A ação investiga a participação de grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e a Perdigão, além da JBS, que detém a Friboi, Seara, Swif, entre outras marcas. A corporação também descobriu a participação de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná e, Larissa, do mesmo estado e que também tem uma unidade em São Paulo.
Em Goiás, são cumpridos 13 mandados judiciais em Goiânia, sendo um de prisão preventiva, quatro conduções coercitivas e oito de busca e apreensão. Segundo a PF, as investigações apontam que o esquema no estado, era liderado pelo chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal/Divisão de Defesa Agropecuária/Superintendência Federal de Agricultura em Goiás (Sipo/DDA/SFA-GO), o médico veterinário Dinis Lourenço da Silva.
Segundo os investigadores, Dinis Silva é “uma figura que, pelo que se observou das interceptações telefônicas, regularmente se envolve com práticas criminosas em troca dos mais diversos ‘favores’ prestados por representantes de empresas que deveriam ser fiscalizadas com isenção e profissionalismo”.
Investigações
Conforme a PF, as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente em defesa de grupos empresariais em detrimento do interesse público.
Os investigados supostamente usufruíam do poder de fiscalização do cargo, mediante pagamento de propina, para facilitar a liberação de alimentos adulterados, com certificados sanitários fraudulentos sem que os produtos passassem pela devida fiscalização.
Dentre as ilegalidades praticadas pelo setor público, a corporação descobriu que houve remoção de agentes públicos com desvio de finalidade, com o objetivo de atender interesses dos grupos privados. A ação permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que agiam em total desrespeito à legislação vigente.
As apurações também se atentaram sobre dois pontos curiosos praticados durante o esquema. Durante a perícia de gravações telefônicas, os investigadores descobriram que vários frigoríficos do país vendiam carne imprópria para o consumo tanto no mercado interno, como para o externo.
Para disfarçar o cheiro dos produtos vencidos as empresas aplicavam produtos químicos, além de, em alguns casos, inserir papelão em lotes de frango e carne de cabeça em linguiças.
Operação
Conforme a PF, esta é a ação que em números, é a maior operação já realizada pela corporação no país. À imprensa, o delegado federal Maurício Moscardi Grillo afirmou que as investigações apontam que os partidos PP e PMDB eram beneficiados com propina envolvendo o esquema nos últimos dois anos.
A operação conta com a participação de 1,1 mil policiais federais, que cumprem os mandados judiciais em São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.