Polícia Civil e UFG investigam ranking da ‘pegação’ dos estudantes
Júlio Nasser
Publicado em 28 de maio de 2016 às 01:50 | Atualizado há 4 meses
A ‘diversão’ polêmica dos estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) batizado de “Ranking dos Jogos Internos da Universidade Federal de Goiás (InterUFG) “ pode ter consequências drásticas.
Conforme a brincadeira de péssimo gosto, os alunos ranqueiam o tipo de homem através da mulher que ele ficar durante o evento. O ‘concurso’ tem uma regra rígida: será eliminado da competição o rapaz que ficar com um travesti.
O beijo em uma mulher gorda ou preta e feia rende 0,5 ponto a menos a cada meia hora.
O reitor Orlando Amaral afirmou ontem que uma sindicância vai investigar o caso e se comprovarem envolvimento de estudantes da UFG eles serão afastados da instituição. Orlando informou que as penalidades variam da advertência verbal ou escrita à exclusão dos quadros da UFG.
O assunto teve repercussão além das esferas universitárias e criminais. Em suas redes sociais, o deputado federal João Campos, relator do Novo Código de Processo Penal, disse que toda forma de desrespeito possível foi incluída na lista da UFG: “Tem tudo aí: racismo, homofobia, desrespeito à dignidade da mulher. E tudo isso acaba por revelar um homem despido de valores e princípios”.
O deputado elogia o trabalho da polícia e pede que sejam punidos os mentores da lista: “São mesmo universitários? Que famílias pertencem estes jovens? É preciso punir quem articulou e programou tal regulamento”.
A Polícia Civil pretende avaliar se ocorreu crime de racismo, por conta de expressões como “mulher pretinha” e “preta feia”.
O InterUFG ocorre até domingo e reúne universitários em diversas modalidades de competição esportiva. Após os jogos os estudantes participam de festas. É aí que o ranking tem causado discussão e a imaginação sexista de alguns participantes tem extrapolado o bom senso.
O mais grave é que a lista dos estudantes analisa cor e estado civil, por exemplo. Com o nome de “Regulamento InterUFG 2016”, a regra cria um tom preconceituoso aos jovens que participam da ‘brincadeira’.
A Universidade Federal de Goiás (UFG) informou, por meio de nota, que não patrocina o evento nem endossa qualquer manifestação de “preconceito e violência de gênero”.
A organização do evento também se manifestou nas redes sociais e disse que o InterUFG não é responsável pelas regras. Os responsáveis pelo evento repudiam as ações e garantem realizar um evento com segurança.
PRECONCEITOS
A maior pontuação da ‘regra’ vai para quem manter relações sexuais durante o InterUFG 2016.
A mesma regra diz que mulher casada rende dez pontos para o ‘pegador’. ‘Pegar’ uma “gostosa e gata” concede oito pontos para o homem.
Por sua vez, uma mulher “pretinha bonitinha” rende dois pontos.