Cotidiano

Polícia Civil prende um dos maiores traficantes de drogas de Goiás

Redação

Publicado em 23 de setembro de 2015 às 21:02 | Atualizado há 4 meses

Hélmiton Prateado

A Polícia Civil de Goiás apresentou ontem o traficante Iterley Martins de Souza, 32 anos, preso em Fortaleza após ficar foragido da Justiça desde 2008. Ele é apontado como o principal traficante de drogas de Goiás e líder de uma facção criminosa que está em guerra com outras quadrilhas e aumentou o número de homicídios na capital nos últimos meses. Contra Iterley existam sentenças que somadas alcançam mais de 50 anos de condenações, além de mandados de prisão preventiva por crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, formação de quadrilha e homicídios.

Para delegados e agentes que trabalharam na Operação Hidra, destinada a prender o traficante, mesmo escondido sob falsa identidade ele ainda comandava o tráfico em Goiânia, principalmente na Região Sudoeste. Com ele os policiais apreenderam três telefones celulares que serão periciados e as degravações vão integrar processos em andamento. Iterley vivia em uma casa simples, em um bairro de classe média baixa, sem nenhuma ostentação e para manter as aparências ele tinha até um pequeno comércio de calçados e roupas, de onde, disse ele, tirava seu sustento.

Uma equipe da Delegacia Estadual de Combate a Narcóticos (Denarc) efetuou a prisão dele em Fortaleza, no bairro de Vila Velha, a algumas quadras da Praia de Iparana e próximo da barra do Rio Ceará. Segundo o delegado Alécio Moreira, titular da Denarc, desde abril desse ano os policiais tinham notícia de que Iterley estava em Fortaleza. “Desde que saiu da prisão, Iterley morou em um período no Mato Grosso e em Lauro de Freitas, na Bahia, antes de ir para o Ceará”.

Iterley Martins vivia com sua esposa, Juliana de Carvalho Oliveira, que ficou paraplégica após ser vítima de tiros em um atentado feito por seis indivíduos em maio de 2007. Ela vivia com documentos originais e fazia reabilitação em um hospital público de Fortaleza. Os policiais monitoraram até essa atividade de Iterley. Ele usava documentos falsos em nome de Igor Batista Oliveira e chegou a ser parado por policiais em blitz nos arredores de Fortaleza. Como não havia nenhuma relação com o nome Igor e aparentemente o documento estava legal sua presença passou despercebida pelos policiais cearenses.

Iterley -CELA (3)                   Foto: Divulgação

Campana

Uma equipe liderada pelo delegado adjunto da Denarc, Miguel da Mota, e cerca de 10 agentes foi para Fortaleza descobrir onde exatamente Iterley estava vivendo. Desde que tiveram certeza de que ele estava na capital cearense intensificaram os trabalhos visando prendê-lo. O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, João Carlos Gorski, ressaltou que o trabalho da instituição é voltado para realizar sua missão constitucional de descobrir autoria de crimes e prender bandidos. “Nenhum bandido ficará inalcançável para a Polícia Civil de Goiás”, frisou.

Em Fortaleza os policiais trabalharam no absoluto anonimato com carros locados e disfarçados de turistas. Quando descobriram o paradeiro de Iterley a atenção se voltou para aferir sua rotina e escolher o melhor momento para fazer a abordagem. Eles ainda não sabiam que ele utilizava o nome falso de Igor. A preocupação de Iterley em apagar vestígios e não levantar suspeitas chegou ao ponto dele andar com uma caminhonete Nissan Frontier com documentos verdadeiros e todos os impostos pagos, porque se abordado por alguma autoridade não teria dificuldade em seguir seu caminho.

Prisão

Os agentes monitoraram seus passos até a chegada de reforços enviados de Goiânia, comunicaram a Polícia Civil do Ceará sobre a prisão que seria efetuada para não ampliar a ocorrência na rua onde ele seria abordado e por volta das 16 horas de segunda-feira fizeram a abordagem para prendê-lo.

Segundo o delegado Miguel da Mota ele não esboçou reação, não possuía armas consigo nem em casa e demonstrou profunda surpresa sobre como a Polícia Civil de Goiás o descobriu escondido em Fortaleza. “Ele perguntou várias vezes como chegamos ao seu paradeiro e pensou até mesmo que tivesse sido delatado por algum antigo comparsa que pudesse saber de seu destino”.

Finanças

O delegado Alécio Moreira diz que a guerra com outras facções criminosas fez Iterley perder muito dinheiro e suas finanças estão combalidas e em nada lembram quando ele agia livremente em Goiânia. “Mesmo de longe ele mantinha o controle sobre o tráfico em sua região e comandava os pontos de distribuição”.

Guerra

Apesar de ter contra ele acusações de que mandava matar desafetos no tráfico, Iterley não foi flagrado nos telefones monitorados pela Polícia Civil mandando ser praticado algum homicídio. “O que ele nos disse foi que ‘os meninos’ estavam morrendo e reagiram para não ser novas vítimas”, explicou o delegado. Os “meninos” a que Iterley se refere são os “soldados do tráfico” a seu serviço.

Despesas

No avião de volta para Goiânia 

A operação final para prender Iterley custou aos cofres públicos aproximadamente R$ 20 mil, de acordo com o delegado Alécio. Essa quantia considerada baixa para uma prisão com esse significado foi dispendida em diárias de hotel, locação de carros para as equipes e outros gastos eventuais.

 

Preso, Iterley nega que comande tráfico

Iterley Martins de Souza, vulgo Magrelo, disse que fugiu de Goiás após sair da cadeia através de um habeas corpus concedido pela Justiça para não ser morto. Ele foi alvo de um atentado, ocasião em que sua esposa foi ferida com tiros nas costas e ficou paraplégica. Iterley nunca abandonou a esposa e cuidava dela com dedicação, segundo os policiais que o monitoraram. O casal tem dois filhos, sendo que o mais novo, de menos de dois anos nasceu enquanto a família estava em fuga.

“Agora quero pagar minha conta com a Justiça e depois disso reconstruir minha vida”, disse Iterley. Ele disse ter medo de ir para a Casa de Prisão Provisória e até para o Presídio Odenir Guimarães por receio de ser morto por antigos rivais. Sobre quem cuidará de sua esposa e filhos ele disse que sua família ficará com essa responsabilidade.

Iterley negou que comande o tráfico em Goiânia e que tenha qualquer relação com a venda de drogas ou de estar em guerra com outros líderes do crime, como Tiago Topete. Disse ainda que foi condenado a 45 anos de prisão por homicídio julgado à revelia e sem ter nunca comparecido em juízo.

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