Polícia Federal diz que gabarito e tema da redação do Enem 2016 vazaram
Júlio Nasser
Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 16:38 | Atualizado há 8 anosA Polícia Federal (PF) enviou um relatório ao Ministério Público Federal (MPF) referente ao inquérito policial que apura o vazamento do gabarito das provas do primeiro e do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016, além do tema da redação para pelo menos dois candidatos. A corporação acredita que houve crime de estelionato qualificado no caso.
Conforme publicado pelo Estadão, o procurador da República do Ceará, Oscar Costa Filho, que move uma ação pedindo a anulação da prova, “uma quadrilha organizada nacionalmente teve acesso antecipado às provas”, o que para ele compromete a “lisura do exame a própria credibilidade da logística de segurança que vem sendo aplicada”.
Costa Filho ainda acrescenta que o possível vazamento violou o tratamento isonômico que deve ser assegurado aos candidatos. O recurso com o pedido de anulação do exame tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife (PE).
No documento enviado ao MPF, a PF ressalta que após a análise de celulares que foram apreendidos durante operações nos dias em que as provas do Enem foram aplicadas, conclui-se que os candidatos receberam fotografias das provas e tiveram acesso aos gabaritos, além do tema da redação, antes do início do exame.
Segundo a corporação, os candidatos tiveram acesso à “frase-código” da prova de cor rosa, o que permitia que candidatos que fariam provas diferentes pudessem preencher o cartão de respostas de acordo com o gabarito transmitido pela organização criminosa, não importando a cor do exame.
No relatório consta tanto o gabarito quanto a “frase-código”, que foram divulgados antes do exame, o que garante a responsabilidade de afirmar que houve vazamento da prova.
As investigações apontam, ainda, que apesar de dois candidatos terem sido detidos durante as operações policiais em diferentes estados (MG e MA), ambos receberam exatamente as mesmas fotos com gabaritos das provas, porém de intermediários diferentes, deixando claro que a origem do vazamento das informações é a mesma.
Já em relação à redação, os investigadores identificaram que os candidatos presos iniciaram pesquisas no Google sobre o tema que seria cobrado no exame a partir de 9h38 do dia 6 de novembro, o que indica que os mesmos tiveram acesso ao tema antes do início da aplicação das provas.
O Ministério da Educação ainda não se posicionou sobre o caso.