Cotidiano

Preço internacional do petróleo fecha em alta

Diário da Manhã

Publicado em 23 de maio de 2018 às 01:01 | Atualizado há 7 anos

Os mercados abriram ontem, terça-feira, com a cotação do pe­tróleo Brent em alta. Às 16 ho­ras, estava a 79,50 dólares o barril, mas acabou fechando em 79,49. Há uma grande preocupação dos investidores com a oferta global. Irã e Venezuela, juntos, represen­tam quase 10% da produção mun­dial do precioso líquido.

A cotação do petróleo disparou na segunda-feira após Mike Pom­peo, secretário de Estado dos EUA, ter dito que Trump exigirá grandes mudanças no Irã como condição para retomada do acordo nuclear, com a possibilidade de sanções ainda mais duras. Qualquer novo acordo nuclear irá exigir que o Irã pare de enriquecer urânio e que retire o apoio a grupos guerrilhei­ros no Oriente Médio.

A preocupação de que os EUA irão impor novas sanções à Vene­zuela, por não se conformarem com a vitória eleitoral de Maduro, também impulsionava os preços, já que a produção de petróleo do País continua a cair para seu nível mais baixo em décadas.

Contratos futuros de petróleo Brent, referência para preços do petróleo fora dos EUA, saltavam 1,14%, e eram negociados a US$ 80,12 o barril às 11h10, seu ní­vel mais alto desde novembro de 2014. Os preços do petróleo subi­ram mais de 70% no ano passado devido ao aumento da demanda e à restrição de oferta pela Orga­nização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

E o Brasil com isso? Não somos suficientes em petróleo? Sim, so­mos. Desde meados do governo Lula a Petrobras vem produzin­do todo o petróleo de que o Bra­sil precisa. O problema é que pe­tróleo cru não serve para nada. É preciso refiná-lo, transformá-lo em combustíveis e em matéria­-prima para chamada indústria petroquímica. Aí começam nos­sos problemas.

A capacidade de refino do Bra­sil não é suficiente para atender à demanda. Importamos gasolina e diesel. Exportamos petróleo cru, para importá-lo na forma de com­bustíveis. A Petrobras, sob a gestão Pedro Parente, paralisou as obras de três refinarias, uma no Estado do Rio e duas no Nordeste Bra­sileiro (Maranhão e Pernam­buco). Essas decisões fazem parte do plano de “desinves­timento” adotado pela direto­ria nomeada pelo Presidente Temer. Essas refinarias já de­veriam estar em operação tor­nariam o Brasil auto-suficien­te também em combustíveis.

Pedro Parente, presidente da Petrobras, afirma o tempo todo que vai administrar a Pe­trobras como se fosse uma em­presa comercial qualquer, em que o foco é “eficiência”, “liqui­dez”, “produtividade”, “remune­rar os acionistas”–e outras cha­vões da doutrina neoliberal A partir daí, começou a vender ativos, fazer “impairment”, an­tecipar pagamentos a fundos abutres, por conta de acordo para encerrar causas que deve­ria ganhar na Justiça americana.

A Petrobras adotou nova metodologia de reajuste de preços dos combustíveis em 3 de julho de 2017 e, desde então, a gasolina acumula alta de 22% e o diesel de 21,5%. Estas altas refle­tem a combinação de dois fatores venenosos: a alta do preço do pe­tróleo no mercado internacional e a alta interna do dólar.

Caminhoneiros de todo o País resolveram parar em protesto contra os constantes aumentos dos combustíveis. O presidente Temer chegou a convocar uma reunião de ministros com o pre­sidente da Petrobras para debater o assunto. Ao sair da reunião, Pa­rente afirmou que o governo não considera mudar política de pre­ços da Petrobras

Ao fim da reunião com os minis­tros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Fran­co, ontem, em Brasília, no Ministé­rio da Fazenda, o presidente da Pe­trobras, perguntado se a redução dos preços da gasolina e do diesel, anunciada ontem, pela empresa, foi feita por pressão política, Paren­te explicou que a decisão foi toma­da em função da queda do dólar.

“A redução de hoje é simples de entender: houve uma redução im­portante de câmbio. É a prova de que essa política tanto funciona na direção de subir os preços quanto de cair os preços. O Banco Central interveio com mais intensidade no mercado ontem, houve uma redu­ção de câmbio e isso foi refletido no preço de hoje”, explicou.

Parente não falou sobre reto­mada das obras parada das refina­rias. O Brasil ainda tem refinarias privadas, mas de pequeno porte, ou inviabilizadas por exigências ambientais. Na agenda da inicia­tiva privada brasileira, não há pla­nos para investimentos no setor. Refinarias são caríssimas e o in­vestimento só retorna no longo prazo. Muitos empresários prefe­rem importar derivados aprovei­tando a capacidade ociosa do par­que de refino estrangeiro.

Por outro lado, as empresas multinacionais que vêm operan­do os campos do pré-sal preferem exportar o óleo sem refino, devido as vantagens competitivas no frete em relação ao Oriente Médio. Se o Estado Nacional, através da Petro­bras, não investir em refinarias, a iniciativa privada não o fará, pois exportar óleo crú está dando mais dinheiro. Antes de Lula ter iniciado a construção das refinarias, cujas obras estão parada, as últimas refi­narias construídas no Brasil foram as que o presidente Geisel mandou fazer. Refino de petróleo é infraes­trutura estratégica, como energia elétrica e sistemas de transportes. Investimento de longa maturação e retorno duvidosos.

A curto prazo, a úncia forma de passar o negócio do refino para a inciativa privada, segundo analis­tas de mercado, seria por meio da privatização das usinas em opera­ção, vendendo a preço vil as refi­narias que custaram bilhões aos cofres da Petrobras. Ainda assim, não haveria interessados, já que importar é mais barato uma vez que há excedente mundial em ca­pacidade de refino.

 


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