Cotidiano

Presos começam a trabalhar nos parques

Diário da Manhã

Publicado em 15 de maio de 2018 às 03:17 | Atualizado há 4 meses

Com uma jornada de traba­lho de segunda a sexta-feira, das 7 às 11 horas e de 12 às 16 horas, 50 presos do regime semiaberto do Complexo Prisional de Apa­recida de Goiânia começaram a participar ontem do projeto Re­cuperando Pessoas e Parques, no Bosque dos Buritis em Goiâ­nia. A iniciativa é do Ministério Público do Estado de Goiás (MP­-GO), em parceria com a Agên­cia Municipal do Meio Ambien­te (Amma), o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e a Secretaria de Segurança Públi­ca do Estado de Goiás (SSP-GO).

O objetivo do projeto é a ressocializa­ção dos deten­tos, com uma oportunidade de trabalho e o recebimento de um salário mí­nimo, e desta forma também é previsto a re­mição de pena, pela dedução de um dia para cada três dias de serviço. Eles ficaram res­ponsáveis pela manutenção e limpeza de to­dos os parques de Goiânia e outras áreas verdes do município.

“Esse é um projeto muito bo­nito, complementando as ações nos parques e abrindo as por­tas para esses novos integrantes de nossa equipe. A proposta tem ainda essa função importante de inserção social, dando oportuni­dade para que eles peguem um ritmo de trabalho”, avaliou o pre­sidente da Amma, Gilberto Mar­ques Neto. O órgão será encar­regado pelo acompanhamento e direcionamento dos serviços.

Segundo o promotor Marcelo Celestino, responsável pelo mo­nitoramento do sistema prisio­nal goiano, e autor da iniciativa, a meta é transformar os 50 pos­tos de trabalhos em 300 na capi­tal. Já na esfera estadual o projeto tem o objetivo de ter a participa­ção de três mil presos. Os presos participantes são selecionados a partir de critérios como interesse e bom comportamento.

“O interesse do cumprimento fiel das atividades nos parques é, sobretudo, dos presos, pois eles sabem que qualquer falha pode levá-los de volta ao regime fecha­do e assim perderem a progressão da pena e deixarem de receber um salário mínimo pelo trabalho nos parques”, ressaltou o promo­tor Marcelo Celestino.

Para Cleidson Vinicius Mu­niz, um dos 50 detentos que participam da iniciativa, essa é a oportunidade que ele preci­sava para iniciar uma nova vi­da.“Meu futuro começa aqui e eu vou limpar o que sujei, vou construir uma vida melhor. O que fiz foi errado, agora vou fa­zer é com coisas boas”, disse.

RESSOCIALIZAÇÃO

A população carcerária do Brasil chegou a 727 mil e se tor­nou a terceira maior do mun­do. A informação é do relatório mais recente do Levantamento Nacional de Informações Peni­tenciárias (Infopen), do Minis­tério da Justiça. Destes, só 12% dos presos, em média, estudam, e 15% trabalham.

Para a psicóloga Catarina Pe­droso, o Estado deveria intervir mais na ressocialização dos de­tentos. “Estratégias como uma porcentagem de vagas no próprio Poder Público destinadas a egres­sos do sistema prisional; 5%, 10% dos postos de trabalho já é uma medida que absorveria um pou­co essa população que está sain­do dos presídios”, avaliou.

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