Professores deflagram paralisação
Diário da Manhã
Publicado em 10 de março de 2017 às 02:12 | Atualizado há 4 meses
- Professores da rede estadual de Goiás decidiram na última quarta-feira (8) pela deflagração de uma greve geral
Em uma escola da rede pública de ensino em Araçatuba (SP), um pouco antes do Carnaval, uma professora foi mordida com força no braço por uma aluna de 14 anos, depois de ser repreendida por mau comportamento em sala de aula. O fato virou caso de polícia. “Problemas de agressão e de intimidação de professores por alunos, infelizmente, são frequentes no Brasil. E o número de ocorrências deve ser maior do que se imagina. Por diversas razões, muitos casos devem ser desconhecidos”, acredita Fábio Silva, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino.
O Brasil é um dos países mais hostis com seus professores, principalmente da rede pública de ensino. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2014. Entre 34 economias avançadas ou emergentes, em que mais de 100 mil professores foram entrevistados, o Brasil lidera o ranking de violência nas escolas. Dos educadores que foram escutados aqui, 12,5% disseram já ter sofrido agressões verbais ou intimidações por parte de alunos, ao menos uma vez por semana.
“É um número impressionante, se comparado à média observada nessa pesquisa. Nos outros países, apenas 3,4% dos professores disseram fazer parte desse grupo. Essa violência se deve, entre outros fatores, principalmente à falta de valorização que damos aos nossos professores”, diz o coordenador pedagógico. A pesquisa também aponta para isso. Para apenas 12,6% dos entrevistados, a profissão é valorizada no Brasil.
GREVE EM GOIÁS
Profissionais da educação de todo o estado estiveram reunidos na manhã desta quarta-feira (8), em frente à Assembleia Legislativa e decidiram por unanimidade pela adesão à Greve Geral da categoria a partir do dia 15 de março. A decisão foi tomada durante Assembleia Geral da Rede Estadual, que reuniu mais de 2 mil pessoas e foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego).
Reivindicação
A pauta de reivindicação é baseada em três pontos: rejeição à Reforma da Previdência, pagamento do Piso dos professores, pagamento da Data-base dos administrativos. Os servidores também reivindicam aumento salarial aos servidores temporários que estão há três anos sem reajuste, e regularização no atraso do pagamento do vale-transporte.
“A força dos profissionais da educação deve ser mostrada neste momento em que nossa carreira está comprometida com estas arbitrariedades apresentadas pelo Michel Temer e pelo governador Marconi Perillo”, disse a presidenta do Sintego, Bia de Lima.
Conforme o Sintego, uma nova assembleia hoje, sexta-feira (10), vai definir se os professores da rede municipal de Goiânia também vão aderir à paralisação.