Que tal um churrasquinho e uma cervejinha?
Redação DM
Publicado em 17 de junho de 2018 às 01:53 | Atualizado há 7 anos
“Neymar desce pela esquerda, olha o gol, olha gol, goooooooolllllll”. A frase do narrador Galvão Bueno virou um símbolo há décadas das Copas do Mundo. Ao longo dos anos, o global é responsável por trazer os detalhes das partidas para a população brasileira por meio de sua icônica voz. No entanto, não é apenas o tradicional jeito de Galvão, as jogadas e gols que esperamos ansiosamente durante quatro anos. Em dia de jogo, já virou ritual ir a um bar ou restaurante para torcer pela seleção canarinha. Assim, citando o cronista esportivo Nelson Rodrigues, “para nós, o futebol não se traduz em termos técnicos e táticos, mas puramente emocionais”.
Em estimativa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Copa do Mundo deverá provocar incremento de R$ 251,7 milhões no faturamento das atividades especializadas em serviços de lazer, como bares e restaurantes. Segundo a pesquisa, o aumento da clientela nesses lugares terá aumento que corresponderá a 3,3% da arrecadação média mensal normal. A CNC informou ainda que 9,9% das famílias brasileiras que moram em capitais pretendem fazer algum tipo de gasto relacionado ao setor de alimentação por conta do mundial de 2018. Nos últimos quatro anos, os serviços de alimentação acumularam uma variação média de 29,9%.
O jornalista Thompson Silva, 25, relatou que não irá perder nenhum jogo do Brasil na Copa do Mundo. Fã de futebol, ele disse que os jogos da seleção precisam ser vistos com amigos ou pessoas que compreendam a importância do futebol para a consciência coletiva da nação. De acordo com ele, as festividades devem ocorrer na casa de familiares ou em sua própria residência, onde já é tradição receber amigos para assistir aos jogos. “O clima de Copa é churrasco e cerveja”, diz ele, que dispensa o discurso de que “a Copa do Mundo é pão e circo”. “Não faz o menor sentido (o discurso) porque problemas existem no mundo, e sempre irão existir, isso não é problema da Copa do Mundo em si”.
Morador da região sul do Brasil, o estudante universitário Luís Guilherme Tavares, 26, afirmou que “o clima de Copa do Mundo é sensacional”. Segundo ele, “a gente espera quatro anos para assistir jogos com nível técnico ruim e fazer piadas com argentinos, além de torcermos para que o hexa saia de uma vez por todas”. “Esse clima é muito interessante e, para mantê-lo vivo e pulsando, é preciso procurar um bar e beber algumas cervejas com amigos”, diz ele, que é corintiano, entre risadas. Os jogos do mundial, frisa o estudante, são diferenciais em relação aos outros. “Mexem com a gente, com nossos sentimentos e sensações. Sentimos essas coisas só a cada quatro anos”, arremata.
Em função disso, o diretor de Desenvolvimento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Lucas Pêgo, disse que é esperado aumento de 50% na estréia da seleção brasileira na Copa da Rússia, o que representa um grande aumento no fluxo de pessoas nesses estabelecimentos em relação ao último mundial. Ele pontuou ainda que a expectativa é de 30% do incremento no consumo da primeira fase da Copa. Mais ou menos esse número é o esperado pelo proprietário do Buteco do Afonso, no Setor Criméia Leste. Tradicional ponto da boemia na região, desde a semana passada, o bar está com bandeiras verde e amarela estendidas.
MOVIMENTO
O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgaram ontem pesquisa realizada nas capitais brasileiras. De acordo com o estudo, é esperado que cerca de 60 milhões de consumidores brasileiros gastem com produtos ou serviços relacionados à Copa do Mundo. Mesmo que 25% dos entrevistados admitiram que não gostam de futebol, os jogos do escrete canarinho devem movimentar R$ 20,3 bilhões nos setores de comércio e serviços em todo o território nacional.
Segundo a pesquisa, o foco da maior parcela de gastos está ligado ao consumo de alimentos e bebidas para o acompanhamento das partidas nas próprias residências, como tira-gostos (56%), pipocas (37%), salgados (39%), cerveja (74%), refrigerantes (72%), agia (69%) e itens para churrasco (49%). Ao todo, esses gastos contemplam 91% dos entrevistados. Embora a o estudo tivesse registrado toda a movimentação financeira, metade dos consumidores não pretendem fazer compras nos horários de transmissão dos jogos.
Por outro lado, em 17% dos casos, a empresa onde o entrevistado trabalha vai liberá-los durante os jogos da seleção brasileira. Os trabalhadores que disseram ter horário flexível de trabalho ou que vão fazer uma pausa no expediente representam 14% dos entrevistados. Já 6% afirmaram que não irão trabalhar regularmente e sem pausa enquanto a bola estiver rolando hoje à tarde.