Quinta tem teatro
Redação DM
Publicado em 26 de novembro de 2015 às 22:15 | Atualizado há 5 mesesO ato de representar algo é complicado, mas ao mesmo tempo interessante. É no mínimo trabalhoso ter nas mãos uma determinada idéia ou fato e depois ter que colocar de uma maneira adequada para determinado público. Por exemplo: um editor passa uma pauta verbalmente a um jornalista que deve se desdobrar e transformar aquele emaranhando de sons em um texto informativo. Ou talvez um músico que sofre e pretende temperar de cor aquele sentimento que vive. Todos esses exemplos não passam de formatos para que uma informação ou um sentimento passe de pessoa pra pessoa. Seja num caderno, numa folha recortada, num outdoor ou num versinho declamado no ônibus.
Por muitos anos o teatro foi a principal forma de passar para frente os ensinamentos ou momentos históricos. A oratória contida nesta expressão artística somada a atividade corporal do ator para demonstrar o ocorrido, fizeram do teatro uma prática comum em algumas civilizações antigas. Entre estas, os povos da Grécia Antiga são os mais lembrados quando nos referimos a esta arte. Porém, não existe uma data específica ou um determinado momento histórico para marcar o nascimento do Teatro. De acordo com alguns estudos, o surgimento se deu de forma deliberada e não existem marcas de um processo evolutivo.
Representar é algo que enche os olhos, o coração e a cabeça. Por este motivo o teatro é um espaço bom de se encontrar ao final da noite, após horas de trabalho. Lugar de deixar os sentimentos livres e a cabeça aberta, a fim de adentrar dentro de um novo mundo. Esta noite em Goiânia dois espetáculos prometem entretenimento de qualidade: O Farsa da Boa Preguiça e A Doença do Acúmulo. Sendo as duas peças de grupos goianos, uma leva para o palco um pouco do trabalho do escritor Ariano Suassuna, enquanto a outra é de autoria do poeta goiano Léo Pereira e direção de Humberto Pedrancini.
A Farsa
Acúmulo
Enquanto a sociedade contemporânea pensa que tudo anda muito bom financeiramente, outros acreditando que tal vontade pelo acúmulo pode ser uma doença. Um exemplo de como a necessidade de ter mais é prejudicial é o rompimento da barragem na cidade de Mariana, em Minas Gerais. A busca por minérios devastou todo o ecossistema de uma região, sendo que o principal motivo para correr estes riscos, foi a ideologia de que é preciso ter sempre mais. Uma das peças que ocorrem esta noite tenta trazer para o palco essa realidade. Trata-se de uma visão crítica do atual colapso do sistema capitalista que, na sua lógica cancerígena e corrupta, coloca o valor acumular capital acima de todos os outros valores da raça humana. O espetáculo ocorre hoje, no Teatro Sesc, às 20h. A entrada é R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia.
Dois espetáculos de companhias de teatro goianas de grande relevância para a cultura nacional. De um lado a história de um poeta, voltada para o lado lúdico e imaginário do espetáculo, aquele que se preocupa mais com o abstrato, mas que ao mesmo tempo coloca sobre a mesa uma discussão necessária para a sociedade. Do outro, uma discussão filosófica sobre o modelo econômico que impera no mundo. Trata também desse embate entre os pensamentos liberais e os conservadores, deixando o público em um verdadeiro xeque-mate mental, frente as suas convicções e aquelas que são encenadas pela companhia de teatro.