Recompensa social
Redação DM
Publicado em 3 de maio de 2015 às 01:35 | Atualizado há 6 meses
Alimentos, roupas, dinheiro, brinquedos, prestação de serviços gratuitos. Essas são apenas algumas das formas de ação voluntária, um ato em que a principal recompensa não é financeira, mas o bem-estar de quem pratica o trabalho e das pessoas ajudadas ou beneficiadas.
Os primeiros registros de voluntariado tiveram início ainda no século 19, e o ato de ajudar ao próximo está presente até hoje por todo o País. O Diário da Manhã mostra agora dois exemplos de ação voluntária que ocorrem em Goiânia.
Associação Saúde & Alegria
A Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar teve início após a mudança de público alvo do trabalho social realizado por Maurício A. Nascimento. Ele explica que, em 1995, organizou um grupo para atuar com recreação voluntária nas festas do dia das crianças e Natal em uma escola de instituição religiosa, mas em 1998, ao assistir uma matéria sobre os Doutores da Alegria, resolveu trabalhar com o público hospitalar.
O grupo possui 40 associados/voluntários, sendo 32 recreadores e 8 coordenadores. O público-alvo da associação são crianças e adultos hospitalizados, e as atividades são realizadas aos domingos das 15 às 17h30, no Hospital Araújo Jorge, especializado no tratamento contra o câncer.
A pretensão do trabalho da ONG é auxiliar no processo de humanização do ambiente hospitalar, promovendo aos pacientes momentos de descontração, alegria, otimismo e fé. “Realizamos visitas hospitalares, sendo que nossa equipe atua com figurino que mescla a imagem de médicos com palhaços e utiliza como recursos recreativos o diálogo otimista, a música e esculturas de balões”, diz o presidente e fundador, Maurício A. Nascimento.
Ele afirma que a Associação Saúde e Alegria iniciou suas atividades em 1998, mas começou a catalogar os pacientes visitados somente em 2002. Durante janeiro de 2002 a fevereiro deste ano, foram realizados 122.890 atendimentos recreativos. Maurício explica que todo mês é entregue na Presidência da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) um Relatório de Visitas Recreativas.
O presidente e fundador afirma que no decorrer dos 16 anos que o projeto existe, ele vivenciou vários casos especiais, sendo alguns felizes e outros nem tanto. “O que eu mais gosto de lembrar-me foi quando cheguei na porta de uma enfermaria e deparei-me com um menino de mais ou menos três aninhos, que em silencio me olhava com os olhos vidrados e um sorriso de orelha a orelha. Neste momento constatei que o quarto estava muito cheiroso, então, antes mesmo de cumprimentá-lo, eu disse ‘Nossa, mas que quarto mais cheiroso! ‘, e ele totalmente empolgado me respondeu: ‘É que eu tomei banho pra te esperar!’ Neste momento eu constatei a importância deste trabalho, assim como a importância da assiduidade e da pontualidade”, cita um exemplo.
Alimentação e oração
Taisy de Jesus Pereira é integrante da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar, porém participa também do Projeto Social Las Hermanas, que realiza encontros mensais em entidades que recebem pessoas com necessidades como, por exemplo, chácaras de recuperação, creches, clínicas e casas especializadas em abrigar idosos..
Ela também faz parte de um trabalho social realizado na Paróquia Sagrada Família, que começou aproximadamente 10 anos atrás, através da vontade de servir o próximo. De acordo com Taisy, o grupo pretende levar a palavra de Deus, carinho e amor a pessoas que são discriminadas pela sociedade.
São em média 60 voluntários que prestam atendimento a moradores de rua, andarilhos e pessoas sem lugar para morar. “Levamos jantares e principalmente a oração. Caso algum irmão de rua queira sair da rua encaminhamos até a Casa Bom Samaritano quando há disponibilidade de vaga”
Os trabalhos ocorrem próximo ao Hospital Materno Infantil e também perto da Rodoviária de Goiânia. Taisy explica que a ação começa com a preparação dos alimentos às 12h30 das terças-feiras, e a distribuição ocorre a partir das 20h próximo ao Materno Infantil. Uma outra equipe faz o mesmo trabalho nas sextas-feiras.
O grupo serve semanalmente em média 300 pessoas. Dentre todos os atendimentos realizados, existem casos com finais felizes. “Temos várias pessoas que já saíram das ruas, sendo inseridos novamente na sociedade”, afirma Taisy.
Dificuldades
Maurício afirma que a maior preocupação do grupo é o fator financeiro, devido o projeto ter despesas mensais, como por exemplo o aluguel e condomínio da sede, que juntos somam R$ 1.250,00. Ele explica que eles não têm patrocinadores e tudo é mantido com a taxa mensal que os próprios voluntários pagam e através de doações de amigos que se sensibilizam com a causa humanitária.
O fundador explica que a forma de as pessoas ajudarem o grupo é apadrinhando o trabalho, tornando-se um doador. Para isso é necessário somente enviar um e-mail para [email protected].
Já no projeto desenvolvido na Paróquia Sagrada Família, as principais dificuldades são arrecadação de alimentos, acolhimento dos irmãos que queiram sair das ruas e tratamento adequado com dignidade e humanizado. Taisy explica que a população pode ajudar através da doação de alimentos como arroz, carne, feijão e óleo, por exemplo.
Voluntariado
Para o presidente e fundador da Associação Saúde & Alegria Animação Hospitalar, Maurício A. Nascimento, o trabalho voluntário é um dos melhores recursos de desenvolvimento humano e reforma íntima, favorecendo não somente a quem recebe, mas principalmente a quem doa.
O sentimento que ele tem ao realizar um ato de bondade e generosidade como o realizado pelo grupo é só um. “Prazer enorme, que é desencadeado pelo sentimento de missão cumprida. Acreditamos que o ato de auxiliar o próximo não é uma opção, mas sim uma obrigação que foi designada a todos, isso diretamente por Jesus”, afirma.
A voluntária Taisy de Jesus Pereira diz qual a importância de se fazer esse tipo de trabalho: “Tirar um pouquinho de nosso tempo semanalmente e servir as pessoas que mais precisam, não importando qual projeto seja, você estará fazendo o bem e recebendo o bem”, conclui.