Revolução pela fé
Diário da Manhã
Publicado em 11 de novembro de 2015 às 00:21 | Atualizado há 4 mesesO pronunciamento do Papa Francisco sobre não ser “possível falar de pobreza e levar vida de faraó” acirrou nos ânimos na Santa Sé. Em entrevista a um jornal holandês na última semana o sumo pontífice fez esse comentário aludindo a cardeais e integrantes do governo do Vaticano que usam e abusam dos bens da Santa Sé para viver de forma nababesca. A primeira reação foi um reforço à tese de que por contrariar interesses tão poderosos e arraigados o Papa Francisco corra risco real e premente de um atentado à sua vida.
“A lista de papas que foram vítimas de ardilosas tramas que comprometeram suas incolumidades físicas é grande e pode não terminar”, anuíram vaticanistas experientes. Por desmantelar os centros do poder econômico do Vaticano o Papa despertou a ira até mesmo de chefes da máfia italiana, como comentou o juiz italiano Nicola Gratteri.
O comentário de Francisco foi dito em um sentido religioso de que o abandono por bens materiais deve ser um valor a ser cultivado pelos cristãos, mas lhe foi dada uma leitura mais terrena, diretamente dirigida a quem devia dar o exemplo de pobreza e desapego e vive no luxo e na avareza com o patrimônio da Igreja. Cardeais, monsenhores e auxiliares da burocracia da Santa Sé são os principais alvos da admoestação papal. Francisco diz desde o início de seu pontificado que a Igreja deve retomar sua postura de “opção preferencial pelos pobres”, deve dar um basta à gastança desnecessária e que corrói valores cristãos e ele próprio dá o exemplo de desapego dos bens materiais. O papa saiu do palácio papal e foi morar em uma pequena edícola dentro do Vaticano com auxiliares próximos, faz suas refeições comunitariamente e não ostenta qualquer luxo que os príncipes do Vaticano sempre cultuaram.
Justamente por promover mudanças tão profundas e com o exemplo de quem não apenas prega de modo estéril, ao contrário, ensina com o exemplo próprio, Francisco provoca a ira de quem não consegue ouvir falar de pobres e de pobreza, principalmente clérigos formados na Europa e que viveram toda a vida na pompa e no luxo da corte vaticanista. Outra leitura que a fala do papa remete igualmente é que desvios de conduta, como corrupção e distanciamento de valores éticos precisam ser constantemente revistos e corrigidos os rumos, para não comprometer o que a humanidade espera como evolução.
Opiniões
O Diário da Manhã ouviu pessoas de variados segmentos da população sobre os efeitos do pronunciamento do Papa Francisco e o que se deve esperar de uma sociedade que cultua os bens materiais em detrimento de valores éticos, morais e cristãos.
Saiba mais
Papas que foram assassinados ao longo da história
Vários papas católicos romanos foram assassinados. As circunstâncias variaram de martírio (Papa Estêvão I) para guerra (Papa Lúcio II), para um espancamento por um marido ciumento (João XII). Um número de outros Papas que morreram em circunstâncias que alguns acreditam ser assassinato, mas para as quais a evidência definitiva não foi encontrada
Lista cronológica dos papas assassinados
Papa Estêvão I (254-257), decapitado
Papa Estêvão VI (896-897): estrangulado
Papa Estêvão VII / (IX) (939-942): Mutilado
Papa João XII (955-964): assassinado por marido traído
Papa Bento VI (973-974): estrangulado
Papa João XIV (983-984): morto pela fome, maus-tratos ou assassinato direto
Papa Gregório V (996-999): envenenado
Papa Bonifácio VIII (1294-1303): A morte possivelmente (embora improvável) dos efeitos do mal tratamento antes de um mês
Lista dos papas supostamente assassinados
Papa João VIII (872-882): envenenado e espancado até a morte
Papa Adriano III (884-885): envenenado
Papa Leão V (903): estrangulado
Papa João X (914-928): sufocado com um travesseiro
Papa Estêvão VII (928-931): assassinado
Papa Sérgio IV (1009-1012): assassinado
Papa Clemente II (1046-1047): envenenado
Papa Dâmaso II (1048): assassinado
Papa Celestino V (1294): supostamente assassinado por seu sucessor, Bonifácio VIII após a sua demissão da Cúria Romana
Papa Bento XI (1304-1305): envenenado
Papa João Paulo I (1978): a morte em apenas 33 dias após a eleição papal levou a teorias de conspiração. Disse-se à época que ele teria sido envenenado. Sua autópsia não foi autorizada pela Igreja