Cotidiano

Setembro Amarelo: democratizar a saúde mental é um desafio no Brasil – tecnologia abre caminhos

DM Redação

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 10:06 | Atualizado há 14 horas

Falar sobre saúde mental no Brasil ainda revela muitas lacunas: seja pela desigualdade de acesso, pela escassez de especialistas em determinadas regiões ou pelos custos envolvidos, muitas pessoas desistem ou sequer iniciam o acompanhamento psicológico.

A tecnologia, no entanto, tem se mostrado uma ferramenta capaz de transformar esse cenário. Pesquisadores da UFRGS apontam que a taxa de abandono da terapia presencial chega a 37%, enquanto no formato online cai para apenas 6%, com melhora significativa nos sintomas de ansiedade. O dado evidencia como os atendimentos digitais favorecem a continuidade do tratamento e fortalecem o vínculo terapêutico.

Esse movimento está em sintonia com a expansão mundial das startups de saúde. Segundo projeções internacionais, o mercado global de telemedicina deve crescer a uma taxa média de 24,3% ao ano entre 2024 e 2030. No primeiro semestre de 2025, empresas do setor já captaram cerca de US$ 7,9 bilhões em investimentos nos Estados Unidos e na Europa, impulsionadas pelo uso da inteligência artificial em soluções médicas.

No Brasil, iniciativas como a Unolife, criada em 2020 por uma psicóloga e dois empreendedores, surgem para ampliar o acesso à psicoterapia de forma acessível e inclusiva. Para a sócia Caroline Macarini, “todas as pessoas têm o direito de cuidar da sua saúde mental, independentemente do perfil social ou da localização geográfica, e a tecnologia nos permite tornar isso realidade com sigilo e acolhimento”.

O também fundador Weber Stival destaca que “o salto na adesão ao formato online mostra que estamos no caminho certo, rompendo barreiras geográficas e sociais que antes limitavam quem podia buscar ajuda”. Já Felipe Rezende acrescenta que a proposta vai além do digital: “Mais que uma solução tecnológica, queremos ser parte de um ecossistema que democratiza o cuidado emocional no Brasil.”

A adesão de pacientes confirma a relevância desse formato. A jornalista Amanda Santos, de Fortaleza, começou a fazer terapia online em 2020, durante a pandemia, e nunca mais parou. “No início foi uma adaptação forçada, mas percebi que o atendimento remoto facilitava meu dia a dia, especialmente conciliando trabalho e rotina pessoal. Continuo até hoje porque me sinto acolhida e consigo manter o tratamento sem interrupções”, afirma.

Além de atender indivíduos, a Unolife oferece programas voltados para empresas, que permitem não apenas investir no bem-estar dos colaboradores, mas também cumprir normas de saúde e segurança do trabalho, como a NR-1. No Setembro Amarelo, essa realidade mostra que democratizar o cuidado psicológico é um desafio que exige inovação, investimento e sensibilidade social. A tecnologia, ao reduzir a taxa de abandono e ampliar a adesão, revela-se como um dos caminhos mais concretos para colocar a saúde mental no centro da agenda pública e corporativa.

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