Setor pecuário repudia “segunda sem carne” proposta na Assembleia Legislativa de SP
Diário da Manhã
Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 01:48 | Atualizado há 4 meses
As entidades classistas brasileiras ligadas à pecuária reagiram com indignação à aprovação do projeto de lei pela Assembléia Legislativa de São Paulo (SP) que institui a “segunda sem carne” na maior cidade brasileira, com uma população de mais de 12 milhões de pessoas. O setor foi pego de surpresa com a inusitada proposta do deputado Feliciano Filho (PSC). O texto ainda irá à sanção do governador Geraldo Alckmin e repercutiu nas principais regiões produtoras do Brasil. Em Goiás, responsável pelo fornecimento de mais de 600 mil toneladas de carnes para a capital paulista, o segmento pecuário reagiu com críticas “ao hilariante” deputado.
O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Tasso José Jayme, considera “absurda” a iniciativa do deputado paulista. “É comportamento de quem não tem que fazer”, disse, a caminho de sua fazenda em Goianésia, respondendo ao Diário da Manhã. E para ironizar a quem está no ócio, arrematou: “Está sobrando tempo ao nobre deputado. Um desocupado”.
Marcos Gracia, diretor da Associação Goiana de Criadores de Zebu (AGCZ) e da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), também considerou “um absurdo” a iniciativa do deputado Feliciano Filho. “É uma brincadeira”, manifestou, ontem, de passagem por São Paulo. Para ele, “com certeza o governador Geraldo Alckmin vetará o projeto de lei, que não faz sentido algum”.
José Magno Pato, presidente do Sindicato da Industria da Carne em Goiás (Sindicarne), também reagiu indignado com o comportamento do deputado de São Paulo. Como Gracia, observou: não há uma razão de ordem sanitária, a carne é uma fonte de proteína animal, o seu consumo é uma tradição brasileira e noutros países. Hoje, a pecuária nacional mantém um padrão de alta qualidade genética e de ordem sanitária. Não faz sentido, entende Pato, um zootecnista renomado e uma liderança pecuarista respeitada em todo o País.
Nota de repúdio à aprovação do Projeto de Lei 87/2016
As entidades classistas ligadas à pecuária emitiram notas de repúdio ao público brasileiro. “A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) vem a público repudiar o Projeto de Lei do deputado Feliciano Filho (PSC/SP).
A proposta chamada de “segunda sem carne” tem como objetivo proibir o fornecimento de carnes e seus derivados às segundas-feiras nas escolas da rede pública de ensino e nos estabelecimentos que oferecem refeição nos órgãos públicos do Estado de São Paulo.
Numa democracia, não cabe ao Estado ditar o que o cidadão deve consumir, nem interferir na ordem legal da economia por meio de artificialidade nas leis de mercado.
O referido projeto, repleto de conceitos obsoletos e baseado em dogmas com afirmações inverídicas que ignoram a importância e os benefícios nutricionais da carne à saúde, nos remete à inconstitucionalidade do mesmo.
Com base no Sumário Executivo da Abiec e na importância do mercado paulista na demanda por carne bovina, a medida pode acarretar em uma perda anual de até 29 bilhões de reais na cadeia produtiva da pecuária de corte do país.
As perdas ainda se estenderiam com o fechamento de até 250 mil postos de trabalho e com o desaparecimento de aproximados 5 bilhões de reais em salários de atividades indiretas, estimuladas pelos diversos elos da cadeia produtiva da bovinocultura de corte.
Desta forma, pelo imenso impacto negativo em todo o país, e pela arbitrariedade do Estado ao ditar direitos e hábitos de consumo do cidadão, consideramos ser crível que o governador Geraldo Alckmin decida pelo veto a esse projeto que agride as bases democráticas e ignora o clamor crescente por menor interferência do Estado.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE
Associação Brasileira de Proteína Animal
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) repudia veementemente o Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PSC), aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que impõe a “Segunda sem Carne” em “restaurantes, lanchonetes, bares, escolas, refeitórios e estabelecimentos similares que exerçam suas atividades nos órgãos públicos do Estado de São Paulo”.
Assumindo a ideologia de um grupo específico, a aprovação do projeto atropela a Constituição e os direitos dos cidadãos que hoje residem no Estado de São Paulo.
Além de gerar 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos, a cadeia produtiva de proteína animal constitui parte fundamental da garantia de segurança alimentar da população, com a oferta de alimentos de alta qualidade e de baixo custo, acessíveis às diversas classes sociais.
Como entidade representativa da avicultura e da suinocultura, a ABPA confia no correto entendimento do Governador Geraldo Alckmin sobre o papel econômico e social do setor de proteína animal no Estado. Vetar este projeto de lei é, também, defender a liberdade de escolha do cidadão.
A ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE NELORE DO BRASIL (ACNB)
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) expressa sua revolta pela decisão dos deputados do Estado de São Paulo, que não levaram em consideração o elementar conceito do livre arbítrio e aprovaram em nome de todos os paulistas uma lei que ataca frontalmente o direito de pessoas decidirem o que elas querem comer.
Esta decisão da Assembleia Legislativa paulista ataca diretamente as carnes, mas, na prática, representa muito mais do que o desejo de desvalorizar essa proteína animal de ótima qualidade, essencial para as pessoas, como demonstram milhares de estudos já publicados sobre o tema.
Essa decisão é uma afronta a todas as pessoas, pois nos tira o direito de escolha da alimentação que desejamos para nós e para os nossos filhos.
Isso sem mencionar que uma decisão como essa fere a própria lei da ordem econômica, pois cerceia o direito à produção e à comercialização de alimentos de reconhecida qualidade para a saúde das pessoas e para a economia do país.
Os criadores de Nelore do Brasil, que, juntos, fazem da raça a mais importante do país, responsável direta pela produção de quase 10 milhões de toneladas de carne por ano, contam com a isenção e a sensatez do governador paulista Geraldo Alckmin, para que vete essa lei esdrúxula e sem cabimento, que impede as pessoas de tomarem decisões sobre o que desejam no prato.
ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO DO SUL
A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), entidade representativa dos pecuaristas vem, a público, REPUDIAR veementemente o Projeto de Lei 87/2016, de autoridade do deputado estadual Feliciano Filho (PSC-SP), que institui em todo o Estado de São Paulo a “segunda sem carne”, proibindo a venda de carne e seus derivados em bares, restaurantes, escolas e órgãos públicos. O referido projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo na madrugada do dia 28 de dezembro e seguiu para a sanção do governador Geraldo Alckmin.
Referida proposta, se acatada pelo Executivo Estadual Paulista, viola flagrantemente a Constituição Federal, que garante o livre mercado de produtos lícitos no território brasileiro; em segundo, viola o direito de escolha do consumidor brasileiro; em terceiro, fere a ordem econômica brasileira, ao criar mecanismos que impeçam a liberdade do mercado.
Além disso, a iniciativa é demagógica , discriminatória e oportunista, vez que certamente o deputado atende a interesses de grupos interessados no boicote.
O projeto de lei é uma aberração, fruto de uma mente alienada, totalmente alheia à realidade, quando afirma que a produção de carne bovina afeta o meio ambiente e a biodiversidade e que seu consumo está ligado à ocorrência de doenças do coração, câncer e diabetes.
Tais justificativas são apartadas de qualquer realidade. Primeiro, porque que a criação de gado no Brasil é considerada uma das mais sustentáveis do mundo, justamente porque é uma atividade economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.
Em segundo lugar, está mais que provado cientificamente que o consumo regular de proteína vermelha, desde os primeiros passos da humanidade, ocasiona o desenvolvimento humano dos pontos de vista da saúde corporal e do intelecto.
Em terceiro, a produção brasileira de carnes, sobremaneira a bovina, no quesito exportação, é responsável pelo saldo positivo da balança comercial, negociando atualmente com mais de 100 países e devendo fechar 2017 com vendas externas perto dos R$ 18 bilhões.
Em quarto lugar, sozinha, a cadeia produtiva da carne, a conhecida “indústria da desmontagem”, emprega mais trabalhadores que a gigantesca linha de montagem automobilística, só para citar um exemplo.
Legislar sem conhecer a realidade é a prática da velha demagogia, que na contramão da modernidade amarra o País em conceitos arcaicos e métodos burocráticos para frear a livre iniciativa e a liberdade do mercado.
Tal projeto de lei não pode prosperar. O Brasil vive momentos de urgências e há muito o que se fazer pelo bem do próprio País, ao invés de se regurgitar leis que só vão prejudicar a economia e o mercado.
Campo Grande (MS), 28 de dezembro de 2017.
ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) torna público o manifesto de repúdio à aprovação do Projeto de Lei 87/2016, de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PSC-SP), que dispõe sobre a instituição da “Segunda sem Carne”, restringindo a comercialização e o consumo de carne bovina no Estado de São Paulo às segundas-feiras. O referido projeto foi aprovado durante sessão extraordinária realizada na madrugada desta quinta-feira (28.12).
POSICIONAMENTO DA ASSOCON
A Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon) vem a público expressar indignação e repúdio à decisão dos deputados do Estado de São Paulo que aprovaram um projeto de lei que cerceia o direito das pessoas de consumir o que elas desejam e quando desejam – mesmo que sejam dentro de órgãos públicos.
Além dessa questão elementar, que por si só já é um atentado ao bom senso, temos o dever de informar aos nobres deputados algo que eles não sabem: porque a carne bovina é importante para a alimentação das pessoas:
. É uma das melhores fontes de ferro para o organismo
. É importante para o crescimento das crianças, que estão formando músculos
. É importante para a reposição de proteína nos idosos, que ingerem menos alimentos por dia e, portanto, precisam de nutrientes de alta qualidade para suprir a perda de células
. É importante para repor a necessidade de proteína em mulheres que estão amamentando
É surpreendente a falta de conhecimento dos deputados paulistas sobre alimentação das pessoas e sobre o importante sequestro de carbono feito pela intensificação das pastagens, como atentam vários trabalhos da Embrapa.
Não bastasse isso, em pleno século 21 choca saber que uma decisão dessa importância foi tomada às pressas, a toque de caixa, sem um profundo, detalhado e necessário debate com a sociedade.
A Assocon e a sociedade paulista contam com o bom senso do governador Geraldo Alckmin, para que vete esse projeto que atenta sobre valores essenciais da vida das pessoas.