Cotidiano

Sogra envenenou professora por ela ameaçar pedir divórcio

Redação Online

Publicado em 3 de julho de 2025 às 12:05 | Atualizado há 8 horas

(UOL/FOLHAPRESS) – A denúncia do Ministério Público de São Paulo aponta que Elizabete Arrabaça deu uma dose fatal de veneno quando a nora, a professora de pilates Larissa Rodrigues, ameaçou pedir divórcio do filho, o médico Luiz Antônio Garnica. Os dois foram indiciados pelo assassinato da mulher.
Elizabete, de 68 anos, já vinha dando doses progressivas de veneno à vítima. Em entrevista à EPTV, o promotor Marcos Túlio Alves Nicolino afirmou que Larissa foi envenenada ao longo de 10 a 15 dias, em quantidades menores, para debilitá-la até causar a morte.
Luiz queria ”eliminar Larissa para viver seu romance com a amante e ainda conseguir vantagem patrimonial”, segundo o MP. ”Ela foi enganada, houve uma dissimulação, pensou que estava sendo cuidada pela sogra e pelo marido quando, na verdade, estava sendo envenenada pelos dois. O interesse inicial era do Luiz, quem arquitetou o plano foi o luiz”, falou o promotor.
A professora, no entanto, teria ameaçado se separar do homem -o que levou a sogra a tomar uma atitude fatal. Nicolino explica que, dias antes, Larissa manifestou interesse em procurar um advogado. ”Aí seria o final do casamento e uma sucessiva partilha de bens. Por isso, a Elizabete vai até o apartamento e dá uma dose, que presumimos ter sido mais forte, porque a Larissa vem a morrer na madrugada”, fala.
MÉDICO INFORMOU AMANTE DA MORTE
Após encontrar a esposa morta no banheiro, o médico teria avisado a amante. Ainda de acordo com informações do MP, Luiz enviou uma mensagem para a mulher com quem mantinha relação extraconjugal. ”Depois produziu toda aquela teatralidade como se tivesse sido surpreendido com a morte dela”, acrescenta Nicolino.
Promotoria contesta alegação do homem de que tentou ressuscitar a companheira. O promotor argumenta que a médica do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que foi até a residência no dia do incidente, relatou não ter encontrado sinais no corpo da vítima de manobras de ressuscitação.
O órgão acusou os dois formalmente por feminicídio triplamente qualificado. Eles teriam usado de meio cruel (veneno), mediante simulação e recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, Luiz responde por fraude processual por ter alterado o cenário do crime, tentando descartar evidências.
O QUE DIZEM AS DEFESAS
O advogado de Luiz alega que ele é inocente. Nesta quarta (2), Júlio Mossin disse que não tinha tido acesso à denúncia, mas reforçou a versão de que a mãe do médico cometeu o crime sozinha por interesse no patrimônio.
Defesa de Elizabete alega que parte da denúncia não consta da investigação policial. ”Dvergindo, inclusive, do relatório final elaborado pela Polícia Civil. Ou seja, constam ali situações fantasiosas, com meras conjecturas e suposições, sem qualquer respaldo probatório, o que é totalmente vedado pela legislação vigente”, escreveram Bruno Corrêa Ribeiro e João Pedro Soares Damasceno em nota.
RELEMBRE O CASO
Garnica chamou a polícia após ter encontrado a esposa morta no apartamento do casal em Ribeirão Preto. O caso aconteceu em 22 de maio e ele relatou que trabalhava em um plantão e não teria conseguido contato com a mulher de manhã. Ao chegar em casa, a encontrou caída no banheiro e, por ser médico, teria a colocado na cama e tentado reanimá-la.
Quando a equipe do Samu chegou, constatou que a morte teria ocorrido há cerca de dez horas. Segundo a investigação, o comportamento do médico levantou suspeitas. Havia forte cheiro de produtos de limpeza no imóvel.
A investigação apurou que, 15 dias antes da morte da nora, a mãe do médico procurou chumbinho para comprar. O veneno, altamente tóxico, foi banido do mercado brasileiro em 2012, mas continua sendo vendido de forma clandestina. Ela também teria ligado para uma amiga fazendeira perguntando sobre o veneno e onde poderia comprar a substância.
O exame toxicológico feito em Larissa apontou envenenamento como a provável causa da morte da vítima. Segundo o delegado Fernando Bravo, a mulher pode ter sido envenenada ao longo de uma semana. Dias antes de morrer, ela havia relatado dores de barriga e diarreia.
Mãe também é investigada pela morte da própria filha, irmã do médico. Nathália Garnica sofreu um infarto um mês antes da morte de Larissa. Diante das circunstâncias, o corpo dela, que tinha 42 anos, foi exumado e a ingestão de chumbinho foi comprovada por exames periciais.


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