Cotidiano

Trabalhadores protestam, hoje, contra a PEC 55 e as mudanças na Previdência

Diário da Manhã

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 01:53 | Atualizado há 8 anos

  • Em unidade com a CUT,a Frente Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo, que inclui MST e MTST
  • Sindicalistas condenam congelamento por 20 anos dos gastos com Saúde e Educação e alterações na aposentadoria
  • Greve geral pode ocorrer ainda em 2016 e parar o País contra políticas públicas neoliberais de Michel Temer

 

Trabalhadores urbanos e rurais promovem, hoje, a partir de 9h, na Praça do Bandeirante, em Goiânia, ato de protesto contra a PEC 55 e as reformas da Previdência e Trabalhista. Quem informa é a presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil [CTB], Ailma Maria de Oliveira. A líder sindical quer o ‘Fora, Temer”, defende a unidade com a Central Única dos Trabalhadores [CUT], a Conlutas, além da Frente Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo, que inclui também o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], coordenado por Guilherme Boulos, e o MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terras], liderado pelo economista João Pedro Stédile, inimigo número um do latifúndio, agronegócio e transgênicos.

– É o ensaio para a greve geral!

A dirigente lembra que a PEC 55 é o número que ela tomou ao tramitar no Senado da República. O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros [PMDB-AL], delatado na Operação Lava-Jato, quer aprova-la até o mês de dezembro de 2016, relata.  A medida, se aprovada, congelará os investimentos públicos em Saúde e Educação por 20 anos, denuncia. É  a redução do tamanho do SUS [Sistema Único de Saúde] anunciada pela ‘troupe’ de Michel Temer e a diminuição dos gastos com o ensino no Brasil, ataca ela. Não haverá mais concursos público, ocorrerá um desmonte do Estado e a precarização do trabalho, como a ampliação do processo de terceirização dos serviços de utilidade pública, vocifera a bela professora.

– A hora para barrar o projeto é agora!

Formada em Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de Goiás [PUC-GO], com especialização em Educação Ambiental na Universidade Federal de Goiânia [UFG], a sindicalista, que possui vínculos históricos com o Partido Comunista do Brasil [PC do B], legenda criada em 1962, condena a escalada conservadora no Brasil. Ultraliberais, as reformas da Previdência Social e Trabalhista irão liquidar e jogar na lata de lixo da história direitos econômicos e sociais dos trabalhadores no Brasil, registra. A idade mínima, para homem e mulher, pode subir para 65 anos de idade, inclusive de professoras, protesta, indignada. Além disso, a aposentadoria não terá mais o reajuste do salário mínimo, aponta.

– ´Vamos todos para as ruas!

A presidente da CTB, seção de Goiás, Ailma Maria de Oliveira, confidencia ao Diário da Manhã  que os projetos de leis abençoados por Michel Temer, enviados ao Congresso Nacional, retirarão dispositivos da CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]. O historiador da Universidade Federal Fluminense [UFF], especialista em História Contemporânea e Brasil República, recorda-se que trata-se de uma herança do nacional-estatismo fundado por Getúlio Vargas, o chamado ‘Pai dos Pobres’. O governo federal planeja mudar as regras do FGTS [Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço], afirma ela. O 1/3 de férias, fim de semana remunerado, reposição do salário mínimo podem ser atingidos por novas medidas, atira.

– Com o pacote de privatizações e concessão desmonta-se o Estado Nacional-Desenvolvimentista.

Nem o Pré-Sal escapará do apetite do mercado nacional e internacional, sobretudo da Shell, reclama a dirigente da CTB, seção de Goiás. Tanto é que um novo modelo de abertura e partilha para a exploração do Pré-Sal, reserva brasileira, acabou aprovado na Câmara dos Deputados, apesar dos protestos da sociedade civil organizada. Radical, ela condena ainda a proposta de acabar com a destinação de um porcentual obrigatório das verbas da União para as áreas de Saúde e Educação. O estabelecimento do teto de gastos é um crime contra as próximas gerações, frisa. As universidades públicas sofrerão duros cortes orçamentários, o que prejudicará o ensino, as pesquisas científicas e os programas de extensão, pontua.

– Não podemos aceitar a desnacionalização da economia!

 

Golpe pós-moderno

De linhagem marxista, Ailma Maria de Oliveira concorda com o sociólogo português, da Universidade de Coimbra, Boaventura de Souza Santos. Impeachment, sem crime de responsabilidade, é golpe, metralha. A professora das redes estadual e municipal de ensino diz que a deposição do nacionalista Manuel Zelaya, que aproximara da Alba [Aliança Bolivariana das Américas], ocorrida em 2009, em Honduras, assim como a deposição que classifica como ‘relâmpago’, feita em 24 horas por um Parlamento conservador, no Paraguai, e que afastou o católico de liturgia progressista Fernando Lugo, em 2012, foram ensaios gerais para o impedimento da economista Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016, sublinha.

– Um golpe parlamentar, com suporte do aparato jurídico e policial do Estado, e insuflado pelos grandes conglomerados de comunicação, controlados por meia dúzia de famílias no País.

Em sua análise sociológica, trata-se de luta de classes, o que ocorre no Brasil, hoje, em 2016. É a disputa da burguesia pelos fundos públicos, fuzila. Os grandes grupos econômicos e financeiros, os conglomerados de comunicação e as castas jurídicas e policiais do Estado no Brasil não aceitam mecanismos de transferências de renda, como o Bolsa Família, além de programas inclusivos como as cotas sociais e raciais nas universidades públicas e o ProUni, o aumento real do salário mínimo, direitos econômicos e sociais às empregadas domésticas e a valorização das carreiras dos servidores públicos, registra. “Fascista, como classifica a filósofa da USP, Marilena Chauí, a classe média odeia ver pobre andar de avião e carro”, provoca.

–  O caminho é a unidade das esquerdas e a mobilização permanente dos movimentos sociais, urbanos e rurais!

Não custa lembrar: a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil reúne, hoje, em 2016, 1.100 sindicatos de trabalhadores da cidade e do capo, avisa. O programa mínimo para garantir a formação de uma frente única é a palavra-de-ordem ‘Fora, Temer!’, nenhum direito trabalhista ou previdenciário a menos, contra os cortes orçamentários para as áreas de Saúde e Educação e antecipação das eleições presidenciais, propõe ela. A CTB é aliada estratégica da CUT [Central Única dos Trabalhadores], da Frente Brasil Popular [FBP], que reúne PT, PC do B, PCO, UNE e UBES e a Frente do Povo Sem Medo, com PSOL, MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras] e o MTST, de Guilherme Boulos, pensador e ativista radical.

– Unidade, unidade, unidade…

 

 

Privataria à vista?

Nem à época da ‘Privataria Tucana’, como aponta o escritor Amaury Ribeiro, sobre os turbulentos anos de gestão do sociólogo Fernando Henrique Cardoso [PSDB-SP], se ousou em abocanhar tanto os direitos econômicos, sociais, trabalhistas e previdenciários dos cidadãos, insiste a band leader comunista. Apesar de ter chamado os ‘aposentados de vagabundos’, FHC não mexeu na CLT, apesar de seu arrojado programa de desestatização, que é, nada, mais, nada menos, do que transferir o patrimônio público para saciar a sede de lucros do mercado, analisa a professora da rede pública de ensino. Não sairemos das ruas, promete. O passado não pode assombrar o Brasil, como tragédia e farsa, recorre ao velho barbudo Karl Marx, autor de ‘O 18 Brumário de Luís Bonaparte’, a professora Ailma Maria de Oliveira.

– A luta continua!

 

Renato Dias, 49 anos de idade, é formado em Jornalismo pela Alfa, graduado em Sociologia pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Políticas Públicas pela UFG e mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento [PUC-GO]. É autor dos seguintes ‘Luta Armada/ALN – Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz’; ‘O Menino que a Ditadura Matou – Luta Armada, VAR-Palmares e o desespero de uma mãe’;  História – Para Além do Jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar; ‘Cuba, hoje – Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo? O reatamento entre Havana e a Casa Branca’. Contato: [email protected]
DICAS DE LEITURA
Livro: Por que gritamos golpe?
Editora: Boitempo Editorial
Lançamento: Agosto de 2016
Preço: R$ 15,00
Onde encontrar: Saraiva, Shopping Flamboyant

 

PERFIL

Nome: Ailma Maria de Oliveira

Formação: Pedagogia, especialização em Educação Ambiental

Cargo: Presidente da CTB

Linhagem: Socialista

Referências: Karl Marx, Friedrich Engels, Vladimir Ilich Ulianov [Lênin]

 

CRONOLOGIA DOS FATOS

2009 Deposição de Manuel Zelaya, em Honduras

2012 Queda do ex-bispo  Fernando Lugo, no Paraguai

2013 Difusa, manifestação de junho sacode o Brasil

2014 PSDB e DEM não aceitam reeleição de Dilma Rousseff

2015 Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara Federal

2016 Golpe contra Dilma Rousseff e caçada final a Luiz Inácio Lula da Silva

 

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