Cotidiano

Trisal gera dois bebês com diferença de 2 meses e pede multiparentalidade

Léo Carvalho

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 11:44 | Atualizado há 2 minutos

A gravidez de duas mulheres de um mesmo trisal em Salto (SP) viraliza e divide opiniões na internet | Foto: Arquivo pessoal/Instagram
A gravidez de duas mulheres de um mesmo trisal em Salto (SP) viraliza e divide opiniões na internet | Foto: Arquivo pessoal/Instagram

A história de um trisal de Salto, no interior paulista, ganhou grande repercussão nas redes sociais ao revelar que as duas mulheres da relação, Júlia Bossoni, 26 anos, e Thaliny Pereira, 24 anos, engravidaram com apenas dois meses de diferença. A família, que inclui Philippe Oliveira, 32 anos, o pai dos bebês, agora se prepara para um novo processo, o de registro de multiparentalidade, para que os filhos tenham o nome dos três na certidão.

O trisal está junto há cerca de dois anos, embora Thaliny e Philippe já tivessem uma relação há mais tempo. A ideia de Thaliny engravidar partiu de Philippe, mas a dupla gestação não foi um plano inicial.

Bebês terão duas mães e um pai: trisal viraliza e debate sobre família moderna divide a internet | Foto: Arquivo pessoal/Instagram

“Nós duas engravidarmos com tão pouco tempo de diferença não foi planejado, aconteceu sem querer. Foi uma surpresa quando a gente descobriu”, explicou Júlia. O primeiro bebê, Liam, nasceu em 18 de julho, enquanto o segundo, Levi, gravidez de Thaliny, está previsto para setembro.

Repercussão viral

A história da família ganhou notoriedade após um vídeo de ensaio fotográfico das gestantes com o pai viralizar, acumulando mais de 3,5 milhões de visualizações. A exposição trouxe à tona a diversidade das formações familiares, embora a adaptação não tenha sido fácil para todos. Enquanto a família de Thaliny recebeu a notícia com tranquilidade, a de Júlia teve mais dificuldades em aceitar o relacionamento no início, mas vem demonstrando maior abertura.

Nas redes sociais as opiniões se dividem entre apoiadores e desaprovadores. “Meu algoritmo tá endemoniado certeza (sic)”, disse uma internauta. Já outra escreveu: “Ele não deixando faltar nada pra essas crianças é o importante!” Assim, entre tantos comentários no perfil do trisal, há também quem não consegue normalizar o caso. “Povo acha isso bonito e engraçado é ridículo normalizar isso (sic)”, comentou um internauta mais indignado.

Uma internauta mais acalorada comentou: “A diferença deles pra vários outros relacionamentos de hj em dia e que eles posta, e expõe esse amor a 3 pro mundo sem medo dos julgamentos, mas vamos ser realista o que mais tem é casais que tem relacionamento fora do casamento e etc o foda e que sempre tem um que está enganado na situação. JA ELES NAO , ESTAO VIVENDO E SENDO FELIZ A 3 PQ SE GOSTAO, PARABÉNS MELHOR VIVER ASSIM DQ SENDO ENGANADO (sic).”

Naturalidade

Apesar dos comentários na internet terem maior adesão ao conservadorismo e reprovação, o trisal, Philippe, Thaliny e Júlia, diz ignorar as avaliações negativas de terceiros. “Tem gente que dá apoio, gente que tem curiosidade para saber como é a nossa vida. E sempre tem um pessoal que faz comentários negativos também”, afirma Júlia.

“Os comentários ruins a gente ignora. Na verdade, a gente leva numa boa mesmo. Até damos risada de alguns. Eu não vou na publicação de ninguém destilar ódio, então é difícil de entender o motivo de irem fazer isso nas nossas postagens. Só que a gente não leva para o coração”, garante Thaliny.

“Normalmente, a gente não vê tanto preconceito no dia a dia. De vez em quando, dá para perceber alguma coisa. No dia em que nós fizemos as fotos, por exemplo, era em um local público e deu para perceber que as pessoas ficavam olhando e comentando. Mas ninguém vem falar nada, até porque a gente não dá liberdade para as pessoas se meterem na nossa vida”, disse Júlia.

Reconhecimento multiparentalidade

Para registrar os bebês com o nome dos três, o trisal terá que enfrentar o processo legal de reconhecimento de multiparentalidade, que exige a comprovação do vínculo afetivo. “Eles terão duas mães e um pai”, reforçou Thaliny, indicando o desejo de que o registro reflita a realidade familiar. Embora casos semelhantes já tenham obtido decisões favoráveis na Justiça, o trisal precisará esperar até que as crianças completem um ano para iniciar o processo.

Apesar da rotina cansativa com a chegada dos dois filhos, a família se mostra unida e feliz. A luta pelo registro multiparental reflete a busca por direitos e reconhecimento jurídico das relações poliafetivas no Brasil. Casos recentes, como o reconhecimento de união estável poliafetiva em Bauru, também no interior de São Paulo, mostram que, embora o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenha vetado o registro em cartório, o reconhecimento judicial é possível, reforçando a validade legal desses novos arranjos familiares. (Com informações Luciana Spacca/Universa UOL)

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“Não é só um ensaio… É a espera mais bonita da nossa história”, diz postagem no perfil do Instagram do trisal | Vídeo: arquivo pessoal

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