Cotidiano

Uma Ong de cãopanheiros

Diário da Manhã

Publicado em 23 de julho de 2017 às 18:51 | Atualizado há 8 anos

A representante comercial Lucíula Cascão Correia é a mãe adotiva de mais de duas centenas de cachorros que estavam abandonados ou que seriam sacrificados. O abrigo para cães que ela mantém com o marido no Setor Andrea, em Aparecida de Goiânia, é um exemplo de que a caridade enobrece as almas de quem faz dela um instrumento para minimizar a dor de outros. “Os cães têm almas e Deus os mandou para que aprendêssemos com eles, principalmente o sentido do amor”, resume ela.

O abrigo Anjos Peludos foi alçado à condição civil de Organização Não Governamental para poder receber contribuições para ajudar a manter os cerca de 240 animais que estão atualmente na chácara. Lucíula conta que desde menina que ela cuidava de animais abandonados que encontrava na rua e os levava para casa, mesmo com a oposição dos pais. Mas, que há nove anos decidiu abrir mais o coração e adotar os animais que amigos lhe traziam quando eram encontrados.

O local onde está instalado o abrigo é uma chácara alugada que ela usa os parcos recursos arrecadados e o que ela mesmo emprega para manter o lar dos anjos peludos, comprar alimentos, remédios, insumos básicos e pagar os funcionários que trabalham com ela cuidando dos bichos. Os mais de 200 cachorros recebem nomes humanos e parecem compreender bem a referência que lhes é dada. Nada de totó, rex, tico, nina, mel ou outro nome usualmente colocado em animais domésticos. Lá são Antônio, Júlio, Bradock, Leonardo, Lola, Cauã, Neymar e outros nomes de gente dados aos cachorros adotados por Lucíula.

A interação dela com os animais é notável e os bichos a respeitam como mãe e aparentemente lhes prestam a mesma devoção. Há um pequeno rabicó chamado Amoroso. Ele faz jus à referência e é o mais carinhoso com Lucíula. Enquanto ela está no pátio com a matilha ele é o mais próximo dela e sempre pede um colo. Se ela o pega e faz um carinho a reclamação é geral e outros também querem a mesma atenção diferenciada. “São anjos brincalhões que somente fazem o bem a quem está próximo deles”, define Lucíula.

Ela tece outros comentários sobre a personalidade dos cães que ela aprendeu a notar. Por mais que um animalzinho desses possa ter sido maltratado, abandonado e deixado à margem da vida basta que ele receba algum carinho e atenção que ele retribui na mesma medida em afeto, lealdade e brincadeira. “Para um cachorro não importa o que ele vivenciou de dor e sofrimento, ele celebra o presente e a alegria de estar vivo, dando afeto e demonstrando sua satisfação de estar junto de quem ele quer bem. Isso é um ensinamento primoroso que nós humanos deveríamos aprender com eles. Eu sinto que para eles não existe passado, só presente e futuro”.

A caridade que Lucíula destila para com seus protegidos é notável ainda mais quando é possível conferir as baias onde ficam animais em tratamento. O abrigo Anjos Peludos é o único no Brasil a acolher e tratar de animais com cinumose, uma doença altamente infecciosa para os cães e a recomendação predominante é o sacrifício de animais infectados. “Aprendemos que se o animal receber cuidado específico, alimentação e medicação ele terá o organismo despertado para lutar contra a moléstia e acaba por superar esse mal. Por isso nós acolhemos, cuidamos e não permitimos o sacrifício”, explica.

CARNE

O marido de Lucíula, o também representante comercial José Mário Cascão também é apaixonado por animais e entusiasta do abrigo que acolhe e protege cachorros abandonados. Sua interação com eles é mais extensa e ele há muitos anos deixou de comer carne por respeito às práticas de bem estar animal. “Meu marido não come carne em reverência aos animais que cuidamos, ele nem entra em um açougue”, frisa.

As contribuições que o abrigo Anjos Peludos recebe podem ser através de apadrinhamento para cada animal que as pessoas possam acessar e variam de R$ 10,00 a R$ 100,00 através de depósito em conta: Caixa Econômica Federal – Agência 1842 – Operação 013 – Conta 0028952-6. A OnG paga clínica, aluguel, exames e somente com ração o gasto é de 1,5 tonelada por mês.

 

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