Vida Noturna no Goiânia 2
Redação DM
Publicado em 19 de novembro de 2015 às 23:25 | Atualizado há 5 mesesO crescimento da cidade de Goiânia segue em direção aos extremos de suas fronteiras ao norte. À medida que a urbanização e a verticalização dos bairros acelera, a vida noturna da cidade segue no mesmo ritmo, tomando conta dos espaços disponíveis ao lazer. No Goiânia 2, setor que começou como uma promessa de cidade modelo na década de 1980 e que teve seu desenvolvimento interrompido pela falência da construtora Encol, a noite é movimentada por pit-dogs e por um parque natural. Atualmente outras construtoras exploram o potencial imobiliário do local.
A configuração visual do Goiânia 2 mescla grandes edifícios de aspecto moderno a bloquinhos de três andares construídos nos anos 1980. Em visita ao setor em uma noite de segunda-feira, a grande movimentação de pessoas em volta do Parque Natural Leolídio Di Ramos Caiado, visível a partir da Avenida Pedro Paulo, chamou bastante a atenção da equipe DmRevista. Às 21h, ciclistas, corredores, comerciantes e crianças circulavam em grande número ao redor do lago, amparados por uma viatura da Guarda Municipal.
Outra movimentação comum no bairro é em torno dos tradicionais Pit-Dogs, consolidados símbolos gastronômicos da cidade. Mireille Bueno, estudante que mora no setor comenta que “O setor possui o pit-dog mais generoso em Bacon da capital, o que deve valorizar e muito os imóveis da região”, brinca. Ela conta também que a vida noturna do Goiânia 2 faz roda em torno de distribuidoras de bebidas. “É bom por termos cerveja até muito tarde, e ruim pois já teve confusão e morte no local”.
O movimento pelas sacadas de prédios também é um fenômeno visível do solo. A carência de um quintal, ou do banquinho na porta de casa (obrigatório nos bairros mais antigos de Goiânia), impactos da verticalização da cidade no modo de vida e de convivência de seus moradores, é suprida através de descansos em redes e poltronas colocadas nas sacadas.
Um dos principais problemas do bairro é o forte cheiro que frequentemente invade praticamente toda a região norte da cidade, e que se concentra principalmente no Goiânia 2. Moradores descrevem o cheiro como “fétido, semelhante a esgoto, que invade o ar principalmente na seca”. A culpa é atribuída às indústrias presentes nas proximidades do setor, bem como à ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), inaugurada na década de 2000.
Conceito
O nome dado ao futuro bairro planejado da zona norte da capital trazia consigo um novo conceito de cidade. Uma nova Goiânia dentro dos limites da antiga. Segundo um antigo morador do setor, “O Goiânia 2 foi um lançamento da Encol há cerca de 30 anos. Seria uma nova cidade planejada. Todavia, com a falência da Encol o projeto foi pro Brejo”. O condomínio fechado se localizaria entre o Câmpus II da UFG, construído em 1973, e o Criméia Leste, cuja urbanização ganhou forca na década de 1960.
A Encol, empresa que mantinha propriedades na região até o final da última década foi uma das maiores construtoras do Brasil. Encarregou-se da construção do setor até o fim da década de 1990, quando faliu em um grande escândalo de ilegalidades. O projeto acabou não sendo finalizado, o que traçou o destino improvisado do bairro, visível atualmente no setor. No fórum Skycrapercity, o usuário Carlos expõe sua visão do Goiânia 2. “A Encol fez o Goiânia 2, um bairro inteiro planejado. Na época era bonito, parecia Brasília. Tinha largas avenidas, fiação subterrânea, postes de luz modernos”.
O sinuoso lago que pode ser visto da Avenida Pedro Paulo de Souza, parte do complexo de lazer chamado oficialmente de Parque Natural Leolídio Di Ramos Caiado foi construído em parceria da prefeitura com a construtora Tropical, que usou como base projetos da Encol da década de 1970, com algumas adaptações. Foi inaugurado no aniversário da cidade em 2010, com objetivo de valorizar os imóveis da região.
Muitas construtoras acabaram pegando o que sobrou da Encol para erguer prédios, isso pode ser visto na tendência vertical do setor. Vários prédios estão em construção. O setor voltou a ter evidência na capital após uma readequação urbanística ocorrida em 2009, proposta pelos próprios empreendedores imobiliários.
A propaganda de lançamento do novo bairro, de 1984, traz a cantora Patrícia Marx aos 9 anos de idade na área ainda deserta, com a paisagem de prédios dos setores centrais de Goiânia. Ela aponta para eles e diz: “Ali está Goiânia. Aqui será Goiânia 2, a cidade planejada da Encol”. A propaganda segue com uma música alegre no fundo e promessas de um ambiente modernista. “Goiânia 2 terá todo o conforto que uma cidade moderna deve oferecer. Ela será o nosso cartão postal. Goiânia 2 terá de tudo! Cinemas, lanchonetes, restaurantes, escolas, supermercados, bancos e praças, muitas praças!”.