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CULTURA

As palavras e dores de Virginia Woolf

Thamy Gibson,Da Editoria DMRevista

Romances de Virginia Woolf

A Viagem (1915)

Noite e Dia (1919)

O Quatro de Jacob (1922)

Mrs. Dalloway (1925)

Ao Farol (1927)

Orlando (1928)

As Ondas (1928)

Os Anos (1937)

Entre os Atos (1941)

Biografias

Orlando: Uma Biografia (1928)

Flush: Uma Biografia (1933)

Roger Fry: A Biografia (1940)

Obs.: Virginia Woolf publicou três livros com subtítulos “A Biografia”, no entanto, os dois primeiros são ficcionais.

CAPA - Capa do livro Mrs. Dalloway (foto de reprodução)

Nascida na Londres do século XIX, a escritora Virginia Woolf era filha do também escritor, historiador e biógrafo Leslie Stephen. Viveu com a família em Kensington, área nobre de Londres, e cresceu na presença da elite intelectual da época (por exemplo, Thomas Hardy, Henry James e Alfred Tennyson) que frequentava os saraus de seu pai.

Virginia foi diagnosticada ainda nova com uma doença maníaco depressiva, conhecida atualmente como transtorno bipolar, que se desenvolveu devido a abusos que sofreu dos meio-irmãos Gerald e George, filhos do primeiro casamento de seu pai.

Os primeiros episódios de acentuação do transtorno mental de Woolf ocorreram logo após a morte de ambos os pais. A mãe faleceu em 1895, quando Virginia tinha apenas 13 anos, e o pai em 1904, acontecimento no qual a jovem garota não se recuperou até o final daquele ano.

A futura escritora nunca frequentou a escola, foi educada em casa por professores particulares e o próprio pai. Desenvolveu então uma paixão pelo trabalho literário e editorial do Dictionary of National Biography, que o pai elaborava. Além disso, a vasta biblioteca que possuíam em casa se tornou refúgio e estímulo para seguir a profissão com a qual sonhava.

No período em que o pai atuou como Cavaleiro da Mais Honorável Ordem do Banho, Virginia escreveu vários ensaios e se dedicou na publicação dos mesmos. Seu primeiro artigo foi publicado em janeiro de 1904, no suplemento feminino do jornal The Guardian.

Virginia conheceu seu futuro marido, Leonard Woolf, através do irmão Thoby. Ao se mudarem para o bairro de Bloomsbury, Thoby estabeleceu que toda semana os amigos deveriam se reunir, criando assim o Grupo de Bloomsbury.

O grupo, que durou de 1905 até o final da Segunda Guerra Mundial, era formado por Virginia, além de membros do Cambridge Apostles, escritores como Saxon Sydney-Turner, David Herbert Lawrence, Lytton Strachey e Leonard Woolf. Bem como os pintores Mark Gertler, Duncan Grant, Roger Fry. Faziam parte também a irmã de Virginia, Vanessa, os críticos Clive Bell e Desdemond MacCarthy, e os cientistas John Maynard Keynes e Bertrand Russell.

A escritora se sentia grata por participar do círculo intelectual, no qual ela e a irmã eram as únicas mulheres, pois ali Virginia podia colaborar nas discussões. Além de trabalhar como escritora e contribuir para suplementos do jornal The Times, a escritora também deu aulas de literatura inglesa e história na Morley College, instituição que ensinava adultos e trabalhadores.

Mesmo com a morte do irmão Thoby e o casamento de sua irmã Vanessa, Virginia deu continuidade ao Grupo de Bloomsbury. As reuniões passaram a ter um tom de conversa mais descontraído e as discussões já não tinham caráter apenas intelectual.

Em 1909 a aristocrata e mecenas de artes Lady Ottoline Morell juntou-se ao grupo e por seu estilo exótico e extravagante, Ottoline chamou a atenção de Virginia, que a representou em seu romance Mrs. Dalloway.

Seu primeiro romance, A Viagem, foi publicado pela editora de seu meio-irmão em 1915. A partir desse momento, Virginia passou a publicar diversos romances e ensaios, tornando-se uma intelectual pública, cujo sucesso era tanto crítico quanto popular. A escritora é vista como uma das maiores romancistas do século XX e uma grande modernista.

É ainda considerada grande inovadora no idioma inglês, em seus trabalhos a autora experimenta o fluxo de consciência e a psicologia íntima, assim como traumas emocionais dos seus personagens. Ao final da Segunda Guerra sua reputação caiu bruscamente, no entanto, com o crescimento do feminismo na década de 70, a importância de Virginia foi restabelecida.

Virginia é a maior romancista lírica do inglês. Em seus romances, narrativas rotineiras e comuns são trabalhadas sob a consciência receptiva dos personagens. Por sua intensidade poética, Virginia eleva o ordinário e banal de boa parte de seus romances. Por exemplo, seu romance Mrs. Dalloway (1925) se foca nos esforços da socialite de meia-idade Clarisse Dalloway para organizar uma festa, mesmo quando a vida da socialite é paralelizada com a de um veterano de guerra da classe operária que acaba de voltar da Primeira Guerra Mundial e está tendo que lidar com os efeitos psicológicos da guerra.

Outro exemplo é Flush: Uma Biografia, lançado em 1933, parte biografia, parte ficção. A história conta a vida do Cocker spaniel que pertenceu à poetisa vitoriana Elizabeth Barrett Browning. O livro foi escrito no ponto de vista do cão e Virginia utilizou como inspiração a peça de sucesso de Rudolf Bessier (The Barretts of Wimpole Street).

Em sua última obra, Entre os Atos, lançada também em 1933, a escritora resume e amplia suas principais preocupações, como a transformação da vida através da arte, a ambivalência sexual e a reflexão sobre temas relacionados à passagem do tempo e da vida. Este é considerado o seu livro mais lírico, não somente no quesito sentimento, mas também na estilística, pois é principalmente escrito em versos.

Virginia Woolf suicidou-se no dia 28 de março de 1941, ao encher os bolsos de seu casaco com pedras e se jogar em um rio perto de sua casa. A escritora morreu afogada e seu corpo só foi encontrado três semanas depois por um grupo de crianças que brincava perto de uma ponte.

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