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CULTURA

Exemplo e motivação

Luiz de Aquino Especial para  Diário da Manhã

No começo da semana, dia 9, o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás promoveu o primeiro evento de homenagem a grandes goianos centenários, com Gilberto Mendonça Teles discorrendo sobre José J. Veiga, para o deleite dos amigos, dos leitores e de estudiosos da obra do grande contista goiano, o único dentre nós que transpôs fronteiras, conquistando a exigente Europa.
A Academia Goiana de Letras já elaborou um calendário em torno de pelo menos quatro destes – José J. Veiga, Eli Brasiliense, Bernardo Élis e Carmo Bernardes (o IHGG inclui outras pessoas, todas elas integrantes, em vida, dos quadros daquele Instituto) – e os reverenciará no decorrer de 2015. Também a Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (Aplam) já anunciou homenagens aos quatro grandes escribas, que, coincidentemente, têm passagens pela histórica cidade.
No momento em que me dispunha a traçar estas linhas, vejo uma chamada do Jornal Hoje, da Rede Globo, dando conta de que o técnico Dunga convocou o Furacão da Copa (de 1970), o imortal atleta Jairzinho, a participar de sua equipe. E o inesquecível ídolo da melhor de todas as Seleções do Mundo em todos os tempos, na grandeza de sua simplicidade, justifica: “Ele me quer como fator de estímulo e motivação.”
Emocionei-me!
Na miudeza dos meus parcos feitos nas letras e na ação cultural em Goiânia e cercanias, tenho frequentado escolas, especialmente da rede pública, a convite de professores que querem mostrar aos meninos estudantes que eu já vivi aquela realidade.
Compreendo esse empenho, o dos mestres, em mostrar-nos aos meninos. Afinal, por ser jornalista, meu nome aparece na mídia. Por ser escritor, eles podem ver meu nome em capas de livros etc. E não me custa revisitar os ambientes colegiais que me levam em viagens de tempo. Vejo-me naqueles rostos, naqueles horários curiosos e nos sorrisos de surpresas. E vejo-me, em muito menor escala, repetindo Gilberto Mendonça Teles e o próprio José J. Veiga.
Jairzinho, o Furacão, terá muito o que dizer como sugestões e conselhos aos nossos craques de agora. E terá sempre muito o que contar sobre sua vivência em clubes e na Seleção. Ele falará de como eram os uniformes e (especialmente) as chuteiras daquele tempo, dos árbitros e da imprensa, de suas emoções e das concentrações... Feliz de quem puder ouvir essas histórias e, mais ainda, de quem as absorver como exemplos e lições de vida e experiência.
O mesmo poderiam fazer Rivelino, Tostão, Gerson, Clodoaldo, Brito... Aliás, quase todos dentre aqueles 23 (alguns eram cheios de empáfia já naquele tempo; hoje, têm cabelos brancos). O mesmo, noutro campo, fazem pessoas como o já citado GMT, os poetas Coelho Vaz e Aidenor Aires, Iuri Rincón Godinho e Adriano Curado. Ou o professor José Fernandes, o competente escritor Alaor e seu igual e irmão Eurico Barbosa... Enfim, um grande número de intelectuais da pena que discorrerão sobre os nossos ídolos centenários. Deles, diremos o que sempre dissemos, contaremos de suas competências, de suas vivências, de seu talento e do quanto elevaram o nome de nosso Estado além dos horizontes do gado e dos grãos, do pequi e (lamento) da sub-arte que nos tem servido de referência.
Na próxima quarta-feira, o Sesc de Goiás homenageará José J. Veiga, também. É que em sua Biblioteca Central, na Rua 15, está o Espaço José J. Veiga, criado para acolher o acervo literário do autor de Sombra de Reis Barbudos e O Relógio Belisário. Esperamos aqui o casal Carla e Gabriel Martins (ele é sobrinho e herdeiro de José J. Veiga) e a bibliotecária Dênia Diniz de Freitas (de Belo Horizonte). Dênia foi quem, a meu pedido, organizou o acervo para que fosse trasladado para Goiânia.
Particularmente, estou muito feliz. Por escolha de José e sua esposa, Clérida Geada, tornei-me depositário de tal acervo, de que cuidei com a parceria da Academia Goiana de Letras (Casa Altamiro) até abril de 2007, quando o entreguei aos cuidados do Sesc. Agradeço a fineza e a visão de realidade dos líderes José Evaristo e Giuglio Cysneiros, bem como de toda a equipe da Biblioteca Central.
É assim, com este estado de espírito, que festejo este ano de 2015 – eu que privei do convívio e de excelentes momentos com esses quatro grandes.

(Luiz de Aquino, jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras)

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