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A arte do grafite encanta rio-verdenses

Oníria Guimarães,Especial para DMRevista

O barulho e o tumulto causados pelo trânsito das grandes cidades, aliados à correria dos tempos agitados de hoje, nos impedem de notar, ao nosso redor, verdadeiras obras de artes criadas por artistas anônimos. Gil Fran Alves Soares, Ô Gil, é um desses grandes artistas responsáveis por mudar nossa visão de mundo.

O trabalho desse artista plástico está sendo destaque em Rio Verde, em uma das esquinas mais movimentadas da cidade, no Setor Norte. Neste local, o muro em torno de uma unidade da Saneago chama a atenção de quem passa no local. Alguns até param para apreciar a pintura feita em grafite, com cores e formas perfeitas, que encantam e atraem os olhares. No muro que contorna o quarteirão, Gil está concluindo sua mais recente obra de arte, uma belíssima pintura formada por imensos quadros, cada um com uma imagem diferente, cujo tema é a preocupação com a escassez da água, sugerido pela própria estatal onde o artista também trabalha como agente de sistema de manutenção.

Quando saiu do Maranhão e foi para São Paulo, Gil conheceu alguns grafiteiros e seus trabalhos e se encantou pelo estilo. Começou a pintar na capital paulista, aprendeu a técnica do grafite e ali fez várias pinturas, todas com temas que chamavam a atenção das pessoas. Gil parou de pintar por sete anos e conta que sentiu muita falta, mas, em 2001, veio para Goiânia-GO onde começou a trabalhar na Saneago. Nesta empresa, onde já conheciam seu talento como artista plástico, há quatro anos surgiu a ideia de pintar os seus muros, pois estes estavam sendo pichados por vândalos. A ideia da estatal era pintar nesses muros temas que despertassem a atenção das pessoas para o uso responsável e consciente da água, daí o trabalho feito por este artista na capital goiana e hoje em Rio Verde. Segundo o artista, este trabalho é um alerta para o consumo exagerado de água e falta de preservação da mesma.

Gil tem 36 anos, natural de Imperatriz no Maranhão, é casado e tem duas filhas naquele Estado, com o que ganha na empresa, sustenta a família e se mantém. O artista não reclama da remuneração e se diz muito feliz com o trabalho que realiza, mas reconhece que não é valorizado como artista plástico, apesar das pessoas se encantarem com sua pintura. “Além do grafite, faço pinturas em telas, já expus meu trabalho em Minas Gerais, mas reconheço que como artista plástico, assim como muitos outros, não sou reconhecido. As pessoas me convidam para apresentar meu trabalho, mas financeiramente não tenho nenhum retorno, sobrevivo mesmo é com o salário que ganho como agente de sistema de manutenção na Saneago”, diz.

Quanto às pichações como forma de vandalismo, o artista não concorda e sugere que este tipo de pintura seja realizado como forma de conscientização ou para chamar a atenção para algum problema social e relata que muitos outros grafiteiros começaram a fazer esse tipo de pintura inspirados em seu trabalho.

Gil diz que sua maior satisfação é ver que as pessoas param para apreciar seu trabalho, comentam, dão sugestões, fotografam e o elogiam bastante. “O mais gratificante é ver que as pessoas notam o meu trabalho e muitas não passam despercebidas, isso me traz uma satisfação imensa. Sou contra os grafiteiros que fazem esse trabalho como forma de vandalismo, a estes sugiro que o faça por uma causa nobre, como forma de conscientização e para ajudar na mudança de atitude das pessoas para melhor. Não vale a pena pichar por pichar, nosso trabalho deve ter um objetivo, assim como qualquer outro tipo dearte”, aconselha.

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