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O último romance de Orwell

Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista

As maneiras da sociedade dominar ou deixar-se alienar, sempre estiveram presentes na obra do escritor indiano George Orwell. Ele escancarava isso, quase sempre, por meio da metáfora, e, através delas discutia presente, o futuro e o passado, sob um olhar agudo, crítico e contestador. Estas características estão ainda mais intensas em sua última e mais famosa obra: 1984. Publicada há 66 anos, o livro continua provocativo, relevante e se tornou um clássico da literatura mundial. E, de leitura quase obrigatória.

Muita gente não deve saber, mas foi inspirada neste romance distópico ambientado em Londres, na Oceânia, em 1984, que os criadores do programa Big Brother intitularam o famigerado reality show - que em português significa "Grande Irmão".  Mas, apesar do nome, neste clássico, seu sentido é mais agressivo, pois, foi assim que Orwell denominou um sistema de controle ideológico da população, que mantinha aparelhos monitoradores instalados em toda parte, que ninguém via, mas sabia existia.

Ou seja, o Big Brother controlava a população, à favor das vontades do sufocante “Partido”, que não tinha outro objetivo, a não ser se manter no poder. O desenrolar da história acontece com a tomada de consciência do herói Winston Smith, que percebe a manipulação, e luta contra  o sistema repressor.

Embalada pela história deste homem, que luta contra uma ditadura quase sozinho, esta obra colocou Orwell em local único dentro na literatura mundial.  Foi traduzida para mais de 65 línguas e teve milhões de cópias vendidas pelo mundo. Nela, mesmo sem querer, Orwell popularizou ainda termos como  “Duplipensar” e “Novilíngua”. Já,  "orwelliano" se tornou sinônimo de repressão ou totalitarismo.

Atual

E, esta obra, vira e mexe, continua a ganhar novas causas atuais. Um exemplo é que uma das partes mais interessantes da obra virou até música. A frase de Winston Smith: “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado”  - mas em inglês-, foi usada pela banda estadunidense Rage Against the Machine, na música Testify.

A canção critica a massificação da política dos Estados Unidos durante a primeira eleição do ex-presidente George W. Bush, e a amenização dos fatos da Guerra do Golfo (ocorrido em 1990) com propaganda intensa e manipulação da mídia. Fatos que ocorreram cinquenta anos após a morte de Orwell.

O Autor

Nascido na Índia em 1903, em meio a uma decadente aristocracia britânica, recebeu o nome de Eric Arthur Blair. Mas abandonou tudo: o status, o dinheiro, e até o nome, para se aventurar no mundo sob o pseudônimo que o tornaria célebre e que faria de sua própria vida a maior ficção de todas. Blair, ou melhor, George Orwell, teve uma vida agitada: foi policial na Birmânia (atual Miamar), conviveu com trabalhadores braçais de minas e portos ingleses, passou fome e frio em Londres, onde morou nas ruas e em abrigos para sem-tetos e lutou na Espanha, durante a guerra civil de 1936. Como escritor tem outras obras primas, como: Dias na Birmânia (1934) e A Revolução dos Bichos (1945). Orwell morreu em Londres vítima de tuberculose, em 1950, aos 46 anos de idade.

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