Cultura

A diva branca da black music

Redação

Publicado em 22 de julho de 2015 às 23:24 | Atualizado há 10 anos

Rariana Pinheiro,Da editoria DMRevista

Poucos artistas no mundo colocaram tanta alma em suas músicas como a cantora e compositora britânica Amy Winehouse. Talvez, por isso, ela tenha escolhido o soul – que significa alma em inglês – como uma de suas maiores influências. Dona de timbre e topete vigorosos, se consagrou como uma diva branca da black music. Mas suas fragilidades serviram como banquete para mídia e fãs famintos por escândalos. Não demorou para que sua alma, tão sensível, se apagasse: há exatamente quatro anos, Amy Winehouse engrossava a triste lista de astros da música que morreram aos 27 anos.

O laudo final dizia que a cantora, que bradou na canção Rehab, não querer ir para reabilitação, morreu de forma acidental por ingestão de álcool, após período de abstinência. Mas, de natureza sensível para compôr e interpretações emocionantes, revelava no hit sombrio Back to Black, que esta não era a primeira vez que ela partia: “já tinha morrido umas cem vezes”.

Estas duas canções citadas – Rehab e Back to Black – foram retiradas do álbum também intitulado Back to Black (2006). E tal trabalho foi responsável em transformar a garota simples em diva da música pop. O disco ganhou grandes proporções e se tornou no álbum mais vendido de 2007 e, após sua morte, do século XXI. Ainda transformou Amy na artista feminina britânica mais premiada em uma única edição de um Grammy – ganhou cinco.

Sua voz, que críticos diziam ser uma mistura Billie Holiday e Lauryn Hill, influenciou astros como: Adele, Bruno Mars e Sam Smith. A fama, sucesso e dinheiro de Back to Black fizeram de Amy uma celebridade pop, de talento incontestável. Mas, também, em uma bomba prestes a explodir. Back to Black foi também seu último disco. E, mesmo com tanta coisa para mostrar, a carreira e até o dom da artista foram desbotados, pela exposição de sua vida pessoal – principalmente as brigas com o ex-marido Blake Fielder-Civil e o abuso de álcool e drogas.

Logo, no auge da carreira, a gravação do terceiro álbum foi por vezes adiada e apresentações mostravam que sua morte era uma questão de tempo. Em 2011, fez turnê bem-sucedida no Brasil. No entanto, nas apresentações seguintes, em Dubai e Belgadro, o descontrole emocional e uso de drogas também ficaram aparentes, atrapalhando sua voz e até ritmo – no último show chegou a ser vaiada e abandonou o palco.

 

Álbum destruído e documentário polêmico

Depois da morte da cantora, em 2011, foi lançado o álbum de compilação Lioness: Hidden Treasures, que contém canções inéditas e demos escolhidas por Mark Ronson, Salaam Remi e a família da artista. No entanto, este deve ser o último disco póstumo de Amy. O motivo é que todo o material não lançado pela cantora, em posse da Universal Music, foi destruído, segundo as palavras do próprio diretor-executivo da gravadora, David Joseph, em entrevista à revista Billboard.

Em declarações a respeito, David Joseph se justificou dizendo: “Era uma questão moral. Roubar um trecho ou um vocal é algo que jamais aconteceria sob a minha chefia”. Este pronunciamento de Joseph coincidiu ainda com o lançamento internacional do documentário Amy, do qual também é produtor.

Este longa, que teve pré-estreia em Cannes, compila imagens inéditas da artista, mescladas com depoimentos de entrevistados, entre amigos e familiares. Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme tem feito barulho, já que sugere que a cantora pode ter sido “assassinada” pela fama.

E apesar de bem recebido pela crítica, o pai de Amy, Mitch Winehouse, apelidou o documentário de “impreciso e enganoso”. Ele acusa o realizador do longa, Asif Kapadia, de retratar a família fazendo muito pouco para ajudar Amy na luta contra a dependência do álcool e da droga.

 

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