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CULTURA

Cria do Cerrado

Após seus quadros chegarem a museus de diversos cantos do Globo, é aqui, em Goiânia, cidade na qual nasceu, que o artista plástico Santana veio comemorar seus 70 anos de vida. Em sua terra natal, este “campineiro”, que escolheu viver e criar em Pirenópolis faz, curiosamente, sua primeira grande mostra. Intitulada Travessia, a exposição ficará em cartaz até o dia 10 de janeiro, no Museu de Artes de Goiânia (MAG).

O título da mostra já faz todo sentido. É por meio de suas telas de tons vibrantes e embebidas das cores e culturas do cerrado, que Santana celebra ainda sua caminhada de 40 anos, no mundo das cores. Mas, apesar do nome casar bem com sua proposta de retrospectiva, o artista revela que não ele não é exatamente uma novidade.



“Na verdade, em todas as minhas exposições eu coloco o nome de travessia. Pois, a vida é isso, uma travessia, uma passagem. Com 70 anos, acho que estou completando o meu ciclo, apesar de que na minha família, muitos já passaram dos 100 anos”, diz o artista, entre risadas.

Nesta “travessia” de Santana, há 30 quadros, a maioria em grande dimensões. No hall de entrada, ele traz ainda diversos totens de madeira maciça, com cerca de dois metros de altura, nos quais o artista mostra uma de suas maiores influências: o povo indígena.

“Neles, eu represento o Totem indígena, um símbolo sagrado, que existe na entrada de muitas tribos e possui toda uma simbologia, para estas culturas. Fiz uma representação desta forma de expressão”, explica o artista que, além das tradicionais telas, mostra ainda um trabalho que une arte e carpintaria. “Na mostra há duas mesas, que fiz usando troncos de árvores, elas possuem designer diferente e tem muita informação cultural. São obras de arte mesmo”, explica o artista.



Para fazer tais obras como os totens, cadeiras e mandalas, ele reaproveita madeiras de árvores caídas da natureza. Já suas telas, parecem vibrar com as cores das onças-pintadas, capivaras ou jacarés. “Sou um artista regionalista apaixonado pela natureza. Tenho muita preocupação com a devastação da natureza. Pois, o que tínhamos medo no passado já está acontecendo agora, como esta mudança climática, por exemplo. Por isso, com minha arte faço uma denúncia pacífica, em prol da natureza”, argumenta.

Esta identificação de Santana com a flora, fauna, cultura indígena e até com arte rupestre, dão às obras do artista goiano tanta personalidade, que as vendo é facilmente identificar seu criador. O estilo marcante, Santana chama de “primitivo contemporâneo”, gênero que mistura, sem medo, abstrato e figurativo. E, a forma de criar, o artista se orgulha de ter inventado.

“Tudo na minha obra é muito intuitivo. Gosto de criar com muita liberdade. Acho que quando fazemos o que queremos, sem querer agradar todo mundo, a gente se liberta, faz um trabalho autêntico e não aquela coisa fria e sem emoção. Tento trazer o antigo, para o mundo moderno e não sou de nenhuma escola, nem tenho influências”, conta o artista.

Andanças

Apesar de genuinamente goiano - ele nasceu no bairro de Campinas –, Santana é ricamente influenciado pelas travessias que já fez na vida. Começou sua carreira artística em Cuiabá (MT), onde morou por sete anos, enquanto trabalhava como executivo para uma empresa multinacional.

A trabalho conheceu as matas e tribos indígenas do Pará e Mato Grosso, e a cada viagem que fazia, se reafirmava suas peculiaridades artísticas. “Convivi muito tempo com as tribos do Pará e do Mato Grosso. Já, o cerrado é minha casa, meu berço. Não deixo de inserir estes elementos", explica.Sua “casa”, Santana levou à exposições internacionais. Esteve Washington (EUA) por duas vezes nos anos de 1999 e 2000. A última exposição na capital do Estados Unidos foi, inclusive, uma coletiva sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, onde expôs seus quadros ao lado de nomes famosos, como: Di Cavalcanti, Portinari, Manabu Mabe, Iberê Camargo e Tarsila do Amaral. “Era o único artista brasileiro vivo”, relembra.

Serviço Exposição Travessia de Santana Quando: Até 10 de janeiro Onde: Museu de Arte de Goiânia ( Rua 1, n° 605 - St. Oeste) Entrada franca Informações: (62) 3524-1196

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