Marcos Rey
Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 20:59 | Atualizado há 4 meses
Na tarde de terça-feira, enquanto procurava destaques para a data de hoje, 17 de fevereiro, me deparei com o aniversário de um escritor e cineasta brasileiro, chamado Marcos Rey. Coincidentemente o mesmo nome do autor do romance policial, cuja leitura acabo de terminar. Seria um sinal da providência divina me dizendo que a extensa obra deste ímpar escritor deveria ser trazida à luz? De que sua história deveria ser relembrada? É claro que sim!
O romance a que me referi é O Diabo no Porta-malas. Um romance policial que narra fatos sobre a investigação da morte de um homem, cujo corpo (vestido de diabo) é encontrado no porta-malas do carro de seu sócio, que se declarara o tempo todo inocente. O jovem filho do acusado, um rapaz de 18 anos, inicia uma perigosa investigação após a condenação de seu pai a vinte anos de prisão pela morte do sócio trambiqueiro, a fim de provar a inocência do mesmo. Leitura simples, de fácil digestão, daquelas típicas de matar o tempo e descansar a mente das leituras e estudos obrigatórios dos ofícios cotidianos.
A obra de Marcos Rey, muitas vezes adaptada para a tele dramaturgia e o cinema, tem características voltadas para o mistério e o terror, mas com requinte, nada que pudesse perturbar a mente do leitor. O plano de fundo para maioria de seus livros e peças é a cidade de São Paulo, sua terra natal, narrando eventos típicos da vida agitada dos paulistanos e seus conflitos. Seu pai, um gráfico-encardenador, que trabalhara na editora do escritor Monteiro Lobato, foi a ponte de aproximação dos filhos com o mundo das letras. Marcos não era o único escritor da família. Seu irmão, Márcio Donato, também era escritor. Márcio é autor do romance considerado “proibido” Presença de Anita. Este livro rendeu a Márcio sua excomunhão da Igreja Católica e também fora a base inspiratória para a minissérie homônima da Rede Globo, protagonizada por José Mayer e Mel Lisboa.
Marcos Rey é o pseudônimo escolhido por Edmundo Donato quando, aos 17 anos, escreveu seu primeiro conto, Ninguém entende Wiu-Li, publicado no jornal Folha da Manhã. Trabalhou também em rádio e foi pioneiro na televisão, tendo ele estabelecido o estilo de linguagem a ser utilizado neste veículo, tanto em telenovelas como em programas destinados ao público infantil. Em parceria com seu irmão Márcio, traduziram vários livros do inglês para o nosso português e fundaram a Editora Mauá, que não deu muito certo, mas foi fundamental para que Marcos conhecesse Palma Belivacqua, que se tornaria sua esposa futuramente. Marcos também é responsável pela adaptação das obras A Moreninha e Sítio do Pica-pau Amarelo para a televisão.
Autor de obras como Doze Horas de Terror, Um Cadáver Ouve Rádio, Sozinha no Mundo, Na Rota do Perigo e Não Era Uma Vez, um drama que narra a história de um garotinho à procura de sua cadela, perdida nas agitadas ruas da Grande São Paulo. Na década de 1990 fora inclusive colunista da Revista Veja. Marcos Rey faleceu aos setenta quatro anos devido a complicações pós-operatórias em 1º de abril de 1999. Ele havia acabado de retornar de viajem à Europa. Um mês depois, Palma, a viúva, jogara de helicóptero as cinzas do escritor sobre a cidade de São Paulo, maior protagonista de sua obra.