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Pyongyang: silenciosa, deserta e espaçosa

A Coreia do Norte é conhecida por ser um dos países mais fechados do mundo. Possui um regime totalitário centrado na ideologia Juche, própria do Partido dos Trabalhadores da Coreia, que assumiu o controle do país logo após o fim da Guerra da Coreia, num contexto de Guerra Fria. A Coreia do Norte assumiu um governo de tendências socialistas, influenciada por países como China, Rússia e Alemanha Oriental, enquanto a Coreia do Sul assumiu o capitalismo como modelo econômico. Os norte-coreanos são considerados isolados do mundo, principalmente por conta de um embargo econômico de vários países justificado pela tradição do país em realizar testes nucleares. A divisão da Coreia é considerada uma das mais severas consequências da Guerra Fria (1945-1991).

Por ser um país fechado, a presença de estrangeiros no país é quase insignificante, e quando existe é estreitamente vigiada por serviçais do atual líder supremo de Estado, Kim Jong-Un, que assumiu o cargo em 2011 após a morte de seu pai, Kim Jong-Il. Para o fotógrafo francês Raphael Olivier, que teve a oportunidade de fotografar monumentos históricos do país, Pyongyang assemelha-se ao cenário de filmes de ficção científica, e possui grande influência da arquitetura brutalista, corrente que esteve em alta nas décadas de 1950 e 1960. O fotógrafo conta que a produção de fotografias no país deve obedecer uma série de regras: deve enaltecer a riqueza visual da cidade e seus monumentos e ocultar seus problemas sociais.

Outro fotógrafo, Eric Lafforgue, teve a oportunidade de visitar o país por seis vezes, e conseguiu registrar imagens amplamente desaprovadas pelo governo totalitarista norte-coreano. As imagens exibem trabalho infantil em lavouras, soldados auxiliando em tarefas do dia a dia, filas quilométricas para acessar transporte público e até mesmo a estátua de Kim Il-Sung de costas. “As autoridades norte-coreanas odeiam quando você faz este tipo de registro. Mesmo quando eu explico que a pobreza existe em qualquer lugar, até no meu próprio país, ainda assim eles me proíbem de tirar fotos assim”, explica Lafforgue. Ele acrescenta ainda que na Coreia do Norte é ilegal tirar fotos de soldados em momentos descontraídos, bem como de desnutrição.

Construção

Pyongyang foi destruída durante a Guerra da Coreia (1950-1953), e foi completamente reconstruída de acordo com o visionarismo de Kim Il-Sung, primeiro líder do país. Sung também foi responsável pela formulação da ideologia Jushe, que bebe da fonte de pensadores como Karl Marx e Vladimir Lenin. Seu sonho declarado era criar uma capital que elevasse a moral do país nos anos pós-guerra. O resultado foi uma cidade com avenidas amplas e arborizadas, edifícios públicos com minuciosa preocupação paisagística. Sua arquitetura, de estilo russo, faz referência a cidades da Sibéria durante o período de nevasca, embora essa percepção seja levemente quebrada por construções coreanas tradicionais. No verão, é notória por seus rios, salgueiros, flores e parques.

As ruas estão dispostas de maneira sequencial, dando à cidade uma aparência ordenada. Designers norte-coreanos aplicaram a experiência da Suécia, país do norte europeu, na criação de vizinhanças autossuficientes em todo o país. Seus habitantes são – a maioria – divididos em grupos de 5 a 6 mil pessoas. Cada divisão possui uma estrutura similar de serviços: um mercado de alimentos, uma barbearia, um alfaiate, um banheiro público, uma estação de correios, uma biblioteca, entre outros. Muitos moradores habitam apartamentos arranha-céus. Uma das preocupações de Kim Il-Sung era limitar a população. Autoridades mantêm um restrito regime de mobilidade dentro da cidade, o que faz dela uma exceção no leste asiático: silenciosa, deserta e espaçosa.

As estruturas de Pyongyang são divididas em três categorias: monumentos, construções tradicionais (do período anterior à divisão da Coreia) e arranha-céus. Algumas das mais famosas referências arquitetônicas do país são monumentos, como a Torre Juche, o Arco do Triunfo e Grande Monumento da Colina Mansu. A Torre, construída em granito, possui 170 metros e simboliza a ideologia Juche. Ela foi concluída em 1982 e contém 25.500 blocos de granito, um para cada dia da vida de Kim Il-Sung até a data. O monumento mais proeminente na linha do horizonte de Pyongyang é o Hotel Ryugyong, a sétima maior construção do mundo em número de andares e um dos maiores hotéis do mundo. Sua construção teve início em 1987 e ainda não foi inaugurado.

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