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CULTURA

Antiguidade ao ar livre

A possibilidade de economizar e consumir de forma mais consciente têm aquecido o mercado de roupas e produtos culturais. Na capital goianiense várias feiras de antiquários acontecem nos finais de semana em diversos espaços. E esses eventos possuem vários pontos em comum, remetendo de forma saudosista a uma época analógica a partir de vinis, livros, gibis, HQ´s, entre outros produtos.

Não por acaso, aparecem cada vez mais iniciativas nesse segmento. Idealizado pelo jornalista Carlos Pereira e empresário Luiz Fafau, a Esquina do Desapego – que nascera de uma conversa simples – acontece todos os sábados, a partir das 10h, no sebo Hocus Pocus, localizado na Avenida Araguaia. “Espaço está aberto para todas as pessoas que queiram desapegar”, diz Fafau. 

No evento há uma vitrola e vários vinis e o público é responsável por escolher o que ouvir. Além disso, na discotecagem, quem escolhe o disco é o público, seja uma do lado A ou do lado B. O DJ, identificado como Folgado, também fruto de uma sacada irreverente dos organizadores, será apenas o colocador de LP´s. É um excelente lugar para passar as manhãs de sábado e desapegar geral.

Fundado em 1997, o Brechó Goiano começou suas atividades com compra e venda de roupas usadas de grifes famosas. Com a comercialização de antiguidades, iniciada em 2010, o estabelecimento incorporou a palavra “antiquário” ao seu nome. Hoje, o Antiquário Brechó Goiano tem - entre suas peças - antiguidades, móveis, quadros, itens de decoração diversos e roupas usadas de qualidade.

“Aos sábados, temos muitos itens que são novidades garimpadas no decorrer da semana”, conta o proprietário do Brechó goiano, Wanderlei Marques, cujo brechó abre hoje a partir das 10h. Ele defende ainda que a feira é uma forma de fazer com que a população valorize as peças antigas e usadas. “Peças que carregam histórias e despertam lembranças, que não devem ser apagadas”.

Além do desapego de produtos culturais, cresce a quantidade de brechós na capital - Foto: Reprodução

Praça Tamandaré

Erom Walter Gonçalves, conhecido como Bira, é um admirador de coisas antigas. Em Goiânia, resolveu dar vazão à sua paixão e criou a pioneira Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré, evento num local tradicional da cidade, que reúne expositores dos mais diversos produtos.

Bira diz que a cada nova edição a Feira de Antiguidades da Praça Tamandaré vai conquistando novos públicos, novos clientes. Agora, ele, juntamente com os expositores, buscam um reconhecimento do município para que a feira, inclusive, seja incluída no calendário oficial cultural da Cidade de Goiânia. As dificuldades enfrentadas são muitas, mas, aos poucos, vão sendo vencidas.

Uma delas, é fazer com que o goianiense passe, de fato, conhecer a feira. Para isso, Bira diz que precisa de uma maior divulgação, o que está sendo feito e com resultados positivos já sentidos. As redes sociais são uma grande ferramenta para conquistar novos consumidores.

Bira lembra que o goianiense tem sido receptivo, tanto que muitos se adaptam à própria feira, comparecendo à rigor, muitos com carros e motos antigas. 'Entram no clima do que propomos, que é uma volta ao tempo, ao passado, com a maturidade que a ação requer', diz Bira.

Brechós e sebos surgiram no século XIX

A palavra Brechó apareceu pela primeira vez no Rio de Janeiro durante o século XIX. Isso foi no Brasil, pois na Europa eles se originaram nos mercados de pulgas, onde era permitido comprar e vender quase tudo. As feiras aconteciam ao ar livre e como as peças eram usadas e não havia lá muita preocupação com a higiene.

As primeiras lojas de segunda mão – como eram chamados os brechós naquela época – surgiram no século XIX e se tornaram conhecidos com as crises econômicas geradas pela 1º e 2º guerra mundial, especialmente por meio da Cruz Vermelha a partir da venda de produtos doados com preços que cabia no bolso de quase todo mundo.

Por aqui, a origem da palavra “brechó” é, digamos assim, um tanto quanto peculiar. No Rio de Janeiro, então capital do País, surgiu uma loja de utensílios usados chamada Casa do Belchior. Claro que a alta popularidade fez com que o nome Belchior fosse associado a estabelecimentos que comercializavam produtos usados.

Para se ter uma ideia, até o escritor brasileiro Machado de Assis – autor dos clássicos romances “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” – usou a expressão em um de seus contos. Ao longo dos anos, a palavra passou por processo de transformação e se adaptou a “brechó”, o que criou um novo termo.

Hoje não é apenas produtos usados, como discos, livros, entre produtos culturais, por exemplo, são bem-vindos nos brechós. É vintage, por exemplo, um vestido assinado por Yves Saint Laurent, uma carteira Gucci, uma bolsa Channel. E por aí vai.

Fachada do sebo Hocus Pocus - FOTO: Reprodução/ Facebook

Sebos

Os sebos chegaram ao Brasil na metade do século XIX, mas por que o nome sebo? Bom, há algumas versões para o assunto. Uma delas é que antes da energia elétrica as pessoas liam à luz de velas, que eram feitas de gordura que escorria sobre os livros, deixando-os sebentos, gordurosos. Daí o nome sebo.

Outra, contudo, fala que os jovens de antigamente, a fim de aprender, não se desgrudavam dos livros e os mantinham sempre embaixo do braço, fazendo com que eles ficassem sujos, ensebados. Uma outra história é de que essa ideia de vender, trocar livros usados veio de um livreiro pernambucano. Sebo foi o nome que ele deu ao seu estabelecimento.

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