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O triste fim do fascismo

Eles formam milícias, semeiam o ódio, intimidam os democratas, seduzem o poder econômico, sustentam-se pela retórica da raiva, da violência e do inimigo em toda parte. Dão a entender que a barbárie será eterna. No entanto, os fascistas são um grande (e letal) acidente de percurso da História, e logo eles vão para o lugar que merecem: a lata de lixo. Pode durar 21 anos, como no Brasil dos arapongas fardados, ou ruir em menos tempo– embora sejam tragicamente sanguinolentos - como na Alemanha do Terceiro Reich, que se dizia eterna. Nas ditaduras latino-americanas bancadas pelo Tio Sam, o desfecho também é macabro. Os tiranos, na verdade, não duram para sempre e têm reservados um final nada feliz.

Piazzale Loreto, Milão

A situação de Benito Mussolini, com o avanço das tropas aliadas sobre a Itália, em 1943, se tornou difícil. Retirado do governo e preso pela liderança do partido fascista italiano, o Duce passou a ser visto como fugitivo. Foi tirado da prisão pelo exército nazista e, uma vez solto por seus camaradas germânicos, refugiou-se no norte de seu país, criando a República de Salò. Mas, em 1945, a coisa ficou insustentável e ele resolveu deixar a Itália. Ele e sua esposa, Clara, buscaram esconder-se num comboio, mas acabaram sendo desmarcarados pelos partigiani da 52ª Brigada Garibaldi Luigi Clerice. Foram justiçados em Dongo. Os italianos, assim, exorcizaram o fascismo.

Tribunal de Nuremberg

O Führer tratou de se enevenenar, juntamente com sua amante Eva Braun, em seu Bunker em Berlim, assim que os morteiros da vanguarda do Exército Vermelho se fizeram ouvir nas imediações da capital alemã. No entanto, outros figurões do regime não tiveram a mesma sorte e acabaram indo parar no Tribunal de Nuremberg, formado pelos aliados para julgar os crimes de guerra. No total, dos 22 acusados, 12 foram condenados à pena de morte e apenas três foram absolvidos. O julgamento se estendeu de novembro de 1945 a outubro de 1946. Nazistas famosos, como o ex-militar Paul Schäfer, colaboraram com a ditadura de Augusto Pinochet, na década de 1970.

Almirante Carrero Blanco

A tirania espanhola tinha neste militar servil e servo da burocracia franquista a esperança de sobrevivência diante da previsível morte do el jefe. Ex-secretário de Franco, Carrero Blanco virou presidente do governo do padrinho, que passou a atuar à sombra do milico. A nomeação de Carrero Blanco ocorreu em julho de 1973, mas sete meses depois um ataque atribuído ao ETA basco interrompeu o sonho do almirante de se perpetuar no poder. Com a força do impacto, o veículo em que estava o pupilo voou até o teto de um prédio. Franco morreu a 20 de novembro de 1975. A democracia espanhola foi restabelecida no ano seguinte.

Cidadão Boilesen

O empresário Albert Henning Boilesen nasceu na Dinamarca. Gostava de carnaval e era presidente do Grupo Ultragaz. O magnata sentia prazer em acompanhar sessões de tortura e chegou a importar – de acordo com o documentário “Cidadão Boilesen”, de Chaim Litewski - equipamentos sofisticados para interrogatórios. Também foi um notório entusiasta e financiador da Operação Bandeirantes, que atuava nos porões da ditadura civil e militar, com grana do empresariado brasileiro. Identificado pelos resistentes, foi justiçado próximo à sua casa, na região dos Jardins, em São Paulo, no dia 15 de abril de 1971. No mesmo local, Carlos Marighella havia sido emboscado pela turma do delegado Sérgio Paranhos Fleury dois anos antes.

Anastasio Somoza Debayle

Na década de 1970, os governos alinhados aos interesse dos States tiveram assessoria da CIA e grana aos montes para manter de pé ditaduras sanguinárias e serviçais. E poucas foram tão macabras quanto a de Anastasio Somoza Debayle. De pai para filhos, desde 1934, a Nicarágua se tornou um quintal das corporações norte-americanas, ao mesmo tempo que engordava o patrimônio dos mandatários num país miserável. Com mão de ferro, Anastasio governou de 1967 a 1979, quando a revolução sandinista lhe tirara do poder e o obrigou a se refugiar no Paraguai, que vivia sob a ditadura de Alfredo Stroessner. Mas foi por pouco tempo: em 17 de setembro de 1980, a bordo de uma limusine, foi surpreendido por um comando guerrilheiro argentino e pagou com a vida todas as atrocidades que cometeu aos nicaraguenses. 

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