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Exposição retrata vida e obra de Anne Frank, autora do diário mais famoso do século XX

A História fala por si só. Muito mais do que as anotações de uma menina, “O Diário de Anne Frank” se tornou um documento sobre perseguição nazista aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Anne registrou tudo: seus sentimentos, seus desabafos, seus temores, seus medos, seus receios, suas reflexões enquanto vivia trancafiada no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha. A menina judia não conseguiu virar a escritora e jornalista que queria. Os tiranos lhe ceifaram a vida. No entanto, seu pai acabou sendo libertado e publicou seu diário, que é lido, estudado e lembrado há gerações.

Nascida no dia 12 de junho de 1929 na cidade Frankfurt, na Alemanha, Anneliese Marie Frank era filha do judeu Otto Frank, empresário alemão e ex-sargento do exército germânico durante a Primeira Guerra Mundial. Edith Frank-Holländer, mãe de Anne Frank, era filha de um rico homem de negócios. Antes de Anne nascer, o casal havia dado a luz a Margot Frank. As três paderecem diante das insanidades do messias Adolf Hitler, militar medíocre e falastrão que mergulhara o mundo num mar de sangue. Anne, Margot e Edithe foram assassinadas em nome da eugenia nazista.

Casa de Anne Frank na Holanda

A trajetória da menina judia que desafiou os arapongas nazistas a partir de suas comoventes palavras é tema da exposição do Google Arts & Culture, uma parceria da plataforma online com a Fundação Anne Frank. Disponível ao público desde o dia 12 de junho ano passado, o projeto permite visitar a casa da autora do diário mais famoso escrito no século passado, em Amsterdã, na Holanda. Com a tecnologia Street View, recurso do Google que permite visão panorâmica, o internauta consegue conhecer todos os cômodos do imóvel, incluindo o quarto que Anne dividia com a irmã. É possível acessar pelo iOS, Android e site.

Com fotos inéditas, documentos e o único vídeo conhecido de Anne - filmado numa festa de casamento -, a exposição revela como foi a batalha da família contra a tirania de Hitler. Anne escreveu “O Diário de Anne Frank” quando ficara escondida com a família no anexo da companhia do pai. É possível serpentear casa adentro, onde há o mobiliário original da fábrica de geleia onde trabalhava o progenitor, cujos negócios degringolaram com a crise econômica que a Alemanha atravessava na década de 1920, como consequência da Primeira Guerra. Os nazistas, ao contrário do que pregavam, afundaram o país germânico.

Na casa, tudo faz referência a menina: a decoração com fotos de artistas do cinema e as cortinas costuradas para tapar as janelas do esconderijo. O visitante consegue encontrar ainda fotografias do manuscrito do diário, onde ela escrevia frases cortantes sobre as barbáries da Gestapo, a cruel polícia política de Hitler. A insana perseguição aos judeus é detalhada na exposição, bem como a construção do esconderijo para evitar a deportação. “Nossos muitos amigos e conhecidos judeus estão sendo levados aos montes. A Gestapo está tratando todos eles muito mal”, escreveu Anne, no seu diário, em frase destacada na exposição.

Manuscrito de 'O Diário de Anne Frank'

Eram os anos mais horrorosos da Grande Guerra. Anne e Margot foram transportadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha. A mãe delas permaneceu em Auschwitz-Birkenau, morrendo em 6 de janeiro de 1945, meses antes de o Exército Vermelho da União Soviética se fazer ouvir nas imediações de Berlim, capital da Alemanha. Depois de três dias de uma desumana viagem de trem, a menina e a irmã foram obrigadas a se alojar em barracas. Uma chuva torrencial, contudo, destruiu a ‘casa’ delas, e elas são removidas para barracões abarrotados de gente. Anne encontra a amiga do jardim de infância, Hanneli Goslar.

Ilustrada por imagens da crueldade nazista dos campos de concentração, a exposição narra também como ocorreu a libertação de Auschwitz pelas tropas russas, em 27 de janeiro de 1945. Otto Frank foi solto, mas ele era o único dos oito escondidos que conseguiu sobreviver à Segunda Guerra. Semanas mais tarde, Otto teve a notícia da morte de Anne e Margot e, então, Miep lhe entrega o diário da filha, que estava guardado desde a prisão da família pela polícia política de Adolf Hitler. Num primeiro momento, foi difícil encontrar numa editora que bancasse o livro. As portas se abriram quando um historiador publicou um artigo num jornal holandês.

Em 1952 o diário de Anne se tornou sucesso editorial e despertou o interesse de dois dramaturgos norte-americanos, que adaptaram o texto para a linguagem teatral e o montaram na Broadway. Foi um sucesso. Em 1959, “O Diário de Anne Frank” se transformou em filme, com a atriz Milly Perkins no papel de Anne. No ano seguinte, a Casa de Anne Frank é inaugurada e atrai grande número de pessoas, recebendo aproximadamente 1 milhão de visitantes por ano. Em meio à quarentena do coronavírus, a visitação online é uma boa pedida. Assim mantém-se viva a memória da tragédia e fica-se em casa, se possível.

Ficha técnica

‘Exposição na Casa de Anne Frank’

Onde: Google Art & Culture

Disponível em Android, iOS e site

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