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A TV e seus 70 anos no Brasil

Nesta sexta-feira (18/9) a TV completa 70 anos aqui no Brasil. A caixa mágica que passava imagens, como era dito por muitos na época, ganhou o coração do brasileiro inovando em estilo, programação, tecnologia e a forma de transmitir informação.

A estréia da TV brasileira

Em uma segunda-feira, 18 de setembro de 1950, era anunciada a primeira transmissão brasileira pela TV Tupi - primeira emissora com a sede em São Paulo fundada pelo jornalista paraibano e empresário Assis Chateaubriand.

Teve Tupi - a primeira emissora brasileira. Foto: reprodução/web

"Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil!", anunciava uma logomarca com um pequeno índio, simbolo da TV Tupi.

Várias pessoas se aglomeravam em padarias e outros lugares de São Paulo para assistir ao primeiro programa ao vivo, “TV na Taba”, na noite daquele 18 de setembro. O programa reuniu artistas que vinham do cinema e do rádio, mas se tornariam grandes símbolos da televisão, como Lima Duarte, Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Mazzaropi, e foi comandado por Homero Silva.

A TV brasileira já começou com muita variedade de programação porque importava os sucessos do rádio. O primeiro humorístico estreou em 20 de setembro de 1950: “Rancho Alegre”, que levava Mazzaroppi para a telinha. Paulista e descendente de italiano, Amácio Mazzaropi foi o grande nome do humor na TV na década de 1950 e só deixou seu programa para se dedicar ao cinema, em 1954.

O noticiário tem espaço na televisão

No dia seguinte à inauguração da televisão, o primeiro telejornal brasileiro “Imagens do dia” entra no ar. Nele eram narrados os acontecimentos do dia com uma logomarca e narrações como off para imagens.

Mas o gênero só ganhou o público e muitos pontos de audiência com a estreia do “Repórter Esso”, já famoso no Rádio. Ele foi ao ar na Tupi de 1952 até 1970, apresentado pelos fenômenos do rádio: Kalil Filho e Gontijo Teodoro. Sem tecnologia que permitisse integrar o sinal entre os estados, os jornais eram regionais e cada cidade tinha sua própria edição do “Repórter Esso”.

Apresentador Gontijo Teodoro -Repórter Esso. Foto: reprodução/ web

A concorrência chega a TV

Dois anos comandando a transmissão televisiva, a TV Tupi ganha uma concorrente em 1952 - a TV Paulista. A partir de então, o negócio deslanchou: em 1953, estreou a TV Record; em 1955, a TV Rio; Em 1959, a Excelsior; e em 1965, a TV Globo.

A vez das novelas

Famosas e amadas no rádio, as novelas não demoraram para chegar também à TV. Em 21 de dezembro de 1951, “Sua vida me pertence” inaugurou o gênero que se tornou o principal produto da televisão e paixão nacional.

A trama tinha só 15 capítulos e foi exibida ao vivo, já que ainda não havia recursos de gravação, o famoso videoteipe. Ela ia ao ar duas vezes por semana, às terças e quintas. Escrita, dirigida e protagonizada por Walter Forster, teve no elenco Vida Alves, Lima Duarte e Lia de Aguiar.

A primeira novela diária chega em 1963 com a estréia de “2-5499 ocupado” na TV Excelsior, adaptação de uma história argentina. Tarcísio Meira e Glória Menezes eram o casal apaixonado: ela era uma presidiária que, apenas pelo telefone, fazia o galã se apaixonar.

O elenco enxuto, formado por nove atores, e a história simples já foram suficientes para ganhar o Brasil: graças ao videoteipe, a novela foi gravada e enviada para todos os estados com afiliadas da Excelsior. E graças à novela, Tarcísio e Glória se tornaram o casal mais celebrado da televisão.

O primeiro beijo

A atriz Vida Alves é protagonista de duas marcas na história: o primeiro beijo da TV brasileira, na década de 50, e também o primeiro beijo gay, nos anos 60.

Em entrevista ao Portal G1 em 2010, a atriz conta que “foi um beijo marcadinho, sem ensaio e profundamente técnico. Eu e Walter combinamos a postura, ele pediu autorização para a direção e, eu, para meu marido. Foi um verdadeiro escândalo para a época”.

O pudor era tão grande que o fotógrafo da Tupi não registrou o momento, porque achava que não seria publicado em lugar algum.

Vida também foi pioneira do beijo entre duas mulheres. No teleteatro "A calúnia", a atriz beijou a personagem de Georgia Gomide, em 1964.

O fato repercutiu na sociedade, mas não chegou a gerar revolta. As pessoas diziam que a TV "estava ficando mais extravagante", contou Alves, mas a vida seguiu.

A televisão é das mulheres

A TV ainda foi dominada pelos homens durante os primeiros cinco anos, até que Hebe Camargo chegou e deixou as coisas mais equilibradas. Ao lado de Vida Alves e Wilma Bentivegna, Hebe comandou a primeira atração voltada especialmente para o público feminino, o programa "O mundo é das mulheres", na TV Paulista.

Na atração, as apresentadoras entrevistavam personalidades em evidência, de políticos a artistas, e eram livres para falar sobre o que quisessem.

Foi o programa que consagrou Hebe como apresentadora. Presente na TV desde seus primeiros dias, ela fazia participações musicais em várias atrações. Foi só em 1966 que ela ganhou um programa próprio, aos domingos, na TV Record e se tornou líder de audiência.

O universo colorido na TV

Foram necessários 20 anos até que a televisão finalmente pudesse ser transmitida ao vivo e a cores na casa dos brasileiros.

A virada para a década de 1970 marcou também os primeiros testes para transmitir imagens coloridas. A primeira tentativa bem-sucedida ocorreu em 19 de fevereiro de 1972, quando os espectadores assistiram a cobertura da Festa da Uva em Caxias do Sul. A escolha da uva não foi fruto do acaso: a festa era um evento importante no calendário turístico brasileiro e recebia os presidentes em sua abertura.

A corrida pela cor na televisão brasileira era resultado da modernização tecnológica, mas também da pressão dos militares no governo. Após passar no teste, a TV a cores foi inaugurada oficialmente em 31 de março daquele ano, com um pronunciamento do Ministro das Comunicações.

Mas o que mais fez sucesso a cores foi mesmo a primeira telenovela colorida a ir ao ar: “O bem-amado”, em 1973, pela Globo. A novidade gerou um rebuliço entre a equipe técnica, que ainda se adaptava aos novos equipamentos e à nova linguagem. Segundo dados do “Memória Globo”, algumas cenas precisaram ser repetidas muitas vezes porque as cores saturavam e as luzes estouravam.

A TV na atualidade

No século 21, a TV brasileira possui dezenas de canais por assinatura, sinal digital (cuja transmissão foi iniciada em 2 de dezembro de 2007) e a possibilidade de convergência com outras mídias, como celulares e computadores. Isso irá permitir uma maior interação com o público e, aos poucos, mudar a maneira como assistimos as programações na telinha.

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