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Freddie Mercury inflamava multidão com apresentações catárticas e ensandecidas

Freddie Mercury está sem camiseta, mãos agarradas ao microfone e voz esgoelando o refrão da música “Love Of My Life”. Sentado numa cadeira, com violão posicionado sobre a perna, mão esquerda desenhando acordes no braço do instrumento e a direita marcando o ritmo, o guitarrista Brian May costura o canto de Mercury numa delicadeza harmônica que leva o público ao êxtase no Rock In Rio de 1985. “Love of my life, you´ve hurt me”, ou algo como “amor da minha vida, você me machucou”.

Foi uma explosão de sentimentos, sensações e emoções provocadas pela música certa tocando para uma multidão ensandecida. Mercury comandava o espetáculo como se estivesse à frente de um orquestra de músicos fodas. Além do hino “Love Of My Life”, lançado no disco “A Night At The Opera” (1975), o público também viu diante dos seus olhos o Queen e seu enigmático vocalista executar o clássico “Bohemian Rhapsody”, do mesmo LP. Era uma simbiose entre piano, guitarra, baixo, voz, uau, que beleza!

Há 30 anos, o mundo se despedia de um dos seus maiores talentos musicais. Com 45 anos, Mercury, que também era vocalista, pianista e principal letrista e compositor do Queen, morria em decorrência de complicações provocadas pelo vírus HIV, numa época em que a mais eficaz droga contra a Aids ainda era o AZT e os coquetéis antirretrovirais não haviam sido descobertos. Além falar, óbvio, no preconceito contra soropositivos – no Brasil, por exemplo, a revista Veja chegara a dedicar uma capa com o título “Cazuza – Uma Vítima da Aids agoniza em praça pública”, em 1989.

No caso de Mercury, os boatos encontraram nas bíblias sensacionalistas inglesas, como o jornal The Sun e sua metralhadora de delírios, um instrumento para alimentar fofocas de que o líder do Queen estaria de fato com aids. Ao longo de todo o ano de 91, já se noticiava que ele era portador do HIV, mas o astro optou por declarar oficialmente que era aidético apenas um dia antes de morrer. Os sinais, no entanto, não davam margens a dúvidas: desde 86, a banda da qual era o front man não saia em turnê. Nas raras vezes em que aparecia em público, estava magro, maquiado ou fantasiado, como nos clipes para divulgar o disco “Innuendo”, de 91.

Nascido em Zanzibar, hoje Tanzânia, no dia 5 de setembro de 1946, Mercury, batizado como Farrokh Bulsara, nunca jogou a toalha. Nos últimos anos de vida, mudou-se, junto dos membros do Queen, para a cidade de Montreaux, na Suíça, então pacata e sossegada. “Freddie dizia, eu posso ir hoje por algumas horas. E nós aproveitávamos para tirar o melhor dele. Ele dizia, escrevam qualquer coisa, que eu canto”, recordou-se o guitarrista Brian May, em depoimento que pode ser visto no documentário “Champions Of The World, finalizado quatro anos após a morte do cantor.

Mercury esteve sob os holofotes por duas décadas. Com a benção das experimentações sonoras feitas pelo guitarrista norte-americano Jimi Hendrix no LP “Eletric Ladyland”, disco lançado em 1968, cujos solos representavam o horror da Guerra do Vietnã, o vocalista e May decidiram montar uma banda. A eles, juntaram-se – em seguida – os músicos Roger Taylor, nas baquetas, e John Deacon, nas quatro cordas. Pronto, o coração do Queen começava a pulsar a nota de um rock cheio de nuances e belezas.

Desde que resolveram formar uma banda em 71, com a cheia feita pelo som de Hendrix,´´´´ Mercury, May, Taylor e Deacon deixaram a crítica musical boquiaberta, ao proporcionar uma experiência sonora diferente de tudo o que era feito na cena do rock progressivo de então, como ao utilizar harpa na gravação de estúdio da faixa “Love My Life”, além de vocais sobrepostos em “Somebody To Love” ou um trecho de ópera em “Bohemian Rhapsody: era uma originalidade gostosa, prazerosa. Os hits foram explodindo até virarem um estouro de proporções globais, o que ocorreu com “We Are The Champions” e “We Will Rock You”, ambos lançados em 77, auge da banda.

Na década de 80, o grupo percebeu que o rock ´n´ roll não estava mais com nada e resolveu se aventurar pela disco music – os Rolling Stones, anos antes, em 78, com “Some Girls”, flertaram com esse gênero na faixa que abre o disco, o clássico “Miss You” – e, especialmente, no lucrativo universo do pop, com sucessos como “I Want To Break Free” e A Kind Of Magic”. Versátil, o Queen fez ainda trilhas sonoras para filmes, como “Flash Gordon”, de 1980, e “Highlander”, lançado seis anos depois.

Durante seus anos áureos, a banda se apresentou no Brasil com dois shows no estádio do Morumbi, em São Paulo, em março de 1981. Os fãs goianos, porém, poderão reviver momentos embalados pelo som de Mercury, May e companhia no Teatro Rio Vermelho, nesta sexta-feira, 26, com o espetáculo “Queen Celebration In Concert”, cujos ingressos vão de R$ 90 a R$ 220. O show será executado por músicos locais. É, todavia, uma ótima pedida. Lá se vão três décadas sem a voz de Freddie Mercury. (Com informações da Agência Brasil)

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Freddie Mercury inflamava multidão com apresentações catárticas e ensandecidas

Especial em homenagem ao cantor Freddie Mercury produzido pela Rádio EBC

Redação: Beatriz Evaristo

Sonoplastia: José Maria Pardal

Apresentação: Rimack Souto

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