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Artista plástico Vilmondes abre exposição individual com mais de 100 obras produzidas durante a pandemia

A pandemia foi a pausa que faltava para o artista plástico e empresário Vilmondes, de 70 anos, tornar realidade a exposição “Delitos”, que será aberta ao público nesta quinta-feira (16), às 9 horas, em um espaço anexo ao Buena Vista Shopping, com acesso pelo estacionamento G1. Durante seis meses, desde que a quarentena começou, em março de 2020, ele produziu quase todas as 110 telas que serão exibidas na individual, que fica em cartaz para visitação com entrada franca durante três meses, todos os dias, das 9 às 21 horas.

A produção foi toda doada para o Instituto Estimularte, criado em 2021 pelo artista. A curadoria é assinada pelo crítico de arte Antônio da Mata, diretor do Museu de Arte de Goiânia (MAG). Os quadros, produzidos em acrílica sobre tela, são de variados tamanhos, todos inéditos, e foram produzidos especialmente para a mostra, que traz um conceito inédito em Goiânia. Depois do passeio pelo espaço expositivo, numa área de mais de 500 metros quadrados, o público vai poder votar nos trabalhos favoritos em totens montados no local. Ao final da exposição, serão sorteadas três telas para os visitantes.

Vilmondes namora com as artes visuais há muito tempo, mas apenas recentemente se dedicou à pintura. Quando passou a produzir com mais frequência em 2020, o desejo da exposição surgiu com naturalidade. O nome já estava escolhido desde o início do projeto. Amigo de Siron Franco há mais de 30 anos, ele conta que sempre que se encontravam o artista perguntava se ele estava pintando. “De vez em quando eu cometo uns ‘delitos’ nas artes”, dizia. Usar o termo num tom de brincadeira foi, então, uma opção espontânea para ele.

Os "delitos" de Vilmondes não trazem um tema exclusivo. De paisagens urbanas a abstrações geométricas, suas obras são um reflexo da influência artística que teve ao longo dos anos. A beleza da natureza, como os ipês floridos, a destruição do meio ambiente, a ciência, festas populares, como o carnaval, e religiosidade são temas frequentes na sua produção. Na exposição, ele também presta uma homenagem com um painel-tributo a 12 artistas goianos que fizeram parte da sua construção visual, como DJ Oliveira, Cleber Gouvêa, Amaury Menezes, Antonio Poteiro, Siron Franco e Ana Maria Pacheco.

“A intenção surge transparente na sua pintura, resultado de um esforço sem pretexto na busca pela estabilidade da composição, configurando o empenho de transpor para a tela técnicas pictóricas específicas, bem como a escolha altamente consciente da temática, seja ela qual for, associada a um controle extremamente estrito dos desenvolvimentos da obra. A sua trajetória prossegue lembrando de maneira mais sumária as diferentes fases da sua vida”, avalia o curador da mostra, Antônio da Mata.

Além das obras criadas durante o isolamento social pela pandemia da Covid-19, a exposição “Delitos” contempla alguns quadros de outros anos, quando Vilmondes pintava com menos regularidade. Em comum com as produções atuais, a importante conexão com a atualidade. “Essas figurações são obra de alguém que tem a coragem de mergulhar nas ondas do presente. Alguém que se atenta ao tempo e à linguagem deste tempo. A sua arte faz barulho. Um barulho bom”, disse o crítico de arte e galerista Marcos Caiado sobre alguns trabalhos do artista que trazem elementos do grafite e serão exibidos na exposição.

Carreira

Natural de Araguari-MG, Vilmondes mudou-se com a família para Goiânia com 12 anos. Já nesse período, a arte era muito presente no seu dia a dia, quando se destacava com seus desenhos na escola. Depois, entre estudos e trabalho, o ofício artístico tornou-se admiração. Na juventude, visitar museus e galerias era um passatempo quase diário. Lá pelos idos dos anos 70, empresário consolidado, resolveu arriscar a transportar para a tela sua sensibilidade e habilidade com o pincel e as tintas. As criações eram pontuais. Agora, a sazonalidade deu espaço à frequência, e Vilmondes então coloca o artista como prioridade.

“É raro na História da Arte que pessoas ligadas aos negócios, depois de uma trajetória de sucesso, sejam arrebatadas, por inteiro, pelo hipnótico ‘canto da arte’. Vilmondes, meu amigo, é um desses casos. O inspirar humano o fisgou por completo, fazendo com que ele, cercado de muita disciplina e dedicação, se expresse de uma maneira verdadeira, intensa e digna”, escreveu Siron Franco ao falar sobre o trabalho do amigo no catálogo da mostra.

A mesma percepção tem o artista plástico Amaury Menezes, um dos nomes mais importantes da história da arte em Goiás. “Devo confessar o meu antigo preconceito com relação às pessoas com sucesso em outras atividades e se aventuram nas artes plásticas, mas confesso também que felizmente me enganei quando vi o trabalho do Vilmondes. Me impressionei com a sua pintura e principalmente com a sua capacidade de produção, além do arrojo em enfrentar grandes dimensões”, comenta o veterano.

Serviço
Exposição individual: “Delitos”
Abertura: Quinta-feira (16), a partir das 9 horas
Visitação: de 16 de dezembro a 16 de março, todos os dias das 9 às 21 horas, no horário de funcionamento do shopping
Onde: Espaço anexo ao Buena Vista Shopping, com acesso pelo estacionamento G1 (Av. T-4, St. Bueno)
Entrada franca
Mais informações: 98270-0671

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