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Estilo “goianês”: Diversão, cultura e simplicidade

“Ela fala errado pronomes trocados e sem concordância. É nóis fica é nóis vai, é nóis foi é nóis sai, mas não tem importância”. Misturar plural com singular como no trecho da música Moça Caipira de Goiano e Paraense, pode causar alguma estranheza, mas em Goiás, a cultura com os termos e expressões utilizadas no cotidiano é valorizada e mesmo ferindo a língua culta, o estilo “goianês” vem fazendo sucesso.

E já que o goiano valoriza suas raízes e brinca com seu jeito de ser, o idealizador do Enquanto Isso em Goiás, Evandro Duarte, decidiu estampar as melhores frases em canecas com o objetivo de conectá-lo, ainda mais, à sua identidade e cultura.

“A gente brinca na internet, faz nosso vocabulário, faz o nosso dicionário goianês e se diverte falando errado. Tem uma frase que a gente sempre posta que é “nois fala errado porque quer, porque estudado nois é”, então, esse é um jeito de ser, de descontrair e brincar com nossa cultura”, afirma Evandro.

Evandro Duarte, idealizador do Enquanto Isso em Goiás Foto: Divulgação

O empresário do ramo de manutenção e reparo em condomínios, Paulo Guilherme Ilídio Reis, já comprou canecas com frases tipicamente goianas para si e para presentear clientes. O que mais lhe chamou a atenção foi a criatividade. “Tenho muito afeto com a nossa linguagem. A simplicidade é o que mais aprecio em nós”, conta.

Uma pesquisa elaborada pelo Grupo de Estudos Funcionalistas (GEF), da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), revelou diversas variações no ato de comunicar. Expressões como uai, aneim e tem base ressaltam a identidade de quem nasce no Estado. Denominado como “Fala Goiana”, a pesquisa identificou outras marcas goianas, como o uso de expressões quando dé fé, ó a pamonha, entre outras.

Outra fase da pesquisa apontou que 83% dos goianos não utilizam nas falas os pronomes reflexivos, que indicam que o sujeito pratica uma ação verbal sobre si mesmo. Segundo a doutora em linguística na UFG, Déborah Magalhães de Barros, ao estudar a reflexividade na fala goiana, constatou que os pronomes “se”, “me” e “te” deixam de serem usados. Para ela, na tradição do português brasileiro, esses pronomes são considerados como regras variáveis, podendo ser ou não utilizados. “Porém foi muito marcante o contexto em que a pessoa não usou essa marca”, afirma Déborah.

A modelo goiana Lorrayne Ferreira de Paula conta que em alguns trabalhos que fez, as pessoas pediram para ela falar mais “certinho”, mas por ser apaixonada no sotaque e no jeitinho diferente do goiano se comunicar, ela se negou. “Sou assim, falo assim e não fujo das minhas origens. Sinto muito orgulho de ser goiana e desse sotaque simprão de tudo. Na minha opnião, o charme é ser quem a gente é de verdade”, destaca.

Lorrayne Ferreira de Paula, modelo goianaFoto: Arquivo pessoal

Com expressões tipicamente goianas, Caio e Rodolffo arrancaram muitas gargalhadas dos brasileiros no Big Brother Brasil do ano passado. Com as frases “tô cagand* na roupa”, “menino correndo, galho de pau quebrando”, “cunversa comigo”, eles demonstraram um pouquinho do estilo “goianês”. Afinal, não importa se é zói e zuvido, se pra mim faz sentido.

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