Ele acompanha a humanidade há muito tempo. Embala romances, inspira poetas, oferece mais sabores aos pratos e tem ainda o seu lado sagrado – esteve até na Santa Ceia. Também aquece os dias mais frios – como os de agora, em que o calor dá lugar a um clima mais ameno. Nascido há cerca de 8 mil anos na Eurásia, o vinho atravessou séculos e fronteiras. Mas o Brasil, há cerca de 30 anos, ficava para trás na produção da iguaria. Porém, com investimento em estudos e tecnologia, no País e até em Goiás, a produção de vinhos tem deslanchado em qualidade e quantidade.
Pelo menos é que afirma é o sommelier Nasser Najar, formado pela Internacional Sommelier Guild (ISG). Após se frustrar na profissão de jornalista, começou a trabalhar em um grande bar, com diversas opções do precioso líquido em sua adega. Logo, viu que era viável viver do vinho e fez o curso de sommelier. “Como garçom comecei a estudar e me especializar. Tinha um pensamento que era uma bebida esnobe e, hoje, consegui fazer com que meus amigos e família consumam mais a bebida”, diz Nasser, em entrevista ao Diário da Manhã.
Para popularizar ainda mais o consumo do vinho, Nasser criou o perfil no Instagram @somelierdopovo, cuja conta tem mais de 3 mil seguidores. Nas publicações, Nasser dá dicas, fala sobre rótulos e desmistifica a visão de que beber vinho é coisa para rico. Sua próxima investida, que hoje mora no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS) para uma imersão, para democratizar os vinhos, sobretudo, brasileiros está por vir: quando voltar para Goiânia, em Outubro, pretende abrir um bar de vinhos brasileiros de pequeno produtores, com valores que vão a partir de R$ 50 até R$ 500 ou mais.
A ideia, afirma, é aproveitar a boa fase da produção de vinho no Brasil. “Apesar de países como França, Itália, Espanha, Portugal e Alemanha serem os principais produtores de vinho, o Brasil, e outros locais como Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Uruguai, Chile, Estados Unidos e China têm se destacado na produção”, diz.
“O nível do vinho brasileiro atingiu o nível do vinho do Novo Mundo em pouquíssimo tempo” Nasser Najar, sommelier
O bom momento que Nasser Najar aponta à reportagem começou a partir da década de 90. Mas, vale lembrar, a produção de vinho no Brasil existe há quase 500 anos. Tudo começou, segundo o sommelier, com a chegada dos imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul, que, logo, começaram a cultivar uvas, por aqui. “A primeira uva que se tem registro é a cabernet franc”, detalha o especialista, matando a curiosidade em torno da
Ainda segundo o sommelier, no começo, os agricultores vendiam suas uvas para cooperativas e elas que produziam os vinhos. “Nos anos 90, as cooperativas quebraram, com a crise econômica severa e o acordo Mercosul abriu nossas fronteiras para vinhos chilenos, argentinos e uruguaios para chegarem aqui. Assim, os vinhos brasileiros não tinham condições de competir com qualidade. A indústria da viticultura entrou em crise e as cooperativas em falência”, explica ao DM.
Depois disso, veio a retomada. Nasser explica que nesta época as famílias produtoras de uvas começaram a abrir suas próprias vinícolas e, assim, a qualidade e quantidade começaram a melhorarem. Isso porque se as primeiras gerações sabiam plantar, as gerações mais novas investiram em estudo, tornando-se especialistas como enólogos.
“Nesta época houve ainda bastante investimento em tecnologia, insumos de qualidade e vieram safras de altíssima qualidade. O nível do vinho brasileiro atingiu o nível do vinho do Novo Mundo em pouquíssimo tempo”, ressalta Nasser, que também possui graduação em jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Uma técnica mais atual também tem espalhado a produção de uvas para todo o Brasil. O sommelier explica que é a chamada colheita de inverno ou poda dupla, que tirou o cultivo apenas dos trópicos. Assim, é possível cultivar a fruta em todo globo, inclusive a linha do Equador.
A grosso modo, ela se resume a mais uma poda a mais na plantação, para atrasar o clico e depois utiliza-se hormônios para adiantar o crescimento. “Hoje temos vinhos ótimos em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, em estados do Nordeste no Rio de Janeiro, no país inteiro. Então a produção e consumo estão aumentando demais, logo mais o Brasil vai se tornar um País, não apenas na qualidade como no volume”, prevê Nasser, que chegou a assinar durante a coluna Língua de Vinho neste DMRevista, em 2021.
Veja bons locais tomar vinho em Goiânia
Reserva 35 – Rua 1137. N 35. Setor Marista
Bartolomeu Restaurante – Rua 22, 69. St. Oeste
Grupo Piquiras – Flamboyant e no Bougainville
Empório Prime –Avenida Jamel Cecílio nº 3061
Árabe 83 - Avenida 83 nº 205 Setor Sul
Kabanas - Av. Dep, Jamel Cecílio, 3300 Loja AE-P8 - Jardim Goiás
Pobre Juan - Av. Dep. Jamel Cecílio, 3300 - Jardim Goiás
Coco Bambu - Avenida Deputado Jamel Cecílio, 3300 Flamboyant Shopping Center - Jardim Goiás
Saleh Comida Árabe - Av. Pará, 29 - St. Campinas
Conheça bons rótulos para saborear nesta sexta
Espumante
Aurora Pinto Bandeira Extra-Brut
Um dos melhores custo benefício que já encontrei até hoje. Entrega grande sabor, roda aromática grande e produzido em um terroir brasileiro reconhecido internacionalmente. 80$/90$.
Fausto Brut Branco ou Fausto Brut Rosé
Muita leveza e bebabilidade. O branco traz notas de frutas cítricas e coco branco, o rosé é um Tutti-Frutti. 70$.
Casa Valduga RSV
Esta linha variada apresenta mutas possibilidades de para vários gostos. É um clássico de uma das casas brasileiras mais premiadas mundo afora 90$.
Branco:
O paladar do brasileiro gosta de tropicalidade e frescor. Vinhos da casta Chardonnay e Sauvignon Blanc são sucesso. Destaque para o Chardonnay da Pizzato, cremoso e frutado. 90$.
Tintos:
Tintos são os favoritos do goiano, então teremos mais opções
Pizzato Merlot de Merlots
Uum dos melhores custo/benefício do país. Não existe nada igual nesse preço. 11meses de carvalho francês. Para chocar até quem diz não gostar de melhor. Vinho referência no Brasil. 90$
Pizzato Egiodola
Quem gosta de vinho diferente, este entrega notas de tostado, carne crua, infusão de ervas. Vai impressionar qualquer Enófilo.100$
Pizzato Alicante Bouschet
Notas de Couro, cânfora, azeitonas pretas, tostado e frutas negras como framboesas, amoras e ameixa. Potente. Só para paladares exigentes. 100$
Pequenas Partilhas Aurora Cabernet Franc
Um espetáculo completo de fruta e carvalho. Uma homenagem a escola antiga brasileira de viticultura. Bate muito vinho que custa o triplo. 60$
Don Guerino Sinais
Frutado e macio, para todos os paladares. 60$
Valmarino Merlot ou Cabernet Sauvignon
Uma das melhores vinícolas brasileiras, vinhos que às cegas vence grandes ícones. 70$