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Exposição virtual revela importância da cultura das mulheres Inỹ Karajá

A Primavera dos Museus de 2022 chega com uma exposição digital sobre os vestires das mulheres In Karajá que exibe, a partir desta segunda-feira, 19, a cultura de 4 mil pessoas que vivem em 27 aldeias às margens do Rio Araguaia.

O projeto, que é uma ação de extensão universitária da Universidade Federal de Goiás (UFG), reúne uma equipe diversificada e pessoas indígenas e não indígenas que visa levar ao público um conhecimento mais aprofundado da produção e da riqueza desta população.

A produção das aldeias reúne técnicas de construção de casas, produção de cestarias, adornos, plumárias, vestimentas e as bonecas 'ritxòkò', patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A curadora do projeto, Indyanelle Marçal, afirma que a exposição tem como objetivo "contribuir para a produção da história do vestir no Brasil, valorizando a cultura Inỹ karajá, a partir dos vestires femininos".

Segundo Indyanelle, o formato digital foi escolhido como forma de ampliar o público, já que muitos não podem ir aos museus físicos, que em sua maioria ficam na região central da capital.

"Acreditamos que isso seria uma facilidade para o próprio povo Inỹ Karajá, que poderão conhecer a exposição, sem o deslocamento desde as aldeias, por meio de seus celulares", afirma.

A curadora explica que a exposição tem uma grande importância, como a pesquisa de temas que envolvem povos que tiveram aspectos de seu desenvolvimento prejudicados pela desigualdade social e são historicamente marginalizados, o que vai na contramão da "história hegemônica dos colonizadores".

"Essa exposição, por exemplo, promove e reforça o (re)conhecimento acerca da existência das histórias plurais do vestir no Brasil. É possível perceber a impressionante e infinita riqueza vestimentar do povo Inỹ Karajá, e que se difere de outros povos originários, afinal são mais de 305 etnias diferentes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2010. Cada povo possui uma forma particular de vestir o corpo", explica.

Indyanelle conta que durante o processo de criação da exposição, as curadoras indígenas, reforçavam a importância das próprias indígenas Inỹ Karajá conhecerem a forma tradicional de se vestirem.

Interatividade

O projeto, além de valorizar a cultura de diferentes povos, acertou em cheio na inclusão de métodos para que o público deficiente visual e cego possa interagir a partir de relatos gravados em áudio sobre o saber-fazer dos objetos e seu contexto de uso. Além disso, a museóloga Bárbara Freire desenvolveu jogos no site, como caça-palavras e o jogo da memória.

"A designer de moda Vitória Avelar criou ilustrações de corpos de diferentes faixas etárias, com seus respectivos adornos indígenas para que sejam impressos e as pessoas brinquem de vesti-los, podendo ser usado como material didático nas escolas", destacou Indyanelle.

O projeto traz essa interatividade na intenção de que o público infantil já comece a aprender sobre diferentes culturas por meio do lúdico, e a partir disso desenvolva mais conhecimento acerca da riqueza cultural do país. A Primavera dos Museus tem se mostrado cada vez mais inclusiva e interativa.

Processo de ciração e equipe

Foto: Divulgação

A equipe responsável pela exposição virtual contou com 19 pessoas. As indígenas Waxiaki Karajá e Tuinaki Koixaru Karajá foram as curadoras responsáveis por selecionar os adornos femininos representativos do povo Inỹ Karajá, pertencentes ao acervo do Museu Goiano Professor Zoroastro Artiaga.

A tradução do texto da exposição inỹrybè ficou sob o comando de Sinvaldo Oliveira (Wahuka), e a língua portuguesa foi revisada por Mariana Brito.

A identidade visual do site ficou sob os cuidados de Bel Lavratti, a direção por Bárbara Freire, coordenação por Indyanelle Marçal e a professora associada da UFG, Rita Morais de Andrade.

A exposição é intitulada como Ixitkydkỹ: um olhar sobre os vestires tradicionais das mulheres Inỹ Karajá, o acesso é livre a partir de segunda-feira, 19, por meio do site www.vestiresmulheresinykaraja.com.

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